Há dois novos vinhos Duorum, do enólogo João Portugal Ramos

João Portugal Ramos quer "dar a conhecer vinhos diferentes", no Douro. (Fotografia: DR)
São duas pérolas com notas frescas. Uma é branca e tem nome de elementos na paisagem, outra tinta com apelido de casta única. Ambos são Duorum. Eis os novos filhos da linhagem João Portugal Ramos.

A apresentação corre ao sabor de comida de excelência, no restaurante do Palácio Cedofeita, no Porto. E ao som da alegria incontida de João Portugal Ramos. Pede até desculpa por falar de mais. Enólogo há 44 anos, visionário há 32, levanta-se para falar do objetivo que sempre o norteou: “Dar a conhecer vinhos diferentes”. Sobretudo no Douro.

Foi daí, da Quinta de Castelo Melhor escondida numa curva quase terminal da EN222, que nasceu o Duorum, há sete anos, numa palavra que diz imediatamente ao que vai. É latim e significa “de dois”: os dois enólogos que sonharam o projeto, João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco, os dois terroirs onde crescem as vinhas, Cima Corgo e Douro Superior. Tudo com o olhar posto no “vale do rio de ouro” e a mais-valia de se estar em área da rede Natura 2000 e numa zona de proteção de aves.

Dar a conhecer vinhos diferentes significa não ficar tranquilo com o sucesso granjeado em sete anos. Significa criar de maneiras únicas. Às vezes, de maneiras simples. É da simplicidade da terra que surgem os novos vinhos do portefólio Duorum. O Vinha dos Muros 2023 e o Touriga Franca 2022.

(Fotografia: DR)

E bebê-los é beber o chão e a alma de onde saíram, porque “raramente um bom vinho é fruto do acaso. Um vinho reflete a natureza da terra que o viu nascer e é a expressão de quem o produz”, explicou há anos João Portugal Ramos.

Comecemos pelo branco, um vinho com aroma, frescura, notas cítricas e um fim de boca longo, que junta Arinto e Gouveio e ganhou nome dos muros de xisto de algumas parcelas da propriedade. Muros que, ao contrário daquilo a que nos habituou o Douro, não servem de suporte a socalcos, mas de divisões de terrenos, e agora demarcam “a vinha dos muros”, pequena, exclusiva, com cepas de oito e 13 anos.

A colheita de 2023 foi a primeira que respondeu ao que se pretendia – o “primeiro vinho de vinha” da marca, “um vinho que enche as medidas”, limitado a 3300 garrafas, resumiria João Maria Portugal Ramos, filho de João Portugal Ramos e enólogo como ele.

Duorum Vinha dos Muros 2023 | Preço: 20 euros

Já o tinto quer ser a simplicidade tranquila da região, onde predomina a Touriga Franca porque é aquela que melhor resiste à cicadela. É o primeiro monocasta, 6600 garrafas saídas de nove meses de barrica que lhe emprestam notas de especiarias. O aroma a frutos vermelhos e os taninos firmes dão-lhe caráter, a frescura compensa. Sugere-se, até, que se lhe dê algum frio antes de servir.

E porque um projeto que se quer único precisa de palco, a desativada estação de Castelo Melhor, que pontuava o troço entre o Pocinho e Barca d’Alva, alugada à REFER, será brevemente o palco de provas da Duorum, com os olhos mergulhados no ouro fluvial.

Duorum Touriga Franca 2022 | Preço: 20 euros


Web: jportugalramos.com/pt/douro




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend