Os flamingos que costumam estar nos sapais de Castro Marim já nem se importam com a passagem do grande «pássaro» pilotado por Pedro Cotovio, empresário de 47 anos que em boa hora decidiu arriscar na criação da Sky Xpedition, a «única» empresa a fazer turismo aéreo com recurso a um autogiro em Portugal.
À primeira vista o aparelho, construído na Eslovénia com tecnologia alemã, parece quase um helicóptero de brincar, mas visto de perto logo se percebe que é uma aeronave a sério, e mais estável do que possa parecer. Na verdade é um autogiro que descola e aterra na horizontal para «ganhar velocidade e rotação de voo», explica Pedro.
As salinas de Castro Marim são uma das paisagens sobrevoadas pela Sky Xpedition. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)
Segundo o piloto da aeronave, uma das vantagens do autogiro é que consegue voar com praticamente qualquer condição meteorológica, desde que não seja severa ou não haja nevoeiro. Como a bordo do autogiro só pode seguir um passageiro além do piloto, a experiência é exclusiva, e Pedro vai explicando tudo o que se vê a 300 metros de altura.
A uma velocidade máxima de 170 quilómetros por hora, dependendo da duração do voo, pode sobrevoar-se a orla costeira de Monte Gordo, Cacela Velha e Vila Real de Santo António, observar-se as salinas e os sapais da Reserva Natural de Castro Marim e os seus flamingos, e ainda admirar a geometria dos campos agrícolas e das urbanizações.
Sobrevoando a praia, conta Pedro, não são raras as vezes em que também se consegue observar golfinhos, assim como o bonito pôr-do-sol do sotavento algarvio. Consoante a disponibilidade económica de cada um, há viagens que se podem estender até bem longe, e inclusive até fora do território algarvio.
Pedro Cotovio faz voos turísticos neste autogiro construído na Eslovénia. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)
Para ter esta experiência com a Sky Xpedition há que procurar a ecopista da Praia Verde – certificada pela Autoridade Nacional de Aviação Civil –, que até há bem pouco tempo estava desativada. É ecológica porque foi estabelecida de forma natural e não tem instalações. O aparelho é transportado num atrelado-hangar de 10 metros de comprimento, puxado por um jipe.
A experiência de se lançar aos céus, de resto, já não é estranha para Pedro Cotovio. «Comecei em 1996 com passeios todo o terreno, e ao fim de um ano, como começou toda a gente a fazer isso, comprei um balão de ar quente». Durante doze anos voou com um dos maiores balões da Europa, a partir de Alcácer do Sal, mas por causa da meteorologia só conseguia voar uma em cada dez vezes.
Nessas ocasiões fazia passeios de barco para compensar os clientes. Depois foi para os Açores com um trike de asa delta, mas mais uma vez comprovou que o vento era inimigo da sustentabilidade do negócio. Até ter tido a ideia de trazer para Portugal, e para o Algarve, este «avião de asa rotativa», ou autogiro, inventado pelo engenheiro aeronáutico espanhol Juan de La Cierva em 1923.
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