A proximidade ao mar e ao estuário do Sado revelou-se, ao longo dos séculos, determinante para que no concelho de Grândola, à semelhança do que acontece no resto do distrito de Setúbal, se desse ao peixe um papel primordial. É bastante frequente encontrar nas ementas dos restaurantes opções como sardinhas assadas, no verão, peixe grelhado, todo o ano, massas de peixe, caldeiradas, saladas de polvo, choco frito ou em feijoada, além, claro, de pratos à base de marisco e moluscos. Depois entra a parte das influências alentejanas, sobretudo, mas também algarvia, marcante nas carnes (os ensopados, os enchidos, a caça), nas aves, nas cataplanas e nas açordas – e na forma como são temperadas, com muitas ervas.
Opções não faltam, mas cabe aqui uma referência, em nome das antigas tabernas do concelho que são cada vez mais raras e se encontram agrupadas numa rota, a uma muito castiça que existem em Mosqueirões. Apesar de muito simples, a Taberna dos Mosqueirões é uma recomendação recorrente entre os locais, muito por conta do ambiente familiar criado pelo casal Rui e Dulce Ermidas. Trocaram o Canal Caveira, onde estiveram à frente do Girassol, por esta localidade e servem especialidades como salada de bacalhau, frango cerejado ou cozido de grão com carne de porco.
Num registo totalmente diferente, com os pés na areia e de olhos postos no ar, o Pôr-do-Sol é praticamente incontornável para quem frequenta a praia do Carvalhal – mas há quem venha de propósito, até porque é dos poucos a manter-se aberto aos fins de semana no inverno. O destaque da casa é o peixe e o marisco frescos, em confeções como as massas e as mistas fritas.
Comer bem — as nossas outras sugestões
O Tobias
No concelho de Grândola, são raros aqueles que, quando interrogados sobre locais onde comer bem, não citam logo à cabeça O Tobias. Com capacidade para 50 pessoas, ele assume-se como cervejaria e restaurante, uma combinação que continua a resultar entre nós e que, para além da boa variedade de marisco vivo vendido ao quilo, como se quer, inclui ainda especialidades como o choco frito, a massa de cherne, o ensopado de enguias ou o arroz de marisco.
Ilha do Arroz
A localização dificilmente poderia ser melhor quando se procura um restaurante de praia, já que fica com os pés na areia, a cerca de 30 metros do mar e com vista, nos dias claros, para a serra da Arrábida. Como é apanágio da zona, a decoração é descontraída mas elegante, com música ambiente e sem horários rígidos. Da ementa fazem parte as massas de peixe, carne de porco à alentejana, as cataplanas e os arrozes. Já não causa a mesma surpresa do início, mas continua a cumprir o seu papel.
Armazém Central
À entrada, lê-se: «Uma dose dá e sobra para dois citadinos. Uma dose dá e sobra para um alentejano.» Uma coisa é certa: ninguém, venha de onde vier, sai maldisposto; sobretudo se tivermos a sorte de coincidir num dia em que haja cantares alentejanos pelo Grupo de Mineiros do Lousal. Seja em que dia for (menos à segunda), este agradável restaurante, situado nas antiga aldeia mineira do Lousal (uma visita que vale bem a pena, já agora), tem um cardápio que vale por si, com especialidades como migas com carne frita, ensopado de borrego, sopa mineira ou massa de cherne.
D. Dinis
Como tantas vezes acontece, o D. Dinis começou por ser uma barraca modesta de praia, azul ao gosto dos pescadores, assente nos areais do Carvalhal, ainda a vizinha Comporta não estava na berra. Com o tempo, e a passagem desta faixa costeira a desejo nacional e internacional, o Dinis cresceu em 2008, evoluiu e tem hoje uma das salas (e esplanada virada para o mar) mais conhecida da zona. Os preços também aumentaram, mas mesmo assim continua a ter uma afluência democrática que o procura pelos peixes grelhados, mariscos, arrozes e petiscos como as amêijoas.
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