Não há ingredientes escondidos na manga deste chef

A expressão «nem se sabe o que se está a comer» tem muitas vezes justificação, quando dita fora de portas. Em casa, o processo de confeção acontece debaixo de olho, com mais conhecimento sobre a origem do produto, de como foi temperado e cozinhado. No Akla, não é assim tão diferente porque há transparência no que vem para a mesa. «Hoje não temos supremo assado porque só compramos frangos alimentados com milho e nem sempre há», explica o responsável da sala, logo no início da refeição.

Mais tarde, o chef Eddy Melo, que dirige o Akla desde que o restaurante abriu no Intercontinental Lisbon, em 2016, há-de reforçar as escolhas sustentáveis da sua cozinha. «As abóboras, cenouras e beterrabas-mini vêm de uma horta bio, conhecemos bem o produtor», conta o chef açoriano, com uma longa carreira e muitas paragens pelo mundo, incluindo EUA, Canadá e Jamaica. «A minha filha é vegan há quatro anos e fez-me também olhar para os produtos de outra forma», revela ainda.

Talvez seja do seu percurso que vem ainda boa parte das inspirações para a carta, como risottos, camarão de Moçambique e combinações como yuzu (citrino japonês) e queijo de cabra, numa das saladas. Muitas escolhas vêm também da terra-mãe: o ceviche com cenoura picante tem atum dos Açores e é uma boa entrada para dividir, tal como a salada de queijo São Jorge curado 24 meses e o tradicional carolo de milho.

Este último pode ser servido com carnes maturadas, uma das especialidades do Akla, depois grelhadas no Josper, o forno a carvão. Se as propostas de carnes são apelativas, também os acompanhamentos: feijão manteiga com baunilha bourbon e grão guisado com ovo escalfado, além de batata frita assada com tomilho. Alguma dúvida, é deixar-se na mão da equipa: a simpatia acompanha o cuidado com o produto.

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