A época da lampreia em Lisboa: 4 locais obrigatórios para a provar

A época da lampreia em Lisboa: 3 locais obrigatórios para a provar
(Fotografia: Gerardo Santos/GI)
Está ligada à típica gastronomia minhota, mas também se come boa lampreia em Lisboa, como exemplificam estas casas históricas, que mantêm uma tradição de largos anos a confecionar o chamado “bicho feio” e a fidelizar públicos quando o colocam à mesa.

Solar dos Presuntos

De janeiro a abril, todos os dias há lampreia no Solar dos Presuntos, caso os mais distraídos não reparem no papel a indicá-lo na vitrina e nas luzes néon do letreiro onde se lê «alta cozinha de Monção». A homenagem à gastronomia tradicional minhota também se faz com base neste ciclóstomo, que chega diariamente vindo de Lanhelas, perto de Caminha, para ser confecionado de quatro formas diferentes na cozinha desta casa, um clássico alfacinha com quase cinco décadas de portas abertas.

«Apesar de ser um produto sazonal, é muito versátil. A própria lampreia muda de sabor e consistência ao longo da sua época, conforme o tempo que passa no rio», explica Pedro Cardoso, proprietário e filho de Evaristo, o fundador do restaurante com 180 lugares espalhados por três pisos.Desde os primeiros dias do Solar dos Presuntos que se faz o arroz de lampreia, bastante «soltinho», e a versão que mais é pedida por quem aqui come – cerca de 80% dos pratos de lampreia da casa.

Uma tradição iniciada pelos pais de Pedro, naturais de Monção. Depois do arroz, chegou a lampreia de escabeche, guisada à bordalesa ou assada inteira no forno com batatinha assada, a versão preferida do dono, por ganhar «um molhinho maravilhoso». O resultado é quase sempre unânime: os portugueses que adoram, voltam para saboreá-la vezes sem conta; os turistas nem a provam. Rua das Portas de Santo Antão, 150 (Restauradores). Das 12h00 às 15h30 e das 19h00 às 23h00. Encerra domingo. Preço: arroz de lampreia a 29 euros; lampreia inteira no forno a 98 euros.

Solar dos Presuntos (Fotografia: Gerardo Santos/Gl)

Tasca do João

Em casa, gosta de fazê-la de escabeche e quando vai a Viana do Castelo passa sempre por uma pastelaria para comprar uma empada de lampreia. Mas na sua Tasca do João, que gere há mais de uma década no Lumiar, o chamado “bicho feio” serve-se nas duas das suas versões mais tradicionais: à bordalesa e num arroz de lampreia, o prato que mais sai.

“Não tem segredo nenhum. Basta ter-se boa mão para a cozinhar. Limpá-la bem, tirar-lhe a gordura, e saber temperar. Depois, o arroz só é confecionado depois de já termos os visitantes sentados à mesa”, explica Luís Alves, natural de Ponte de Lima e atual dono deste restaurante de cozinha tradicional portuguesa. A ligação ao ciclóstomo começou há quase 60 anos, com o antigo dono da taberna, e que lhe deu o nome.

Desde os primeiros dias do ano que se come lampreia na Tasca do João, e assim será até inícios de maio, “ou até que haja pesca legal”. “Vamos lá ver, no ano passado houve pouca lampreia”, recorda o responsável, que conta com um público fidelizado nesta casa. “Em dezembro, começam logo a perguntar quando há. Ainda no outro dia, tive a casa totalmente cheia por causa da lampreia”, adianta Luís, que recebe diariamente o produto pescado no Rio Minho, por um distribuidor de Vila Nova de Cerveira. Rua do Lumiar, 122A (Lumiar). Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 22h00. Encerra domingo. Preço: lampreia inteira (para 4 pessoas) a 90 euros, em arroz ou à bordalesa.

Tasca do João.

 

Adega da Tia Matilde

Isabel e Matilde. São duas as irmãs que tomam conta desta casa, quase centenária, a qual herdaram dos avós, os fundadores, e dos pais. Mas se a primeira se dedica mais à gestão do restaurante com comida tradicional portuguesa, a segunda está responsável pela confeção. É Matilde quem confeciona a lampreia, de janeiro a abril, nas três variantes: seja à bordalesa, inteira assada no forno com batata e pimentos ou à minhota, uma espécie de cabidela, a sua versão preferida.

Há mais de seis décadas, pelo menos, que este produto é servido à mesa na Adega da Tia Matilde, que começou por ser uma taberna de bairro. A lampreia chega do Rio Minho, da zona de Lanhelas, há já largos anos. «Sempre estive mais atenta à confeção da lampreia, desde nova. Aprendi a fazê-la com a nossa mãe», conta a proprietária, que também se habituou a saboreá-la nos arredores de Viana do Castelo, de onde é o seu marido.

O mais trabalhoso, e importante, é a limpeza do ciclóstomo. «É escaldada, muito bem limpa, tiram-se as tripas todas. Isto leva algum tempo», explica. Os apreciadores, acrescenta, são fiéis e voltam ao restaurante várias vezes durante a sua época, mas há pessoas «que nem conseguem olhar para ela», ri-se. Rua da Beneficência, 77 (Avenidas Novas). Das 12h00 às 16h00 e das 19h30 às 23h00. Encerra domingo e ao jantar de sábado. Preço: lampreia à minhota ou à bordalesa, a 45 euros; lampreia assada no forno a 95 euros (4 pessoas).

Adega da Tia Matilde

 

Varanda

Há largas décadas que se cozinha a lampreia no oitavo piso do Hotel Mundial, na Praça do Martim Moniz. O ciclóstomo volta agora, naturalmente, a este espaço, com um novo menu temático que gira em seu torno, disponível a partir de 5 de fevereiro e até 15 de março, ao almoço e ao jantar. O filete de cavala de escabeche inicia a refeição, optando depois entre um arroz de lampreia ou à Bordalesa, e terminando-se com uma das sobremesas da casa.

O custo do menu especial da lampreia tem o custo de 40 euros por pessoa, e inclui vista panorâmica sobre o Castelo de São Jorge e outros bairros da capital – esta sem valor acrescido. É a desculpa necessária para voltar ao Varanda, que agora está remodelado, mais amplo e luminoso, e com Vítor Sobral a servir de consultor da carta do restaurante. Hotel Mundial, Praça Martim Moniz, 2. Das Das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 22h30. Preço: Menu da Lampreia a 40 euros.

Varanda.




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