“A família da minha avó paterna era produtora de vinho e azeite em Trás-os-Montes e esses produtos faziam parte da nossa cultura familiar”, conta António Braga, que cedo percebeu que queria uma vida ligada ao campo. Estudou no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa e quando estava no terceiro ano, em 2002, fez um estágio de três meses na Califórnia e aí, lembra, “ficou claro o caminho profissional que queria seguir. A grande decisão estava tomada”.
Iniciou-se como enólogo na Carm e quando a Sogrape estava a contratar um enólogo, concorreu. Foi trabalhar com Luís Sottomayor, enólogo principal dos vinhos do Douro da Sogrape. Durante 10 anos fez vindimas naquele vale e pelo mundo. “A Sogrape estava a internacionalizar-se e eu fui para a Argentina, o Chile, a Nova Zelândia. Foram anos de muito conhecimento”, recorda.
Depois de fazer formação na área da gestão, a empresa propôs-lhe novas funções e foi aí que se ligou à região dos Vinhos Verdes, sendo agora o responsável por ela. “Já há muito que temos lá presença. Começou com o Gazela, um vinho descomprometido, mas importante por ser um verde clássico, com um bocadinho de açúcar residual natural e um pouco de gás carbónico”, diz. Mas a região “tem potencialidade para fazer coisas diferentes, longe deste perfil, e que podem exprimir um pouco mais o que é o lugar”.
E foi isso que fez na gama de vinhos que redesenhou da Quinta de Azevedo, lançados o ano passado, trabalhando as castas alvarinho e loureiro: “são mais gastronómicos, complexos, com capacidade de evolução”. A região dos Verdes “vai de Amarante à fronteira com Espanha e desde o Atlântico até ao princípio do Douro, Mesão Frio. Assim, a diversidade de solos, de terrenos, de exposições solares e altitudes faz com que seja “uma enorme despensa para cozinhar”. O grande desafio é, acredita, “mostrar de forma consistente diferentes perfis para o consumidor considerar cada vez mais estes vinhos como uma opção”.