Quiz #14: «O Douro é um gigante que acaba de abrir as pestanas»

O sobrenome Van Zeller confunde-se com a História e os vinhos do Douro desde o século XVII, mas Francisca Van Zeller, wine director do Six Senses Douro Valley, faz parte de uma nova geração de mulheres, as D’UVA-Portugal Wine Girls, apostada em deixar a sua marca num negócio iniciado pelos seus pais e avós.

Uma cozinha para todos os dias?
A local. Gosto de cozinhas que respeitem a identidade local, a origem e os ciclos naturais dos ingredientes. Quando esta é a de nossa casa, na Quinta Vale D. Maria, melhor ainda.

Na hora de comer fora, o que pesa mais: o fator novidade, a comida, o nome do chef ou o boca a boca?
A comida. Sempre. Para jantar fora procuro uma experiência e uma sensação diferente da que teria em casa. Se a comida no restaurante não é de qualidade, o ambiente, serviço, novidade, nome do chef ou o boca a boca, a meu ver, não compensam.

Uma dica infalível para não errar na escolha do vinho?
Temos que nos conhecer. Como qualquer outra escolha, para diminuirmos a probabilidade de errarmos na escolha de um vinho, temos que saber o que gostamos e o que não gostamos. E perceber o momento. O vinho tem o seu lugar e o seu momento.

Um vinho que não lhe sai da cabeça?
Hoje o que não me sai da cabeça é o que bebi no jantar na sexta-feira passada, o Quinta de Foz de Arouce Tinto 2012. Combinou na perfeição com o que jantei — um ovo de foie gras e uma vitela de comer à colher no restaurante Oficina, no Porto. E, já agora, um que provei hoje de manhã com clientes: o Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca Tinto 2014.

Qual o maior trunfo dos vinhos portugueses?
A sensação de descoberta. Ainda temos tanto por descobrir, como produtores e consumidores dos vinhos portugueses devido ao numero de regiões que temos, aos climas, solos, diversidade de castas, técnicas de enologia modernas e tradicionais. Portugal tem uma oferta ímpar que alia uma identidade muito nossa com séculos de produção de vinho, como o Vinho do Porto e Carcavelos, a inovações como em vinhos como o Casal Garcia e Mateus Rosé.

O que nunca pode faltar na sua despensa/frigorífico/adega?
Água.

Qual a região, ou as regiões portuguesas, que ainda nos vão dar muitas alegrias?
O Douro, Vinhos Verdes e o Dão. O Douro ainda tem tanto para se mostrar. Para mim é um gigante que acaba de abrir as pestanas e se está a espreguiçar. Quando se levantar, iremos ter um Douro do tamanho do mundo. Os Vinhos Verdes ainda se irão afirmar como uma região de vinhos brancos com carácter para além daquele que lhe é facilmente atribuído, de um vinho fresco e com gás. O Dão está se a redescobrir, e produz vinhos com grande potencial de envelhecimento. Quando voltar a aparecer, vamos poder beber relíquias do tempo.

O paladar, educa-se?
Educa-se. E infelizmente, estraga-se se não fizermos isso mesmo. É como a mente, temos que nos expor a diferentes paladares para o mantermos vivo.

Um vinho que ainda está na sua bucket list?
Só um? O Quinta do Noval Vintage Nacional 1986 – um lote que o meu pai fez e engarrafou no ano do meu nascimento e que não foi comercializado.

Um prato com sabor a infância?
Arroz de tomate com panados.

 

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