Os magos dos vinhos verdes

Vindimas na Quinta de Soalheiro. (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)
Vinhos modernos, caminhos arrojados, criadores que inovam, tanto na técnica como na alquimia que conseguem imprimir em vinhos surpreendentes. Falamos da Região dos Vinhos Verdes que nada deve à modernidade apesar de ser ainda, à conta de lugares comuns e ideias feitas, conotada com vinhos menos sofisticados. Das várias formas que a poderíamos conhecer, seguimos a rota dos criadores, revelando sete dos seus “magos” - aqueles que se destacaram pela inovação e pela capacidade de vislumbrar o que podia ser feito.

O tempo vai definindo os contornos e o reticulado fino do pequeno-grande reduto dos Vinhos Verdes e seus grandes autores. Nós não somos donos do tempo nem do talento, mas somos espectadores atentos do que a variada e bem povoada plêiade de obreiros que aturada e sustentadamente têm dado nova forma a essa grande região vinícola. Numa escolha necessariamente injusta e por definição incompleta, seguimos o trilho da inovação que está por detrás dos escaparates vínicos, talvez não nos apercebamos de como cresceu, em quantidade e qualidade.

A começar pelo presidente da Comissão Vitivinícola da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Manuel Pinheiro, que tem conseguido congregar e agregar entre si atividades tão díspares quanto adegas cooperativas, grandes empresas, pequenos produtores e sensibilidades diversas, num exercício notável de liderança. Passando pelo cada vez mais valioso património vitícola, que hoje oferece das viagens mais belas pelos vinhedos e caminhos que as vinhas rasgam e enriquecem. E terminando no saber e querer fazer de produtores, enólogos e técnicos que a região dos Vinhos Verdes conquistou.

Decidimos nesta edição olhar para o património humano notável dos que meteram mãos à obra aplicando-se até à exaustão na transformação da região, criando nichos de verdadeiro luxo com as suas ideias, projetos e vontades. Sete grandes líderes e criadores de vontade indómita, cujo arsenal técnico profundo lhes permite, quanto a nós, criar e reinventar a tradição. São todos diferentes e são todos magos da inovação. Anselmo Mendes é um dos grandes expoentes dos Vinhos Verdes e praticamente criou toda uma nova escola de pensamento na região. Grande parte dos novos talentos passou pelas suas mãos, trabalhando ao seu lado primeiro, crescendo e autonomizando-se depois.

Entre esses notáveis estão Márcio Lopes, a quem internamente chamámos descobridor de terroirs e que responde por minúsculas peças de território com vinhas velhas e diversas outras peculiaridades; e Constantino Ramos, que no inteiramente simples consegue vislumbrar o inteiramente novo. O experiente José Domingues “disparou” em três direções diferentes e em todas elas marcou pela diferença, com um espumante de Alvarinho notável, um vinho tranquilo de grande talante e da mesma casta, e um fabuloso Loureiro. António Braga, um dos mais notáveis “jovens enólogos” da atualidade, chegou ao peito as novas funções que a Sogrape lhe atribuiu e fez muito bem, além de biónico é telúrico em todo o que faz e em que se aplica; um génio de quem podemos esperar o melhor.

Vasco Croft, que tranquilamente e sem que déssemos por isso ergueu um edifício notável sobre os postulados da biodinâmica e da intervenção minimalista, chamando dois dos melhores enólogos do país para trabalhar consigo. E claro que tínhamos de bater ao ferrolho de Luís Cerdeira, o homem que colocou modernidade e tradição na sua bandeira e que tem literalmente evangelizado o Mundo em nome dos Vinhos Verdes. Todos magos. Todos nossos.

Saber mais sobre os enólogos:

 

 

 

 




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend