Crítica de Fernando Melo: restaurante Magna Carta, Alcobaça

Claro que se vê o mar logo aos pés e claro que a praia de Paredes da Vitória é das mais belas que o país tem. Menos clara é a sorte em dar com o Magna Carta, restaurante onde o vinho é importante e onde se rescreve a história connosco no centro.

Quando pensamos em restaurantes de praia pensamos em chiringuitos, pés na areia e um certo caos na cascaria que passa e vamos debulhando. Na latitude de Pataias, a norte da Nazaré, a água do mar ou está fria ou está gelada mas os areais limpos e longos são inspiradores. Logo ali, andam robalos fantásticos a desafiar-nos, existem percebes de antologia e a mesa é festiva com o que do mar sai em cada dia.

Luís Bento e sua mulher Marina passavam férias por aqui e perante uma boa oportunidade decidiram assumir um dos restaurantes da cordilheira em frente ao mar. Peixe e marisco para cumprir a fantasia dos passantes oferecendo bom produto, mas muito mais do que isso. O vinho é importante para Luís e a carne também vem à mesa ali. No fundo, um lado B do que uma praia costuma oferecer, porto de abrigo que nos protege do temporal dos programas fixos.

Existem percebes de antologia e a mesa é festiva com o que do mar sai em cada dia

Começa tudo bem quando vêm ostras (2 euros), frescura exemplar, iodo e mar portátil que se abre e come ao natural. Uma novidade que se saúda, arancini com molho aioli (5 euros), duas bolas panadas com recheio baseado em arroz, e os percebes (7 euros 200g), que tratam de arranjar e cozer rapidamente, como a gente gosta. Um prato pequeno de presunto nacional de bolota (9 euros), cura de 40 meses, levanta-nos o ânimo e chegamos alegres ao próximo posto, que pode ser marisco, peixe ou carne. Nada contra a carne, mesmo com o mar à porta. Servem plateaus de frutos do mar, o pequeno (45 euros) traz sapateira, ostras, mexilhões, camarão e búzios, o grande (65 euros) acrescenta percebes e navalheiras à festa.

Grelha-se peixe a preceito, brasas competentes, e o bacalhau à Magna Carta (16 euros) resiste às configurações useiras e vezeiras de apresentar o fiel amigo, o meu trazia um puré de aipo que aligeirava o conjunto e abria a porta a harmonizações com vinho. Não falha a cataplana de peixe (42 euros para 2 pessoas) e nas carnes o bife com queijo serra da estrela (15 euros) é opção carnívora a considerar. Há um bife de vazia de novilho maturado (21 euros) para os amantes dos sabores sem véus e autênticos. Na sala vive-se o vinho de forma invulgar.

O bolo de pêra rocha do oeste fica na memória

Luís Bento foi acumulando na sua carta os títulos de que mais gosta e também os que hoje exprimem uma forma inteligente e discernida de consumo. A sua filha mais velha é enóloga, já andou por França e parece que está de partida para mais um estágio e a mais nova também não enjeita a profissão. A da mãe, educadora de infância, é que pode, a prazo, dar lugar a esta nova forma de estar na vida e que se incrusta no código genético sem pedir licença. O bolo de pêra rocha do oeste (4 euros) fica na memória. Um lado B que é bem vindo, família feliz de que passamos a fazer parte. Magna mesa, obrigatório.

Classificação
O espaço: 4,5
O serviço: 4,5
A comida: 4,5

A refeição ideal
3 ostras ao natural (6 euros)
200 g de percebes (7 euros)
Cataplana de marisco (2 pessoas, 50 euros)
Posta barrosé (16 euros)
Bolo de pêra rocha do oeste (4 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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