Virgílio Nogueiro Gomes conta a história dos alimentos (e partilha uma receita de família)

A romã é um dos alimentos em foco, na mais recente obra do gastrónomo. (Fotografia: Pexels/DR)
O gastrónomo Virgílio Nogueiro Gomes, nascido em Bragança, volta a casa à boleia do mais recente livro, “Histórias e curiosidades à mesa”. Mas também viaja pelo Mundo. E leva-nos consigo.

As raízes transmontanas de Virgílio Nogueiro Gomes estão visíveis no seu mais recente livro, “Histórias e curiosidades à mesa”, no qual chega a partilhar receitas familiares. É o caso do bolo rico de amêndoa e chila, que era reservado para “ocasiões especiais” e comido à mão, o que “garantia a delícia de lamber os dedos com o creme que escorria”, recorda o gastrónomo, natural de Bragança. Ingredientes, preparação e algumas dicas para reproduzir aquele doce em casa surgem no último capítulo, “Receitas, histórias e curiosidades”. Nele, o autor fala de sabores bem portugueses (do pastel de Chaves ao caldo verde, passando pelas amêijoas à Bulhão Pato), não esquecendo os de outras latitudes.

Mas nem só de receitas e memórias se faz este livro, que recupera algumas crónicas de Virgílio Nogueiro Gomes publicadas online, bem como outros textos, abrangendo ainda algumas novidades. Ao longo de mais de 200 páginas, o também investigador do Projeto DIAITA – Património Alimentar da Lusofonia debruça-se sobre alimentos como o café, o chocolate, a romã, os dióspiros, as farturas, o alho e o azeite, entre outros. “Em Trás-os-Montes, ainda se diz que ‘comer sem azeite é comer miudinho’”, assinala o autor, que também analisa a ligação entre o que vai para a mesa e certos momentos históricos. Aí, tanto vem à tona o Ramadão como pratos confecionados em tempos de guerra e fome.

Virgílio Nogueiro Gomes.
(Fotografia: DR)

Nogueiro Gomes aborda ainda assuntos tão distintos como o uso do talher de peixe, o “mata-bicho” (pequeno-almoço), as sopas de cavalo cansado (descritas como “sopas de vinho adoçadas”, que conhecem diversas receitas) ou como seria escolher uma última refeição. A este propósito, lembra José Jorge de Figueiredo, condenado à morte pela forca em 1843, em Bragança, e alvo de devoção. “A população local considerava-o um injustiçado”, contextualiza o gastrónomo, num texto que termina com referências a pão de ló, arroz-doce e leite-creme queimado com ferro.



“Histórias e curiosidades à mesa”, de Virgílio Nogueiro Gomes
Marcador
232 páginas
PVP: 16,90 euros



Uma receita de família retirada do livro:
Bolo rico de amêndoa e chila

Ingredientes

500 g açúcar
500 g miolo de amêndoa sem pele
500 g doce de chila
18 gemas

Preparação

Bater as gemas com o açúcar até obter um creme fofo e esbranquiçado. Juntar-lhe o miolo de amêndoa, passado duas vezes pela máquina de picar, e o doce de chila. Levar a massa a cozer em forma untada de manteiga e polvilhada de farinha. Depois de cozido (a 180º, durante uma hora), decorar o bolo com pedacinhos de doce de chila.




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