Na antiga estação ferroviária de Montemor-o Novo, desativada em 1989, os irmãos António e Serafim Melgão instalaram uma fábrica de chocolate que quase podia ser cenário de uma versão do filme com Johnny Depp. Aqui, António é o protagonista e acumula 20 anos de experiência com chocolate, desde que abriu uma pastelaria na cidade, numa altura em que “fazer chocolate no Alentejo era uma ideia arriscada por ser uma região muito quente”, diz o mestre à “Evasões”.
De início, produzia apenas bombons transformando chocolate. Desafio superado, investigou, viajou e tirou cursos com chefs de cozinha e pastelaria até montar a estrutura que tem hoje e com a qual produz chocolates de elevada qualidade a partir de cacaus “raros e finos de aroma”. A matéria-prima é comprada a cooperativas de pequenos produtores do Peru, Nicarágua e São Tomé, cujas plantações António faz questão de visitar, de forma a certificar-se das condições daqueles trabalhadores.
A magia acontece ao longo das secções da fábrica e chega ao consumidor na forma de tabletes, diferentes do que é vendido aos profissionais (chefs de pastelaria, entre outros). “O que define um bom cacau é a variedade, mas também o produtor: enquanto na América Central, do Sul e na Indonésia são mais comuns os pequenos produtores, em África e no Brasil são latifundiários. Aí pode não estar em causa a qualidade, mas sim algumas caraterísticas de sabor”.
“Não tivemos receio de sermos portugueses nem de estarmos no Alentejo. Acreditamos que podemos ser tão bons quanto os franceses e os belgas”, afirma António Melgão. Para sensibilizar o público para o que é um bom chocolate e revelar a essência da alquimia da produção, os irmãos criaram uma mini-fábrica no antigo armazém de carga da estação, onde se pode assistir desde a torrefação dos grãos de cacau à moldagem, e provar o chocolate à saída.
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