Castelo Branco: heranças albicastrenses

Jardim Paço Episcopal, Castelo Branco. (Pedro Granadeiro / Global Imagens)
Não será numa visita rápida que se poderá conhecer tudo que Castelo Branco tem para oferecer em cultura, lazer e gastronomia. Mas um ou dois dias bem preenchidos são suficientes para passar pelos pontos essenciais.

Imprescindível é uma visita ao MUSEU DA FUNDAÇÃO CARGALEIRO, na zona histórica de Castelo Branco, onde de encontra muita da obra do mestre nascido ali ao lado, em Vila Velha de Ródão. Inaugurado em 2005 – a fundação é mais antiga, já fez 30 anos – instalou-se no Solar dos Cavaleiros, um edifício do século XVIII. Seis anos mais tarde, nasceu outro núcleo, uns metros mais acima.

Museu Cargaleiro (Pedro Granadeiro/Global Imagens)

A paixão de Cargaleiro pela cerâmica está bem explícita no espaço. No edifício antigo mostra-se a sua coleção de cerâmica ratinha, produzida por trabalhadores rurais da Beira, que sazonalmente migravam para o Alentejo. Além desta arte tradicional portuguesa, está exposta também uma coleção de cerâmica de Triana, proveniente do bairro homónimo, em Sevilha. No edifício mais recente está outra parte desta coleção, com obras de ceramistas contemporâneos, incluindo do próprio Cargaleiro. É também neste que se pode ver os quadros coloridos do artista, uma extensa obra que se estende dos anos 1940 até hoje. Uma visita atenta ao museu, que reabre no dia 16 de junho, pode durar um bom par de horas. Depois, é aproveitar o resto do dia para um passeio pela cidade, rica em património e zonas verdes, como o JARDIM DO PAÇO EPISCOPAL – de estilo barroco do século XVIII – e PARQUE da cidade, em frente.

Luís Capelo, do restaurante Capelo’s. (Pedro Granadeiro/GI)

Mas também é preciso compor o estômago e Castelo Branco é boa para isso. Alguns dos mais interessantes restaurantes da cidade nasceram do sonho dos seus proprietários. Isso nota-se na afabilidade com que se é recebido. Como acontece no CAPELO’S, restaurante de ambiente familiar aberto em finais de 2017, que conta com uma carta que se destaca pelos grelhados.

Luís tomou o gosto pela restauração quando trabalhou numa gelataria durante um verão. Depois, trabalhou num bar e em vários restaurantes, cá dentro e lá fora. Andou pela Alemanha e pela Grécia, onde foi responsável por um restaurante de rodízio, e há dois anos achou que era tempo de voltar e abrir um espaço em nome próprio. Foi até buscar a sua irmã Paula, que trabalhava num restaurante no Luxemburgo, para a empreitada.

Principalmente para os apreciadores de carne, o restaurante é um paraíso. Há vários cortes de bovino – picanha, vazia, lombo, chuletón, chateaubriand, costeletas de borrego -, e no porco, destaque-se a raça duroc, em cortes como carré, lombo e lagartinho. Quem não for amantes de carnes grelhadas, tem toda uma carta de “iguarias”, desde cogumelos salteados, espargos verdes salteados, pimentos de Padrón à moda basca, guacamole ou ceviche ou carpaccio de salmão, isto além de risotos – camarão ou cogumelos.
As crianças também têm aqui um lugar de destaque neste espaço. “Sentem-se bem, muitas vezes são elas que puxam os pais para virem”, conta Luís.

Restaurante Cabra Preta (Pedro Granadeiro/GI)

Comida de domingo de uma avó beirã
De cariz mais intimista, o CABRA PRETA, mesmo no centro da cidade, tem outro ambiente e nasceu de um sonho de “dois teimosos”, como Alice de Almeida e Pedro Varão se autointitulam. Antes desta aventura, ela era gestora de recursos humanos e ele bioquímico. No pico da crise económica de há uns anos não conseguiam arranjar emprego. “Ou emigrávamos ou ficávamos a puxar por isto”, diz Alice. Está visto que se decidiram pela segunda opção e o esforço compensou. “Quando estava tudo a fechar, nós abrimos”, daí que o nome do restaurante remeta para a expressão “és teimosa como uma cabra preta”. No fundo, os dois beirões quiseram “puxar pela cultura albicastrense, pela sua herança gastronómica, pela comida de forno e de tacho”.

A ideia foi desde sempre servir “a comida de domingo da casa dos avós” – ensopado de veado, bacalhau no forno ou sarrabulho da Beira são algumas das propostas. Por isso, para a cozinha, procuraram alguém com experiência. E encontraram a cozinheira Madalena, que “cozinha há 40 anos, desde criança”. A decoração não recria uma casa da Beira mas nela se inspira. Até porque muitos dos objetos que lá se encontram vieram da casa da avó de Alice.

Com um espaço amplo – dois andares e um pátio resguardado – conseguiram adaptar-se às novas regras de higiene e segurança para estes tempos de pandemia e vão reabrir portas dia 3 de julho, com horário para aproveitar as tardes quentes da Beira e muitas sugestões de tapas.

A nova vida do Palitão
Pelas suas caraterísticas de espaço e serviço, o Palitão, projeto de Frederico Vinagre, não teve condições para reabrir com as novas regras. Mas isto não quer dizer que o restaurante vá acabar. Já antes da pandemia, Frederico estava a fazer obras num novo espaço, no centro de Castelo Branco, muito mais amplo e com esplanada, “com mais conforto e qualidade para o cliente”. Frederico não quer alterar muito o tipo de serviço, de grande proximidade com o cliente. Porque aqui a ideia é que o empregado ande pelas mesas servindo as guarnições em caçolos: arroz de feijão com hortelã, migas de pão com coentros e alho, feijão verde salteado, arroz basmati, feijão guisado ou tomate fresco com orégãos acompanham os filetes de polvo, chocos à portuguesa grelhados, bacalhau à lagareiro, carrilhada (bochecha de porco em panela de ferro), carnes trinchadas grelhadas, bife à portuguesa ou secretos de porco preto. Sabores de conforto que em breve poderão ser apreciados em segurança.

Hotel Melia (Pedro Granadeiro/GI)

Quarto com vista para a cidade e pores do sol coloridos
O ano passado, o Tryp Colina do Castelo deu origem ao atual Hotel Melia. Não foi apenas o nome que mudou. O hotel ao lado do castelo e com vistas abertas para a zona nova da cidade e para o pôr do sol, foi todo remodelado. Espaçoso e claro, tem 103 quartos (duplos, twins, familiares e premium), spa, ginásio, piscina interior. Uma esplanada apela aos dias de calor e aos ocasos coloridos.




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