«O meu avô gostava tanto de Tuias que o meu pai nasceu, por azar, em Lisboa [risos] e ele mandou levar um caixote de terra para que o bebé nascesse em território de Tuias», começa por explicar Inês Maria, um dos quatro rebentos da família. Foi precisamente com ela, ainda bebé, que José Maria e Maria Inês se mudaram para a Casa do Outeiro, deixando o Porto, há 27 anos.
Enquanto oferecem limonada fresca junto à piscina, em jeito de boas-vindas, Inês Maria e o pai explicam que o alojamento local ocupa parte do solar, por sua vez inserido numa propriedade de 30 hectares. O bonito edifício foi construído em três fases. A primeira, a casa onde vivem os Sousa Guedes, é de 1618. A capela, ao centro do imóvel e com ligação pelo interior às duas casas, é de 1707 – inicialmente construída do outro lado do terreiro em frente à casa, foi reconstruída no século XVIII para ficar ao centro do novo solar, supondo-se que pela mão de um discípulo de Nicolau Nasoni. A fase mais recente da habitação remonta a 1902.
A aposta no turismo, essa, é recente. O alojamento local abriu em 2013 e os quartos foram entretanto remodelados e dotados de casas de banho privativas. Sempre com respeito pela traça arquitetónica do imóvel.
É neste património único, riquíssimo, que os hóspedes se instalam como se estivessem na sua própria casa. Maria Inês é a anfitriã, embora todos os elementos da família sejam parte ativa na gestão do negócio. Advogada faz-tudo, mete a mão no mais ínfimo pormenor da casa e do serviço, do mobiliário antigo restaurado à criação dos tapetes de Arraiolos, passando pela estofagem de cadeirões e sofás ou pela confeção de compotas – como as de uva branca e de kiwi da região.
Em Tuias, «não há bem uma hora limite para o pequeno-almoço», diz a matriarca, que acrescenta: «Quando há pouca gente, perguntamos aos hóspedes o que querem para o pequeno-almoço. Mas, em geral, tentamos ter um bocadinho de tudo. E ter sempre um miminho diferente». E, tendo de tudo à volta da mesa comprida da sala de refeições, o que nunca pode faltar é o bolo, de laranja ou iogurte, acabadinho de sair do forno.
Lá fora, há percursos pedestres marcados na quinta, que encerra vinhas, campos de cultivo e zona de pinhal. José Maria foi vitivinicultor durante muitos anos – a sua família esteve sempre ligada ao setor – e recentemente arrendou as vinhas que circundam a casa a um amigo, que investiu na sua modernização e retomou a produção da marca Quinta de Tuias. Num dos edifícios de apoio à casa principal, os Sousa Guedes querem criar uma enoteca, onde pensam organizar provas daquela referência dos Vinhos Verdes, jantares vínicos e workshops gastronómicos, entre outros eventos enogastronómicos.
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