Chocolates artesanais com selo nacional

Vila Nova de Gaia, 17/01/2023 - Chocolataria Artesanal Maria Chocolate. (André Rolo / Global Imagens)
Do fundo do quintal para as bocas do mundo, não falta criatividade aos mestres chocolateiros que salpicam o doce mapa de Portugal. A “Evasões” apresenta uma dezena de criadores de sucesso, que arriscaram por conta própria. São inesquecíveis experiências com chocolate.

Dubon: o sonho de uma “chocoólica” na Invicta

Na mais recente chocolataria no centro do Porto, é possível fazer degustação de chocolates, com um cocktail, um copo de vinho ou de sangria a acompanhar. LM

Dubon, Porto. (Fotografias de Artur Machado/GI)

Em qualquer cidade em que se perca em passeio, Keren Barnea gosta de chegar àquele momento do fim do dia, relaxar e comer algo doce e beber um cocktail. Por isso, a Dubon, chocolateria artesanal e bar aberto em outubro, vai ao encontro dos seus próprios desejos.

Natural de Telavive, visitou o Porto para celebrar o 30.º aniversário, com o namorado Roy Bendaham. Apaixonou-se pela cidade que, conta, foi mesmo “a musa inspiradora” do projeto. “Foi óbvio para nós que esta era a cidade ideal: é romântica, invernal e tem perto a região Douro”, diz. A chef pasteleira conta que em Telavive trabalhou em pastelarias, padarias e chocolatarias. “O meu amor, a minha paixão, a minha obsessão é o chocolate. Nos jantares da minha família há sempre uns três bolos de chocolate na mesa para sobremesa. É coisa de família. Chamamo-nos a nós próprios chocoólicos”, ri.

Roy Bendaham e Keren Barnea, responsáveis pelo espaço.

Chocolates e cocktails fazem parte da oferta da Dubon.

Como também gosta de vinho e de cocktails, Keren pensou num espaço onde fosse possível conciliar tudo isso. Assim, aqui, os vários tipos de bombons e tabletes produzidos no espaço – o ateliê está apenas separado por um vidro, o que permite assistir à produção – podem ser acompanhados de vinhos e cocktails clássicos, selecionados a pensar na harmonização. Há jasmime, o favorito de Keren, negroni e old fashioned, entre outros. “Temos também sangria que preparo com xarope de vinho, feito por mim, vinho, pêras escalfadas e especiarias, como canela, estrela de anis, cravinho, pimenta inglesa… Tento trazer para aqui o meu mundo. E na cultura de onde eu venho, usamos muitas especiarias.”

Os chocolates são também diversificados. Keren Barnea trabalha com vários tipos de chocolate, vindos de França, e diversos recheios e sabores, como gergelim, praliné, café com cardamomo ou canela. Mas há sempre algo diferente para provar. “Mudo conforme as estações e minha disposição. Para mim, é bom fazer coisas diferentes e abri este espaço para isso mesmo, para poder criar.”

A chocolataria abriu em outubro, na Rua dos Mártires da Liberdade.

 

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Maria Chocolate, a casa de Gaia que dá palco aos sabores nacionais

Marca com fábrica e showroom em Serzedo, Vila Nova de Gaia, dá destaque aos produtos nacionais, do vinho do Porto à amêndoa de Vila Flor. LM

Maria Chocolate. (Fotografias de André Rolo/GI)

Foi quando a mãe de Camila Monteiro se mudou do Brasil para Portugal que ela e o marido Fernando se começaram a interessar pelo universo dos chocolates. “Ela sempre gostou de fazer doces e eu sempre gostei de cozinha. Quando alguém ia lá a casa a minha sogra fazia brigadeiros. Mas começou a ser mais do mesmo e eu sugeri introduzir produtos portugueses nas receitas, como vinho do Porto ou Licor Beirão”, diz Fernando, à frente, com a mulher, da marca Maria Chocolate, já com 11 anos.

“Ela é a Maria, eu sou o chocolate”, afirma a brincar o chocolateiro, que vem aprimorando o talento que descobriu. A Maria Chocolate “nasceu no fundo do quintal. No segundo ano, montamos uma pequena unidade fabril perto de casa e depois, durante a pandemia, viemos para aqui. Já tínhamos o espaço, mas tivemos de acelerar o processo”, conta Fernando.

A chocolataria artesanal tem loja e fábrica em Serzedo, Gaia.

A montra com alguns dos produtos da casa.

O chocolate que utilizam é uma mistura de favas de cacau, que são transformadas em chocolate na Bélgica. “Mas podia vir de outros países”, diz, pois “o nosso diferencial é a mistura que fazemos com os sabores portugueses”. Parcerias não faltam. Trabalham com marcas como a Porto Cruz, utilizando o seu vinho para criar bombons, assim como o gin Ventozelo e o uísque Cutty Sark, distribuído pela mesma empresa. “Temos uma gama de vários chocolates em que a base é o produto 100% português.” Exemplos: cereja do Fundão, ginja, frutos secos. Também têm uma linha de chocolates com especiarias e um bombom que enche o casal de orgulho: bombom de pastel de nata. “Demoramos um ano para chegar à receita final”, diz Camila. “Valeu a pena ir experimentando.”

Há dois anos, Fernando criou uma caixa de autor com chocolates pintados por ele manualmente. Um regalo para os olhos e para a boca. No showroom do ateliê é possível comprar esta caixa edição especial e outros produtos. Também vendem aqui bombons à unidade. Fernando faz igualmente diversos eventos, como o Chef Kids by Maria Chocolate, em que vai às escolas orientar oficinas com crianças.

A marca de chocolates já soma mais de uma década de vida.

O espaço onde se vendem chocolates e bombons à unidade, tablete ou em pacotes.

 

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De hobby a profissão: a história dos chocolates da Pedaços de Cacau

Raquel Lima era ainda engenheira florestal quando decidiu produzir bombons em casa. O passatempo tornou-se coisa séria e daí nasceu a Pedaços de Cacau, em Vilar do Paraíso. LM

Pedaços de Cacau. (Fotografias de Artur Machado/GI)

Apesar de não ter “muito jeito para a cozinha”, Raquel Lima começou a fazer chocolates para os amigos no Natal. “Estava satisfeita com o trabalho como engenheira, era mesmo o que queria fazer”, diz. Mas as primeiras experiências com chocolate despertaram-lhe um novo gosto: “Era um chocolate muito simples. Fiz ganache de maracujá, recheio de morango, fui buscar os sabores que gostava mais. também fiz as caixas, ofereci aos familiares e fiquei com alguns em casa. Esses, ao fim de um mês começaram a ficar esbranquiçados”. Decidiu aprender mais e fez uma formação no Porto. “A partir do momento que entrei, o meu mundo mudou completamente.”

Após dois anos de experiências, em 2014, registou a marca e abriu uma loja online. O projeto cresceu e, em 2016, Raquel começou a dedicar-se a ele a tempo inteiro. Depois, abriu a unidade de produção com loja, em Vilar do Paraíso, e especializou-se em trabalhar o chocolate negro (feito com cacau na África Ocidental), o seu favorito. Todo o chocolate tem 54, 60 ou 72% de cacau. Começaram também a receber prémios, nacionais e internacionais.

A loja da Pedaços de Cacau, em Vilar do Paraíso.

Dos bombons às drageias e tabletes, a produção é toda feita de forma artesanal.

A variedade de sabores é grande, nos bombons, drageias e tabletes. Há recheio de laranja, limão, café ou avelã, mel e sal, entre outros. Quem gostar de chocolate quente pode comprar uma chocospoon: é só misturar com qualquer tipo de leite ou água quente. Para evitar desperdícios, pois a sustentabilidade sempre foi uma preocupação de Raquel, criou-se o bolo exótico. Disponível uma vez por mês, é produzido com sobras de chocolate da restante produção. “É um bolo surpresa porque tem sabores diferentes a cada fatia.” Na loja online é possível fazer uma subscrição que dá direito a uma caixa de chocolates (500 gramas) mensal.

A marca de chocolates existe há quase uma década.

 

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Chocolate com Pimenta, em Vila Verde: dar atenção aos produtos regionais

Depois de 18 anos a dedicar-se à pastelaria, Pedro Sousa tornou-se chocolateiro e abriu uma fábrica de chocolate artesanal e salão de chá, a Chocolate com Pimenta, em Vila Verde. LM

Chocolate Com Pimenta. (Fotografia de Gonçalo Delgado/GI)

Ainda nos anos 90, Pedro Sousa, foi de Vila Verde para o Porto fazer formação profissional em pastelaria. “Era muito guloso, mas nunca tinha partido um ovo para fazer um bolo”, afirma. Gostou do que aprendeu e, entretanto, o pai abriu uma pastelaria onde ele trabalhou 18 anos. O tempo fê-lo perceber que era dos chocolates que gostava mais. Sentia-se, diz, “mais realizado a trabalhar o chocolate.”

Foi em 2012 que criou a Chocolate com Pimenta. Primeiro, para fazer umas “feirinhas locais” e tentar perceber “se havia mercado e aceitação” suficientes para levar o negócio para a frente. “Percebi que sim, que havia margem para produzir, pois as pessoas aceitaram facilmente o produto.”

A Chocolate Com Pimenta nasceu há mais de dez anos.

Há produções em chocolate para todos os gostos, tamanhos e carteiras.

Pedro começou por produzir em casa. Depois, quando os pedidos foram crescendo, alugou um espaço. Hoje, tanto a fábrica como a loja e a casa de chá onde vende os seus produtos e produtos de parceiros, como chás e bolachas, está ao lado da fábrica de cervejas artesanais e brewpub Letraria. “Foi depois de uma feira onde lançamos o pastel antonino – que rapidamente se tornou famoso -, exclusivo da marca, que a câmara sugeriu que fôssemos para este espaço.” Com os vizinhos faz diversas parcerias, como o bolo de chocolate com cerveja, feito com a Letra C (uma stout).

Todos os anos, no Dia dos Namorados, é lançado um sabor novo de bombom. Este ano será maracujá com caramelo e chega a 8 de fevereiro. De resto, todos os sabores saem bem, principalmente aqueles que utilizam o produto regional, “como o bombom com queijo da serra”. Azeite, vinho do Porto, Licor Beirão, licor de Singeverga, caramelo com amendoim, framboesa e outras frutas também se destacam no portefólio dos bombons. Várias tabletes e cacos, de malagueta e gengibre, limão, limão laranja e grãos de café acrescentam diversidade.

Pedro Sousa, o responsável pelo projeto.

A loja onde Pedro vende os seus chocolates e outros produtos regionais.

 

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Bonitos, a bombonaria clássica e familiar com décadas de vida

No Natal, na Páscoa ou no Dia de São Valentim, Valdemar Bonito não tem mãos a medir para todos os chocolates que os clientes procuram na sua bombonaria Bonitos, Porto. LM

Valdemar Bonito, da Bonitos. (Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)

Com 83 anos, Valdemar Bonito dedicou as últimas cinco décadas aos chocolates artesanais, que vende na loja Bonitos, no Foco. “Algumas das nossas receitas têm já dezenas de anos e continuam a ser feitas à moda antiga, no tacho de cobre”, diz.

Paulo Bonito, filho, cuida das redes sociais e vendas online e pensa em formas de inovar. “Para o meio deste ano vai haver novidades. Queremos uma linha de bombons mais apelativos visualmente, mais coloridos, modernos, indo ao encontro do bombom europeu atual.” Mas, assegura, continuará a ser feito à mão e com produtos da mesma qualidade, mantendo as características fundamentais do que fazem há 40 anos.

A Bonitos soma mais de quatro décadas dedicada aos bombons.

Para breve, haverá novidades ao nível das produções da casa.

Para contar a história da Bonitos é preciso recuar aos anos 1970, quando Valdemar liderava a confeitaria Cunha. Lá, “apaixonei-me pelo fabrico de pastelaria e de bombons”, lembra. O espaço onde agora funciona a Bonitos era a bombonaria da Cunha. Quando vendeu a Cunha, a confeitaria não sabia o que fazer com o espaço e ele acabou por comprá-lo, nos anos 1980, mudando para o nome de família.

Desde então, a marca afirmou-se. “O nosso chocolate vem da Bélgica – é de alta qualidade – e nós confecionamos os recheios”, diz. Algumas das referências da casa são as farripas (casca fina de laranja envolta em chocolate), bombons com recheio de framboesa, maracujá, morango, tangerina e cones de chocolate negro. Também há placas, “que ultimamente têm tido muita saída” com sabor a limão, pimenta rosa, mentol ou ananás. “Estamos a criar umas coisas novas, como bombons de lima com caramelo, de avelá, mas a caraterística é o clássico é aquele que sempre vendemos e que o cliente gosta e está habituado”, diz Paulo.

A bombonaria familiar fica situada na Rua Afonso Lopes Vieira, Porto.

Farripas e bombons de chocolate recheados fazem parte do leque de produção da casa.

 

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As tabletes da mestre Odete Estêvão comprovam os benefícios do cacau

Inventiva e sem medo de aceitar desafios, Odete Estevão lançou-se no mundo do chocolate, procurando (dar a) provar os benefícios de um consumo de qualidade, com moderação, através das suas tabletes e outras criações com cacau. AR

Chocolate de qualidade, em doses moderadas, é recomendado por Odete Estêvão, como parte integrante de uma dieta equilibrada. (Fotografias de Pedro Correia/GI)

Incluir chocolate numa dieta nutricionalmente equilibrada pode parecer, à primeira vista, contraditório, mas foi o que Odete Estêvão propôs quando deu consultas de nutrição, promovendo o conceito Choconutrition por ela criado. Natural do Zimbabué e em Portugal desde os seis anos, formou-se em Design Industrial, tirou outras duas licenciaturas – em nutrição humana, social e escolar e em design de equipamentos -, um mestrado em nutrição clínica, e é hoje uma defensora do consumo de chocolate.

Por consumo entenda-se chocolate de qualidade, em doses moderadas. “O cacau, que vem dentro da semente de um fruto, é uma substância muito rica em minerais – mais do que vitaminas – e em antioxidantes. É uma pena que seja considerado mau para saúde, até porque a manteiga de cacau é uma gordura vegetal que ao entrar no organismo se transforma em gordura insaturada, excelente para o funcionamento do sistema cardiovascular”, defende a fundadora do Cacau Clube de Portugal.

O melhor chocolate deve ter, com efeito, entre 70 e 85% de cacau. Já na produção, Odete aplica os conhecimentos que obteve num curso da École du Grand Chocolat (de Valrhona, em França), trabalhando com chocolates de origem (Venezuela, Peru, Madagáscar, São Tomé e Príncipe e Equador) e produzindo o próprio chocolate de acordo com o sistema “bean to bar” (do grão de cacau à barra de chocolate), com cacau do Peru e da Venezuela. Produtos que “estimulam todos os sentidos”, nota.

A oferta é diversificada e vai das tabletes (com gengibre, laranja confitada, pimenta rosa e flor de sal, incluindo recheadas com ganache sem lactose) às trufas, cookies e bombons (com frutas, bebidas espirituosas e frutos secos), passando pelas tartes e bolos para todos os gostos. A loja online assegura entregas em todo o país, sendo também possível encontrar os produtos em lojas gourmet e garrafeiras nas zonas de Lisboa e Oeiras, onde Odete abrirá, brevemente, um novo ateliê de produção.

A oferta é diversificada e vai das tabletes às trufas.

 

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A Mestre Cacau, em Beja, infusiona o chocolate com ingredientes do Alentejo

Da Mestre Cacau, em Beja, seguem para todo o país trufas, bombons e tabletes que infusionam o chocolate com ingredientes como o alecrim, o poejo e o medronho. Obra de um casal que trabalha com chocolate belga e francês. AR

A Mestre Cacau produz chocolates infusionados com alecrim e poejo, entre outros ingredientes aromáticos. (Fotografias: DR)

Uma doce fusão entre chocolate e ingredientes tradicionais do Alentejo é o que traz a Mestre Cacau, marca criada há 17 anos por João Silva e a mulher, Célia, em Beja. O engenheiro agroindustrial – que acabaria por fazer um doutoramento em engenharia alimentar com especialização em recheios de bombons com baixo valor calórico – e a assistente social procuravam fundar o próprio negócio, até se depararem com o chocolate em viagens à Bélgica e em França.

“Ficámos muito impressionados com as variedades e os aromas. Tudo coisas que não havia em Portugal na altura”, recorda João à “Evasões”. Os amigos reagiram à ideia da marca de chocolate com reservas, mas nada os demoveu de abrir loja na cidade. “No início ainda estávamos muito colados às receitas belgas e francesas, com pralines, muita pasta de avelã e de amêndoa e aguardentes de armanhaque”. A curiosidade dos clientes fê-los inovar.

“Foi aí que nos lembrámos de aproveitar os produtos do Alentejo, como aguardente de medronho, e foi um sucesso”, continua João Silva. São trufas produzidas à mão, tal como os bombons com recheios de poejo (a lembrar o sabor do After Eight), mel caramelizado, azeite virgem e medronho, num total de 20 referências. Também têm trufas com recheio de alecrim, erva “usada nas procissões alentejanas”. As tabletes ora são mais “convencionais”, ora de chocolate de leite com aromas.

A tablete de poejo e sementes de linhaça torradas recebeu uma medalha de ouro no Concurso Nacional de Chocolates Tradicionais organizado pelo CNEMA e Qualifica/oriGIn Portugal. “As sementes dão-lhe uma textura crocante e a torra um sabor a caramelo”, diz. Sucesso são ainda as azeitonas confitadas cobertas de chocolate negro. “A confitagem dura um mês, para as adoçar, e no lugar do caroço pomos gengibre para dar um toque picante.”

(Fotografia: DR)

 

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Nau do Cacau convida a viajar pelo mundo com chocolates biológicos e artesanais

A Nau do Cacau tem ancoradouro em Vila Nova de Santo André, mas convida a viajar pelo mundo ao sabor de chocolates artesanais e biológicos. AR

As tabletes da Nau do Cacau são feitas à mão, num processo artesanal certificado. (Fotografias: DR)

Desde 2017 ao leme da Nau do Cacau, Marco e Anna Plechowicz-Pedro sabem que “fazer chocolate não é fácil” e requer engenho e arte. Ainda para mais quando se trata de uma produção artesanal certificada, “a única a sul do Tejo”, diz a polaca que escolheu Portugal para viver, há 22 anos, com o engenheiro mecânico. Com os empregos deixados para trás, dedicaram-se a este projeto com vontade de criar um produto de qualidade, que fosse ambientalmente sustentável.

“Numa visita a um supermercado biológico percebemos que o que não se produzia de forma biológica era o chocolate, e achámos isso interessante e desafiante”, recorda Ana. Tiraram cursos na área e fecharam-se na fábrica até apurarem a receita ideal, trabalhando com vários tipos de chocolate.

Certificado pela Carta de Unidade Produtiva Artesanal e Carta de Artesão, o fabrico das tabletes é feito à mão, com chocolates de São Tomé (que fornece apenas 0,1% da produção de cacau no mundo), Equador (“muito conhecido pela robustez e aroma”) e República Dominicana (usado no chocolate de leite, único não vegan). “O nosso best-seller é o chocolate negro biológico do Equador com 80% de cacau e flor de sal de Tavira”, diz Ana, realçando o balanço entre amargo, doce e salgado.

À imagem das caravelas dos Descobrimentos, a Nau de Cacau também navega por latitudes mais exóticas, introduzindo nas tabletes de chocolate ingredientes como a avelã da Turquia, o gengibre de Fiji, a pimenta da Jamaica e o café da Colômbia. Já o chocolate com malagueta picante é uma das mais recentes novidades da marca, cuja loja online faz entregas em todo o país. A produção é feita pelo casal em Vila Nova de Santo André, no Alentejo litoral, e vendida em embalagens compostáveis.

 

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António Melgão e a fábrica de chocolate na antiga estação de Montemor-o-Novo

Os irmãos Melgão transformaram aantiga estação de comboios de Montemor-o-Novo, no Alentejo numa fábrica de chocolate, onde trabalham com o cacau de pequenos produtores do Peru e São Tomé. AR

A fábrica produz chocolate para transformação e tabletes para venda ao público. (Fotografias de Paulo Spranger/GI)

Na antiga estação ferroviária de Montemor-o Novo, desativada em 1989, os irmãos António e Serafim Melgão instalaram uma fábrica de chocolate que quase podia ser cenário de uma versão do filme com Johnny Depp. Aqui, António é o protagonista e acumula 20 anos de experiência com chocolate, desde que abriu uma pastelaria na cidade, numa altura em que “fazer chocolate no Alentejo era uma ideia arriscada por ser uma região muito quente”, diz o mestre à “Evasões”.

De início, produzia apenas bombons transformando chocolate. Desafio superado, investigou, viajou e tirou cursos com chefs de cozinha e pastelaria até montar a estrutura que tem hoje e com a qual produz chocolates de elevada qualidade a partir de cacaus “raros e finos de aroma”. A matéria-prima é comprada a cooperativas de pequenos produtores do Peru, Nicarágua e São Tomé, cujas plantações António faz questão de visitar, de forma a certificar-se das condições daqueles trabalhadores.

Os irmãos António e Serafim.

A magia acontece ao longo das secções da fábrica e chega ao consumidor na forma de tabletes, diferentes do que é vendido aos profissionais (chefs de pastelaria, entre outros). “O que define um bom cacau é a variedade, mas também o produtor: enquanto na América Central, do Sul e na Indonésia são mais comuns os pequenos produtores, em África e no Brasil são latifundiários. Aí pode não estar em causa a qualidade, mas sim algumas características de sabor”.

“Não tivemos receio de sermos portugueses nem de estarmos no Alentejo. Acreditamos que podemos ser tão bons quanto os franceses e os belgas”, afirma António Melgão. Para sensibilizar o público para o que é um bom chocolate e revelar a essência da alquimia da produção, os irmãos criaram uma mini-fábrica no antigo armazém de carga da estação, onde se pode assistir desde a torrefação dos grãos de cacau à moldagem, e provar o chocolate à saída.

 

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Bettina Corallo: uma vida com sabor a café e chocolate, no Príncipe Real

É na dupla inseparável de chocolate caseiro e café de especialidade que assenta a oferta desta marca de referência com loja no Príncipe Real e extensão online. Uma história de vida liderada por Bettina, a matriarca da família Corallo. AR

Na Bettina Corallo Chocolate Café tudo gira em torno do café, chocolate e frutos secos.
(Fotografias de Reinaldo Rodrigues/GI)

Bettina Corallo aponta para a fotografia na parede com o seu perfil recortado numa fazenda de café em Kinshasa, atual República Democrática do Congo, onde o pai se fixou como embaixador. A viver naquele país desde os 14 anos, foi em 1980 que conheceu Claudio Corallo, italiano com quem viria a casar e encetar uma vida dedicada às plantações de café e cacau, primeiro no antigo Zaire e mais tarde em São Tomé e Príncipe, já com a participação dos filhos Ricciarda, Nicòllo e Amedeo.

Regressada a Lisboa há 15 anos, Elisabete Martins (conhecida por Bettina) abriu a sua primeira oficina/loja no Príncipe Real, com o intuito de vender o café e chocolate produzido a partir do cacau da produção familiar; e onde hoje continua, num espaço maior na principal rua do bairro. A vitrine do balcão é um deleite para os amantes de chocolate, que acorrem à loja na certeza de encontrar o produto feito “todos os dias” a partir de cacau do Príncipe, Gana, Venezuela, República Dominicana e Bolívia.

As mais de 20 referências servem todos os paladares e organizam-se consoante as percentagens de cacau, dos 100 aos 40% (no caso do único chocolate de leite que têm). Além de resultar em tiras de chocolate com cereja e gengibre, o cacau puro é utilizado para fazer o sorvete e o chocolate quente, ambos sem lactose e vendidos todo o ano. Com 75 e 70% de cacau encontram-se combinações com pimenta e flor de sal, flor de sal e caramelo, gengibre, laranja e avelã de Piemonte, entre outras.

A pedido dos clientes, Bettina desenvolveu também algumas receitas com chocolate branco, a que se juntam bombons, brownies e salame de chocolate com avelãs, que muitos encomendam inteiro (a maioria dos produtos é vendida a peso e adaptável às necessidades dos clientes). Em pé de igualdade surge ainda o café (blend de arábicas do Brasil e Indonésia com robusta da Índia), servido em expresso, entre outras formas de extração. É torrado diariamente na loja e pode-se comprar a peso.

Bettina Corallo aponta para a fotografia na parede com o seu perfil recortado numa fazenda de café em Kinshasa, atual República Democrática do Congo, onde o pai se fixou como embaixador. A viver naquele país desde os 14 anos, foi em 1980 que conheceu Claudio Corallo, italiano com quem viria a casar e encetar uma vida dedicada às plantações de café e cacau, primeiro no antigo Zaire e mais tarde em São Tomé e Príncipe, já com a participação dos filhos Ricciarda, Nicòllo e Amedeo.

Regressada a Lisboa há 15 anos, Elisabete Martins (conhecida por Bettina) abriu a sua primeira oficina/loja no Príncipe Real, com o intuito de vender o café e chocolate produzido a partir do cacau da produção familiar; e onde hoje continua, num espaço maior na principal rua do bairro. A vitrina do balcão é um deleite para os amantes de chocolate, que acorrem à loja na certeza de encontrar o produto feito “todos os dias” a partir de cacau do Príncipe, Gana, Venezuela, República Dominicana e Bolívia.

As mais de 20 referências servem todos os paladares e organizam-se consoante as percentagens de cacau, dos 100 aos 40% (no caso do único chocolate de leite que têm). Além de resultar em tiras de chocolate com cereja e gengibre, o cacau puro é utilizado para fazer o sorvete e o chocolate quente, ambos sem lactose e vendidos todo o ano. Com 75 e 70% de cacau encontram-se combinações com pimenta e flor de sal, flor de sal e caramelo, gengibre, laranja e avelã de Piemonte, entre outras.

A pedido dos clientes, Bettina desenvolveu também algumas receitas com chocolate branco, a que se juntam bombons, brownies e salame de chocolate com avelãs, que muitos encomendam inteiro (a maioria dos produtos é vendida a peso e adaptável às necessidades dos clientes). Em pé de igualdade surge ainda o café (blend de arábicas do Brasil e Indonésia com robusta da Índia), servido em expresso, entre outras formas de extração. É torrado diariamente na loja e pode-se comprar a peso.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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