Será que ainda há praias secretas à volta da capital? Robert Butler e Andy Mumford acham que sim, caso contrário não teriam publicado o livro Praias Escondidas – Lisboa. Robert é professor de inglês, Andy fotógrafo. Como tantos estrangeiros que se apaixonaram pelo país, tendem a ver a paisagem com outros olhos. Uma vontade de desbravar caminhos que os portugueses sabem que existem (será que sabem?) mas que há muito se esqueceram de percorrer.
Foram eles os cicerones deste passeio ecológico pela zona de Sintra. Que sosseguem, contudo, aqueles que queriam estas praias guardadas a sete chaves. O que os autores fizeram foi criar um presente embrulhado em capa, lombada e contracapa para facilitar a vida a quem quiser explorar uma das mais fascinantes linhas costeiras da Europa. Além da descrição das praias há informações úteis, incluindo de limpeza e de segurança. “Sabemos que os acessos não são para todos, além disso quem as vier visitar terá de saber conservá-las”, afirma Robert à partida da praia do Abano.
Segue-se um passeio a pé junto às falésias, de baixa dificuldade, com uma duração de cerca de 30 minutos – uma hora contando com o regresso. Meia hora de mar aos pés e passagem por recantos selvagens, com acessos estreitados pela vegetação. Pequenas praias de rocha escura, castigada pela violência exibicionista das ondas a pedirem demorada contemplação. Há lá cliché mais romântico do que o a pausa para olhar o oceano? A costa do Parque Natural de Sintra/Cascais é rica em praias destas, algumas delas sem nome, outras apenas recomendadas a pessoas com destreza física suficiente para descer através de cordas ali deixadas por pescadores. Um destino de eleição também para os amantes de geologia. Robert, fascinado por esta ciência, levou para casa uma pedra que, a julgar pelo formato triangular e pontiagudo, se não era ferramenta de outros tempos… parecia.
A parte pedestre deste passeio ecológico termina na Grota, praia que nos meses de verão se deixa pisar com relativa tranquilidade quando a maré descobre algum areal. Não será o sítio mais do que perfeito para estender a toalha e esperar por uma bola de Berlim, mas nunca tem muita gente e vale todo o esforço pela beleza envolvente. Desta vez ficamos pela costa oeste de Sintra, mas o livro lista também algumas das praias da parte norte, entre elas a do Giribeto ou da Samarra.
Ilustração de Telma Nunes
Bem mais popular e de fácil acesso é a Praia Grande. A paisagem é tela para admirar sentado à mesa do restaurante Angra, um clássico de 1983 onde se come um bom polvo panado servido com arroz de grelos. Simples e a servir bem o propósito de repor energias para seguir passeio, estrada fora rumo a Colares, onde se encontra a Quinta dos Sete Nomes. Uma cooperativa dedicada à agricultura biológica, aberta a visitas curiosas e aos livres de espírito. É Isabel Castanheira, pioneira do projeto, quem nos recebe, ela que plantou as primeiras sementes em 2007. Há hóspedes e voluntários vindos de todo o mundo, num espaço onde os sorrisos (genuínos) parecem ser contagiantes. “A Quinta está sempre aberta a quem nos queira visitar!”, assegura Isabel.
A primeira porta é a da loja, logo à entrada. Saltam à vista as cores vivas da fruta e dos legumes produzidos na propriedade. Numa cesta há pão quente (de centeio e de azeitonas), cozidos em forno de lenha. Mas não guardam o segredo só para eles. Há vários workshops ao longo do ano – entre eles de pão –, restauro e, no próximo mês de agosto, um curso intensivo de Horta Prática Biológica em Permacultura, durante o qual é possível ficar alojado no Eco-Camping da quinta. De sexta a domingo servem-se também refeições vegetarianas no espaço Café.
Quem preferir outro tipo de conforto, mais burguês – até porque a região pede passeios demorados – tem ali ao lado o novo Hotel Vila Galé Sintra. Abriu em abril. Um resort que explora o conceito wellness, palavra da moda para os caprichos do bem estar, mas a que todos deviam ter direito de vez em quando. Há programas saudáveis desenhados à medida se bem que, uma espreguiçadeira à beira da piscina com vista para o Palácio da Pena, pode muito bem ser o mais ecológico dos poemas.
Praias Escondidas de Lisboa – O livro de Robert Butler e Andy Mumford incide sobre 32 páginas a oeste e sul da região de Lisboa. Uma edição Arte Plural. Custa 15,93€.
O futuro é hoje
Os veículos elétricos são o futuro, já se sabe, mas muitos automobilistas continuam a encará-los com alguma desconfiança. O medo de ficar… apeado. Uma realidade que, apesar de tudo, se tem alterado nos últimos anos, sendo a Nissan uma das marcas que mais tem trabalhado pera mudar este paradigma. Desde logo com a apresentação do primeiro Leaf, em 2010. Tinha uma autonomia de 120 km. O novo modelo chegou este ano e os números mostram a evolução: a bateria aguenta agora cerca de 270 km em ciclo combinado e 415 km em cidade. Valores segundo a recente norma de emissões e consumos WLTP. Escusado seria dizer que, iniciada a viagem com a bateria no máximo, a autonomia foi mais do que suficiente para este roteiro. Ainda assim, nunca é demais prevenir e convém sempre identificar os pontos de carregamento antes de sair de casa. Neste caso, dois: na Praia das Maçãs e em Colares, junto à Adega Regional.
Tempo de carregamento tomadas comum: 16 horas (3 kW); 8 horas (6 kW)
Tempo de carregamento rápido: 40 minutos
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