Lousã: passear entre casas brasonadas e aldeias de xisto

É uma terra tranquila e formosa, que seduz tanto pelas aldeias de xisto, na serra, como pelas casas brasonadas do centro da vila. Os verdes e azuis da natureza combinam-se com as cores quentes da hospitalidade e da boa mesa. Pelo meio, há desporto e arte.

A Lousã é conhecida pelas suas Aldeias do Xisto. Porém, no centro histórico da vila, o que prende o olho são as casas brasonadas, algumas do século XVIII, mais ou menos contemporâneas de um outro edifício, também com brasão, bem mais imponente. O antigo Palácio da Viscondessa do Espinhal é agora o Palácio da Lousã, um boutique hotel de quatro estrelas com ambiente cuidado, porém despretensioso.

A sala de jantar destaca-se pelos seus frescos e estética de época, que faz recuar ao tempo das invasões francesas. Diz-se que, em março de 1811, foi ali servido jantar a um general francês que o abandonou, apressado, ao saber da derrota das suas tropas em Foz de Arouce, a menos de 10 quilómetros; e que esse jantar foi terminado por Arthur Wellesley, comandante das tropas anglo-lusas e futuro Duque de Wellington, que fez do palácio quartel-general.

A Viscondessa serve pratos assentes na cozinha tradicional da região, com um toque de autor, usando produtos locais

Hoje, o restaurante do hotel, A Viscondessa, serve pratos assentes na cozinha tradicional da região, com um toque de autor, usando produtos locais, como mel da serra da Lousã DOP. Na carta há outra riqueza da terra: o vinho Quinta de Foz de Arouce, que vai bem com a cozinha da Lousã, ancorada na chanfana, no serrabulho ou no cabrito, embora haja mais a provar, além da tradição. É essa a aposta do restaurante Q.B. Restobar, onde os irmãos Joana e João Bacalhau servem hambúrgueres artesanais de vaca, frango, bacalhau ou veggie, bem como petiscos e tábuas, em jeito descontraído, usando como individuais folhas de caderno.

Digno de nota, no centro histórico, é ainda o Museu Municipal Professor Álvaro Viana de Lemos. É aí que se começa a preparar a subida à serra, porque acolhe, além de exposições, o centro de acolhimento das Aldeias do Xisto. Das 27 que formam a rede, cinco estão no concelho da Lousã.

Uma delas é a Cerdeira, que vira galeria a céu aberto com o encontro de artes Elementos À Solta, em junho, e tem residências artísticas e oficinas todo o ano, no âmbito do projeto Cerdeira Village. A criatividade estende-se ao alojamento: há oito casas de xisto recuperadas, com o toque único de artistas e todas as comodidades, exceto televisão e internet, inimigas da conversa.

Espaço de conforto e convívio é o restaurante Sabores da Aldeia, no Candal. É uma espécie de casa da avó onde quem cozinha são Mário Meira e Ana Pinto.

 

Espaço de conforto e convívio é também o restaurante Sabores da Aldeia, no Candal, aldeia vizinha da Cerdeira. É uma espécie de casa da avó onde quem cozinha são Mário Meira e Ana Pinto. O cabrito com batatas, castanhas e bróculos e as pataniscas com arroz de tomate e pimenta vão para a mesa sem cerimónias e com todo o sabor. À entrada, sente-se o aroma dos cozinhados, e no pátio traseiro há outra delícia: o som da água a correr.

Tranquilidade não falta ao território, e a zona do castelo de Arouce, da Ermida de Nossa Senhora da Piedade e da piscina fluvial é só mais uma punhado de exemplos da sua beleza paisagística. Vai-se parando para apreciar a vista, agora com a ajuda do projeto Isto é Lousã, que valoriza espaços naturais dotando-os de estruturas simples. O baloiço no Trevim, o ponto mais alto da serra, e as letras gigantes que compõem a palavra Lousã, na aldeia de xisto do Chiqueiro, são convites à contemplação, e ficam mesmo bem nas fotografias partilhadas nas redes sociais. Mas só depois de gozar o momento. Aproveitar o tempo também é Lousã.

 


Na aldeia, entre ovelhas e motos

Flores e ovelhas conjugam-se com motos no Quintal de Além do Ribeiro, uma casa setecentista com quartos e suites decorados em estilo rústico. Aos 17 anos, esta casa de turismo rural de Ceira dos Vales, a cinco quilómetros da vila, reinventa-se: tem agora uma escola de trial, modalidade de duas rodas em que se percorre zonas e obstáculos, sem pôr os pés no chão e sem velocidade, controlando o veículo «como se fosse uma luva» – explicação de Filipe Paiva, piloto da seleção nacional de trial e fundador da Trialmotor, que tem naquelas aulas, para crianças e adultos, uma das ramificações. Por marcação, também há visitas guiadas à serra em moto de trial.

 

Levar a Lousã para casa

Uma forma de matar saudades da Lousã no regresso a casa é comprar produtos da região. Na Coisas e Lousas, no centro da vila, os produtos endógenos e gourmet surgem aliados ao artesanato tradicional e urbano, com as almofadas em forma de mocho a fazer furor. Também há peças de artesãos na Loja Aldeias do Xisto, no Candal, assim como o talasnico, um bolo criado na aldeia do Talasnal. Caraterístico da Lousã é ainda o vinho Quinta de Foz de Arouce. A quinta onde é produzido, parte do grupo João Portugal Ramos, só pode ser visitada por marcação, mas para aceder aos premiados vinhos da casa – dois tintos e um branco – basta parar na loja da quinta, à beira da estrada.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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