Éfe-Érre-Á: um mergulho na vida estudantil de Coimbra

A recriação de uma sala de aula, com peças originais. (Fotografia de Maria João Gala/GI)
Quem tem memórias dos tempos de estudante na mais antiga universidade portuguesa pode avivá-las; quem lá não passou pode entender melhor por que são tão valorizadas. Eis a exposição “Éfe-Érre-Á - Momentos da Vida Académica”.

A Universidade de Coimbra é a mais antiga do país e uma das mais antigas do Mundo: comemorou 734 anos no dia 1 de março. Pretexto ideal para conhecer a exposição “Éfe-Érre-Á – Momentos da Vida Académica”, instalada no Colégio de Jesus, que é parte do Museu da Ciência, e acolhe também o Gabinete de Curiosidades. Inaugurada no ano passado, em 4 de abril, Dia do Antigo Estudante de Coimbra, aquela mostra permite aos visitantes reviver as suas memórias estudantis ou, caso não as tenham, perceber por que são tão valorizadas, explica Paulo Trincão, diretor do Museu da Ciência e do Exploratório – Centro Ciência Viva. Parte do nome deve-se, aliás, ao “grito de saudação e júbilo” “Éfe-érre-á” (ou F-R-A, acrónimo de Frente Revolucionária Académica).

A sala dos troféus desportivos.
(Fotografia de Maria João Gala/GI)

Reprodução do ambiente de uma república estudantil.
(Fotografia de Maria João Gala/GI)

“Toda a exposição está baseada na passagem de símbolos, de referências, no avivar de memórias”, afirma Paulo Trincão. Mas também “está feita para que quem não sabe nada de Coimbra possa sentir um bocadinho dela”. Há quatro salas, duas das quais divididas ao meio por um sistema de vitrines-espelho. Logo à entrada, vemos uma reprodução da Torre da Universidade, com uma antiga “Cabra”, ou seja, um dos seus sinos originais. Academia e cidade cruzam-se nessa primeira sala, que dá conta de uma tradição dos estudantes de Direito: pontapear o azulejo da Raposa Jurídica, para ter sorte nos exames. A partir daí, segue-se pela porta da Universidade ou pela porta da cidade, que abordam diversos momentos da vida na academia, até desembocarem numa sala dedicada à música (ler abaixo).

“Há todo um simbolismo em viver em Coimbra, toda uma vivência de crescimento académico, social e político.”

“As pessoas emocionam-se, aqui. Revivem a juventude. O que desperta o sentimento são pormenores como uma lapiseira, uma sebenta, uma fotografia”, diz Paulo Trincão. Existem, inclusive, “pessoas que têm saudades de Coimbra e nunca cá viveram; há todo um simbolismo em viver em Coimbra, toda uma vivência de crescimento académico, social e político”. Procurou-se despertar memórias, mas de forma moderna, dinâmica, fazendo uso de alguma tecnologia, sem ser “saudosista”, conclui a mesma fonte, numa visita àquela exposição do Museu Académico da Universidade, criada com base num projeto vencedor do orçamento participativo da Câmara Municipal, em 2020.



Três fases da visita:
#1 – A porta da Universidade

Entrando pela porta da Universidade, encontramos a recriação de uma sala de aula e várias peças originais ligadas ao ensino, algumas delas doadas. E também a sala dos troféus da Associação Académica de Coimbra (AAC), com destaque para a primeira Taça de Portugal de Futebol conquistada, em 1939.

A Taça de Portugal.
(Fotografia de Maria João Gala/GI)


#2 – A porta da cidade

A porta da cidade conduz a uma república estudantil imaginária, mas com algumas peças genuínas, como decretos, uma ementa ou uma mecha de cabelo de um caloiro. A Queima das Fitas, claro, surge representada, com recurso a imagens e sons da festa, e uma reprodução do carro alegórico vencedor do cortejo de 2022.

Recriação do carro vencedor do cortejo de 2022.
(Fotografia de Maria João Gala/GI)


#3 – A sala da música

Universidade e cidade fundem-se na última sala, reservada para a música de Coimbra, do fado à canção de intervenção. Despedimo-nos com Zeca Afonso a cantar: “Ó Coimbra do Mondego/ E dos amores que eu lá tive/ Quem te não viu anda cego/ Quem te não amar não vive”.



Éfe-Érre-Á – Momentos da Vida Académica
Colégio de Jesus, Universidade de Coimbra
Das 9h às 13h e das 14h às 17h (horário de inverno). Não encerra.
Preços: o espaço está inserido em vários programas de visita ao circuito turístico da Universidade de Coimbra, com valores entre 8 e 17,50 euros.




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