Primavera em São Miguel: Entre campos verdes e arte contemporânea, na Ribeira Grande

A Gorreana é a mais antiga plantação de chá da Europa de portas abertas. (Fotografia: Adelino Meireles/GI)
A plantação de chá mais antiga da ilha (e da Europa) ainda em funcionamento, e um centro de artes nascido em frente ao mar são algumas dos atrações da costa norte de São Miguel.

# Um museu vivo do chá
Foi a autossuficiência energética que permitiu à Gorreana, fundada em 1883, resistir até aos dias de hoje. Uma visita à fábrica parece uma viagem no tempo.

Seria de esperar que as máquinas centenárias que se encontram ao entrar na Fábrica de Chá Gorreana fossem peças de museu. E são, mas também são as mesmas usadas desde 1926 para transformar as folhas de camellia sinensis em chá. Quem visitar a plantação entre abril e outubro tem boas hipóteses de as ver em pleno funcionamento.

Chá Gorreana (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Na mesma família há cinco gerações, a Gorreana continua a fazer chá segundo a tradição e gaba-se de não utilizar quaisquer químicos nas suas plantações. Depois da primeira Guerra Mundial, abateu-se uma grande crise na produção de chá dos Açores, mas a fábrica conseguiu resistir, em boa parte pela sua autossuficiência energética, conseguida através do aproveitamento de um curso de água que atravessa a propriedade (e que pode ser acompanhado ao longo de um percurso pedestre). Mais tarde foi o turismo que veio ajudar a manter a mais antiga plantação de chá da Europa de portas abertas.

Chá Gorreana (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Quem ali chega, além de uma paisagem de postal, pode contar com uma visita guiada na qual são explicados os respetivos processos de produção do chá verde e do chá preto. O acabamento acontece numa sala no interior, onde um grupo de mulheres escolhe e embala o chá à mão. Os visitantes têm depois oportunidade de provar a bebida quente e conhecer outros produtos da marca na loja à saída. Se o tempo inconstante da ilha o permitir, recomenda-se um passeio pela plantação, 40 hectares de sebes verdes que se desdobram sobre o mar.

 


# Um espaço de e para a arte
Inesperado e imponente, o Arquipélago é uma bonita surpresa à chegada da Ribeira Grande. A intervenção arquitetónica deste centro cultural dá tanto pretexto a uma visita quanto a arte que acolhe.

À entrada da segunda maior cidade de São Miguel, voltado ao mar, impõe-se o belíssimo conjunto arquitetónico do Ar­quipélago – Centro de Artes Contemporâne­as. Inaugurado em 2015, o projeto resulta da reabilitação de uma antiga fábrica de álcool e depois de tabaco, e de um novo edifício criado de raiz para compor o centro cultural. A intervenção arquitetónica, em que predomina o negro da pedra vulcânica, é tanto uma atração quanto a arte que acolhe.

Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Pensado para ser um espaço de criação e divulgação artística, o Arquipélago é composto por diversas salas e ambientes expositivos, salão multiusos, laboratórios artísticos, biblioteca, livraria e espaço de residências. A programação inclui exposições de pintura, escultura e instalações, e ainda lugar às artes performativas com espetáculos de música, dança e teatro.

O centro possui também uma coleção de arte contemporânea, de artistas locais, nacionais e internacionais, que vai integrando as várias exposições. É exemplo a mostra “Chorinho Feliz”, patente até 17 de abril, um conjunto de obras que remetem “para momentos de convívio e de festa” e pretende ser “um olhar às tradições, festas populares, romarias, bailes e mesas postas”.

 

O envolvimento da comunidade é um dos alicerces do Arquipélago, que promove regularmente atividades e workshops para crianças, jovens e adultos. No sábado, dia 26 de março, foi inaugurada a exposição “Transformatório – Themlitz & Companhia”, da artista plástica Susanne Themlitz, nas caves do centro cultural. A instalação será construída com a “interação de várias comunidades” ao longo dos próximos nove meses.

Receber a Primavera no aconchego das Furnas, em São Miguel

 

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