Beja volta a ser Pax Julia em três dias de festa

Beja vai celebrar a época em que era Pax Julia, uma cidade próspera da província da Lusitânia, dominada pelo Império Romano. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)
A cidade alentejana recebe, de 17 a 19 de maio, o IX Festival Beja Romana. Território e Villae Romanas é o tema desta edição, que quer recordar e reviver a imponência de Pax Julia durante três dias, no centro histórico.

É na Praça da República, local onde se situava o fórum e onde estão identificados dois templos romanos, um dos quais, o maior e mais monumental descoberto até hoje em território português, que acontece o grande bulício desta recriação histórica.

Há dois mil anos, Pax Julia, dominada por Roma, era uma cidade em grande progresso. “Do povoado da Idade do Ferro não se fez tábua rasa, como parecem fazer crer alguns vestígios que se terão mantido de pé, e nos quais se poderá ainda ver um santuário em que a água seria elemento central. Mas o Império Romano crescia e consolidava-se, e com isso Pax Julia ganhava estatuto e importância no contexto peninsular”, explica a autarquia em nota de imprensa.

Entre os anos 31 e 15 a.C. terá sido atribuída à cidade o estatuto de colónia, garantindo-lhe importância excecional na província da Lusitânia e na Hispania Romana. Uma moeda de cunhagem local, com o busto do imperador Augusto no anverso e a legenda de PAX IVL no reverso, é testemunho desse tempo. “Uma progressiva monetização da economia é sinal da crescente estabilidade e conectividade garantida pela Pax Romana.

Este conceito de Paz Romana surge em textos de vários autores clássicos que pretendem descrever um período de relativa paz e estabilidade que surgiu dentro do Império desde a ascensão de Augusto até à morte de Marco Aurélio em 180 d.C. “Construída nos braços da guerra permanente, sustentada pela imposição de novos modos de vida, controlos burocráticos e intimidações militares o Império de Roma e a sua Pax Romana não deixaram de ter desafios, mas admite-se que pelo menos durante dois séculos, a hegemonia conquistada garantiu tempo e espaço para que se impusesse alguma pacificação política e uma certa homogeneidade de práticas culturais e sociais”.

Pax Julia, cidade no sul da Lusitânia, província com capital em Mérida e terra de bons barros, foi favorecida com o florescimento do comércio. Dali, exportava-se vinho, cereais, azeite e minério, com os cursos fluviais, sobretudo o Guadiana e o Sado, a servirem de vias de expansão desta colónia para o vasto mundo Mediterrânico.

“Com a riqueza gerada, tornou-se uma cidade monumental. As importantes escavações das últimas duas décadas no centro da cidade colocaram a descoberto vestígios de um fórum cujo templo principal é o maior descoberto até hoje em território português, o que contribui para consolidar a ideia de Pax Julia como a mais importante cidade do sudoeste da Península Ibérica no período romano.”

Nesta festa de três dias, haverá música, cortejos, rábulas e performances, malabares, danças, oficinas de cozinha, exposições, conferências, visitas guiadas a museus e sítios arqueológicos, entre muitas outras atividades.

O programa completo pode ser consultado em www.bejaromana.pt.




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