Vasco Croft, regresso à essência do vinho

Vasco Croft é o criador dos vinhos biodinâmicos Aphros. (Fotografia: José Carmo/GI)
Vasco já teve várias vidas: formou-se em arquitetura, foi designer de mobiliário, estudou pedagogia e agora é vinhateiro, numa eterna busca filosófica que fez nascer o Aphros. Promotor dos vinhos biodinâmicos, é movido pela ideia de que o vinho é a relação entre o Homem, a vinha e o meio vivo onde tudo acontece.

Lisboeta de berço e minhoto de coração, sempre teve uma inclinação para a metafísica e chegou a pensar em ser astrólogo. Escolheu formar-se arquiteto, mas desde que se lembra tem estado numa incessante busca existencial, para a qual, ainda na sua juventude, encontrou a resposta mais satisfatória na visão da antroposofia de Rudolf Steiner, o pai da pedagogia Waldorf e da agricultura biodinâmica. Foi quando decidiu aprofundar os seus estudos em Inglaterra, nos anos 90, que tomou contacto com a biodinâmica, e anos mais tarde viria adotá-la na Quinta do Casal do Paço Padreiro, uma propriedade de família em Arcos de Valdevez, onde criou o projeto Aphros, em 2004.

Um outro momento da sua vida foi crucial para se tornar produtor de vinhos, quando encontrou um amigo, monge budista, num restaurante em Lisboa. “Ele disse que queria partilhar comigo uma experiência que mudou a vida dele e essa experiência era o vinho. À medida que íamos experimentando foi fazendo um discurso budista sobre a essência humana e espiritual do vinho, e isso para mim foi um momento de abertura”, conta.

Vasco Croft (Fotografia: José Carmo/GI)

 

Quando criou o Aphros, tinha duas motivações: revitalizar a quinta, onde passava férias desde pequeno, e experienciar o mundo do vinho do ponto de vista de quem o produz. “Fazer vinho foi uma oportunidade de viver todo o processo que é anterior à degustação, mergulhar dentro da aventura que está antes”, realça. E o que foi pensado como um hobby que o obrigasse a ir mais vezes ao Minho acabou por se transformar na sua nova casa.

A procura de Vasco pela origem do vinho levou-o a interessar-se pela mitologia grega, de onde tirou inspiração para o nome do projeto. “A certa altura, o vinho tornou-se num produto massificado, que levou a uma dissociação entre o homem e a Natureza. Agora há todo este movimento dos vinhos biológicos, biodinâmicos e naturais em que volta a ser importante o agricultor, que conhece a sua vinha e que trata do seu ecossistema. O vinho é esta relação de osmose entre o Homem, a vinha e o meio vivo onde ela está”, diz o produtor. Vasco aproveitou a construção da nova adega, em 2014, para transformar a antiga numa espécie de cave experimental, livre de tecnologia, onde faz vinhos “radicalmente artesanais”. Mais um passo no seu caminho de regresso à essência do vinho.

Equipa da enologia
Desde há quatro anos, a equipa de enologia com que Vasco conta para criar os vinhos Aphros é composta por Miguel Viseu, como enólogo residente, e Tiago Sampaio como consultor




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