Palácio português reabre para visitas ao fim de 15 anos

O Palácio Sotto Maior, uma luxuosa vivenda de estilo francês, repleta de obras de arte, na Figueira da Foz, voltou a receber visitas guiadas regulares ao fim de quase 15 anos. Duram até ao final do mês, e são gratuitas.

Chama-se Vila Madalena, mas ficou conhecida como Palácio Sotto Maior. Chegou a acolher um programa de visitas guiadas, nos anos 1980, a cargo de José Pires de Azevedo, professor de filosofia e grande impulsionador da reabilitação e dinamização da casa junto da Sociedade Figueira Praia, detentora da propriedade e gestora do Casino Figueira. Agora, a casa está novamente de portas abertas, ao abrigo do programa «A Figueira vai ao Palácio».

A vivenda, imponente e cercada por um amplo jardim, foi mandada erguer pelo abastado comerciante Joaquim Sotto Maior, que nasceu em Valpaços, mas acabou por se estabelecer naquela terra à beira-mar. O desenho é de um arquiteto francês e a construção, iniciada em 1900, só terminou 20 anos depois, conta a guia Frederica Jordão, responsável pela Pó de Saber – Cultura e Património. Nos programas para a infância, encarna a personagem de Madalena Mensa Sotto Maior, dona da casa, com direito a trajes de época.

Joaquim Sotto Maior, que apoiava os artistas, reuniu naquele palácio uma importante coleção de arte, de nomes como António Ramalho, Dórdio Gomes ou Joaquim Lopes. Uma particularidade é que alguns dos quadros expostos são réplicas de obras do Museu do Louvre, em Paris.

Durante cerca de uma hora, percorre-se várias salas ricamente mobiladas e corredores que encerram muitas histórias. O escritório de Joaquim Sotto Maior, onde estava o seu cofre, tinha uma tela nas paredes que provocava insonorização, quando as portas estavam fechadas. Na sala de fumo ou de café, com paredes pintadas, um queimador de incenso chinês centenário, em forma de peixe dragão, dissipava o cheiro a tabaco. E na sala de jogos, onde se jogava cartas, o lustre ajudava ao bluff.

A Vila Madalena, conhecida como Palácio Sotto Maior, chegou a acolher um programa de visitas guiadas, nos anos 1980. Desde então só abriu esporadicamente para eventos privados.

Para aceder ao segundo piso nobre, onde estavam os quartos, passa-se por um vitral de 1926, vindo de Paris, que representa Hera, deusa da fidelidade conjugal. Aos dois quartos de Joaquim e Madalena Sotto Maior seguem-se os quartos das filhas. Os dos filhos estão num piso superior, o que diz muito sobre os costumes de então. Para aceder aos quartos masculinos, usava-se a escada de serviço, logo, os rapazes podiam sair sem ser vistos, ao contrário das raparigas. «Era uma forma de defender a honra delas», contextualiza a guia.

Já na sala de banho principal e sanitário destaca-se o lavatório parisiense pintado à mão e os penicos que são louça de Sacavém. Havia água quente canalizada para banhos, algo pouco comum na altura, assim como a existência de um elevador para a comida no piso dos serviços (a casa tinha mais de 20 trabalhadores internos). Alimentados os olhos com tantas curiosidades, belos pormenores e riquezas, chega-se, por fim, à sala de dança. Sai-se do palácio com um passo mais leve e, bem a propósito, uma das últimas peças à vista representa Orfeu, com ar enlevado pela música.

Onde e quando

Palácio Sotto Maior
Rua Joaquim Sotto Maior, Figueira da Foz
Visitas de hora a hora, das 10h00 às 18h00 (manhãs de sexta reservadas para a infância). Encerra à segunda.
Reservas: [email protected]

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