Uma viagem pela mediterrânica e “caliente” Costa Blanca

As praias, o bom tempo e as águas quentes do Mediterrâneo são cartões de visita que colocam todos os anos a comunidade valenciana nas rotas de verão. Alicante tem, no entanto, outros percursos além do areal. Incontornável só mesmo o arroz alicantino. E, claro, o torrão.

É uma visão vertiginosa aquela que se tem do último andar do Castelo de Santa Bárbara. Contam-se mais de 160 metros desde o patamar superior da fortaleza até à baía, onde o azul forte do Mediterrâneo domina a paisagem. Porquê Costa Blanca, se é de mar que se faz esta terra? Rosel Javaloy, guia turística, ri-se e confessa: «Uma das minhas frases preferidas sobre Alicante pertence ao escritor alicantino Gabriel Miró, que disse “Mi ciudad está traspasada (trespassada) de Mediterráneo”. E é verdade. Mas olhem à volta», convida, apontando para a montanha clara, para o monte Benacantil, onde se encaixa a fortaleza de Santa Bárbara e para a costa coberta de areia fina. Tudo está iluminado por uma tonalidade branca. «Há pouco verde por aqui. É rocha e areia. Até o arroz e o torrão são brancos», diz, em jeito de brincadeira.

Há quem diga que o melhor local para conhecer a história da cidade é precisamente o Castelo de Santa Bárbara, de onde se tem vista para o bairro colorido de Santa Cruz, dos Pescadores e de Albufereta, onde terá nascido a cidade romana de Lucentum, que deu origem a Alicante. O monumento é de tal importância que a província espanhola prepara a sua candidatura a Património da Humanidade da UNESCO.

Dentro da muralha encontram-se traços da formação original da fortaleza, construída pelos árabes no século IX e, mais tarde, conquistada Afonso X. Veem-se vestígios do ataque de uma armada francesa, que bombardeou toda a cidade ao longo de dois dias, em 1691. De um passado mais recente – 1936 a 1939 – ficaram as assinaturas de prisioneiros fascistas gravadas nas pedras de um dos pátios do castelo. «Após a vitória de Franco, os prisioneiros passaram a ser os republicanos, que deixaram também inscrições no solo», aponta Rosel. Os factos históricos podiam continuar a ser narrados por outros patamares desta fortaleza, que tem no seu interior o Museo de la Ciudad de Alicante.

«Há pouco verde por aqui. É rocha e areia. Até o arroz e o torrão são brancos»

Se depois de um banho de cultura, a vontade for de refrescar as ideias na praia, a alternativa podem ser os dois ascensores, que devolveram vida à fortaleza em 1963, depois de um quase abandono do monumento. A descida de 142,70 metros pelo interior da montanha é gratuita, mas para subir é necessário adquirir bilhete (2,70 euros). Os ascensores encontram-se ao fundo de um túnel com 204 metros de comprimento, junto à praia do Postiguet, uma das mais populares da cidade e com um calçadão que se estende até à zona da marina. É aí que se encontra o Museu da Volvo Ocean Race, competição que regressa ao porto de Alicante a 14 de outubro.

É do cais que partem também os jetboats amarelos da Deportes Nauticos Alicante. A atividade radical foi a última a juntar-se a outras como mota de água e flyboard e trata-se de uma viagem de 30 minutos a alta velocidade pela costa até ao Cabo de las Huertas, com direito a manobras, voltas de 360º dentro de água e travagens bruscas.

Em alternativa, há viagens calmas a sair do porto de Alicante em direção à ilha de Tabarca, onde não vivem mais do que 60 habitantes. Esta antiga base de piratas berberes é agora famosa pela sua reserva marinha. Snorkeling e scuba diving são algumas das atividades para pôr em prática depois do percurso de uma hora pelo Mediterrâneo, seguidas de um desporto de faca e garfo: o de provar o caldero da ilha, tradicional caldeirada de arroz de peixe.

Arroz é, aliás, um bom tema de conversa para manter com os alicantinos, orgulhosos do seu prato tradicional. Não vale a pena falar em «paella», que vão responder em «arroz».

A cada solstício de verão as praias recebem as hogueras de San Juan, festas de grande escala que levam ao rubro os habitantes da cidade

A distinção é propositada e motivo de rivalidade entre Valência e Alicante. «O arroz de Valência tem muitos ingredientes. O nosso é feito com peixe, marisco e verduras. Damos mais importância ao arroz», defende Antonio Agustin Pérez, que gere o Dársena, a «arrocería» fundada pelo seu pai há mais de 55 anos. O restaurante oferece vistas para a marina e um menu com uma seleção alargada de 20 «arroces», para dividir. La Banda, com gambas e calamares, ou Alicantino, com mexilhão, são duas opções populares, mas a variedade não se esgota aqui. Há inclusive diferentes tipos de grão, que Antonio expõe à entrada do Dársena: o arroz Albufera é para pratos mais secos, Marisma para intermédios (entre o seco e o «caldoso») e J. Sendra para sobremesas. Para a despedida, nada como pedir uma bola de gelado de outro dos sabores característicos desta cidade: o torrão de Jijona.

Alicante além-mar

Já com a barriga cheia percorre-se as ruas, que a cada solstício de verão se transformam para receber as hogueras de San Juan (Fogueiras de São João), festas de grande escala que levam ao rubro os habitantes da cidade. Em junho, atravessar Alicante dá direito a ver espetáculos de pirotecnia e gigantes figuras de papel e cartão construídas por cada bairro, que estão no centro da festa e competem entre si. Vencedoras ou não, nenhuma se escapa da grande queima, em que só se salvam as figuras satíricas vencedoras do ano, os ninots. Os trajes das belezas e das damas do fogo, que «amadrinham» a festa, as fogueiras na praia e o fogo de artifício que assinala o arranque da queima estão reservados aos dias 20 a 24 de junho. Já nos restantes dias do ano pode passear-se pelos mesmos locais de forma tranquila. O longo Paseo de la Explanada convida, por exemplo, a uma paragem para provar a horchata, bebida vegetal – feita a partir de um tubérculo que se parece com um fruto seco – e que é consumida pelos alicantinos da primeira à última refeição do dia. Diz quem sabe que a melhor versão artesanal se prova na gelataria Kiosko Peret, há mais de cem anos na Explanada.

Para viver a experiência gastronómica alicantina é necessário tapear no Mercat de Alicante

Rambla acima, encontram-se bares, restaurantes e uma das praças românticas da cidade, a Portal de Elche, que tal como a Praça Gabriel Miró se distingue pelas árvores frondosas. A rua que as liga é das mais fotografáveis de Alicante, graças às cores que pintam o chão e aos cogumelos que a câmara escolheu para decorar a artéria pedonal. O edifício do órgão municipal fica a uns minutos de distância, e pode ser visitado, assim como a imponente Concatedral de San Nicolas de Bari, do século XVII, que preserva os antigos claustros e elementos da arquitetura barroca espanhola.

É por esta zona da cidade que se encontra boa parte da oferta turística, entre a qual está o Fondillón, o restaurante do único cinco estrelas da cidade, o Hotel Hospes Amérigo, que leva o nome do vinho doce da região. Vale a pena dedicar-lhe, pelo menos, uma noite, pois o sabor é equivalente à apresentação cuidada dos pratos que vão chegando à mesa: arroz meloso de boletus e atum braseado, antes de uma tarte tatin.

Já para viver a experiência gastronómica alicantina é necessário subir umas ruas para tapear no Mercat de Alicante, onde os habitantes se juntam para «picar» aos sábados de manhã. Compram-se queijos, enchidos, pão e uma cerveja ou um vinho. Para quem visita pela primeira vez, são também incontornáveis as bancas dedicadas ao doce da cidade: o torrão. Fora do mercado, há ainda várias lojas a vendê-lo, como a Turrón 1880. Chocolate de leite, preto, sem açúcar, para barrar no pão ou nos seus formatos mais populares: da localidade de Jijona (mole e com a amêndoa triturada) ou duro, tradicional de Alicante. O melhor é guardar espaço na mala para esta especialidade. É que Alicante é tão caliente como doce.

Como chegar
A rota direta entre Lisboa e Alicante foi inaugurada a 10 de junho pela TAP. Todos os dias, há um voo a ligar as duas cidades.

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