Depois de trazer o Gua Bao, uma espécie de hambúrguer asiático, das ruas de Taiwan para o Porto, João Winck voltou a encontrar inspiração noutro país de além-mar. Desta vez foi o Brasil, terra natal da esposa, Ângela Moraes, o mote para abrir um novo restaurante na rua de Cedofeita, de frente para o Bao’s.
Lá dentro, a decoração evoca uma floresta tropical, graças aos tons de verde, canas de bambu e papel de parede a imitar folhagens. O espaço é pontuado por bonitas peças de artesanato, feitas em capim dourado, uma planta que cresce no parque do Jalapão, no interior do Brasil, de um brilho natural semelhante ao ouro – e que empresta o nome ao restaurante. No prato como nas paredes celebra-se a tradição do país, com uma carta pensada ao pormenor pelo casal.
«Queríamos trazer o que é típico do Brasil, dar a conhecer mais para além do rodízio, do churrasco e da picanha, mostrar o que é a comida tradicional da avó», explica João. Ângela é natural do Nordeste, mas ali chegam receitas de todas as regiões, sem distinção, e com opções para todas as dietas: da horta, do mar e da fazenda. Assim se divide a ementa, sazonal e que reinventa alguns clássicos.
«Tentamos fazer tudo de raiz e com os ingredientes típicos.»
Para picar não faltam «dadinhos» de tapioca com geleia picante de maracujá, torresmos «pururuca», que é como quem diz extra estaladiços, e ainda o pãozinho de queijo, servido com linguiça artesanal, feita ali mesmo. «Tentamos fazer tudo de raiz e com os ingredientes típicos. A mandioca, por exemplo, é um dos que mais usamos», conta João. Ela é, de facto, a base de muitos dos pratos do Capim Dourado, como o cremoso bobó, o vegano e o de camarão, acompanhado de arroz de coco, ou a «vaca atolada», uma costela coberta com creme de mandioca e farofa de banana e bacon. Destaca-se ainda a carne de sol, que «tem um processo de cura semelhante ao bacalhau», nota João, e é servida com baião-de-dois (um prato que junta arroz e feijão e outros ingredientes, com variações regionais).
Do Brasil chegam também sabores em estado líquido, como a cachaça, a base de vários cocktails tropicais, para abrir ou até acompanhar a refeição. É o caso das caipirinhas, a clássica e as variações com goiaba, abacaxi e hortelã ou morango e manjericão, e da «jamburinha», que além da cachaça leva jambu, uma erva típica do país, famosa por causar dormência na boca. No verão, além da sala interior, vai abrir-se ainda uma agradável esplanada nas traseiras, com música brasileira a tocar de fundo. Um pequeno paraíso no centro da cidade, onde se vive o Brasil, com todos os sentidos.
Sobremesa sem culpa
A lista de sobremesas é bastante gulosa, mas Ângela, nutricionista de profissão, fez por introduzir uma sugestão livre de culpa, uma mousse de chocolate sem açúcar, glúten ou lactose.
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