Tem nome de mulher, mas não precisa de se fazer passar por gente para mostrar personalidade. A insígnia hoteleira sul-americana Selina chegou ao Porto – e a Portugal, e à Europa – em setembro, cheia de sonhos e ambições. De um lado, a vertente de negócio, com a promessa de abrir mais de vinte hotéis em solo nacional nos próximos quatro anos. Do outro, a ligação à cidade onde se implementou, trazendo a bordo os artistas locais e a própria população. «Não é um hotel urbano se não for aberto à comunidade», esclarece Sara Alho, diretora de experiência, com alguma cautela no uso da palavra «hotel».
«Um hotel pode ser considerado uma seca, e um hostel dá a ideia de confusão», explica, apontando para o terreno intermédio que sobra entre os dois estilos: o conforto do primeiro com a descontração do segundo. Essa é uma das marcas da Selina, não apontar a classes sociais específicas, disponibilizando tanto dormidas em camas de rede como estadas em suites de assinatura. No Porto, as redes ficaram de fora, mas há 160 camas em dormitórios (de quatro, seis e oito hóspedes) e dezoito quartos privados, números que estão sujeitos a aumentar, com vários espaços da casa ainda por destinar.
Boa parte dos quartos privados ficam no jardim, um grande trunfo do Selina, inesperado para quem percorre a serventia que faz de átrio, cheio de recantos para aproveitar os dias secos, entre pufes, bancos de jardim, espreguiçadeiras. Os quartos, esses são espaçosos q.b., desimpedidos, sem televisão mas alguns deles com gira-discos, e amplas janelas a toda a largura (e altura) da parede exterior.
As áreas sociais são, nota-se, cartada forte. Um bar de ambiente rústico cool aberto até à uma da manhã, uma simpática cafetaria (com acesso pela rua), onde também são servidos os pequenos-almoços, a ideia de criar programação regular de workshops, DJ sets, festas que juntem portuenses e viajantes. Tudo isto fica no pisto térreo. No superior, mais voltado para os hóspedes, há ainda uma recatada biblioteca, sala de cinema e cozinha comunitária, três espaços comuns a todos os hotéis Selina. Ainda que a filosofia do grupo seja fugir à padronização. Mas basta entrar no número 61 da Rua das Oliveiras, a dois passos da praça de Carlos Alberto, para perceber que este ambiente e esta decoração não podiam ser pré-fabricados.
Tacos no jardim
Não há restaurante (para já), mas no jardim há uma food truck de aspeto vintage, especializada em tacos. Um segredo aberto a não hóspedes.
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