A antiga mercearia que agora é hotel em Ponte de Lima

Foi uma importante mercearia no centro de Ponte de Lima e, em 2011, transformou-se em casa de turismo de habitação, sem esquecer o seu passado -aliás, ostenta-o com orgulho, na sala onde hoje são servidos os pequenos-almoços, outrora tertúlia onde tudo se discutia.

Durante décadas, o aroma do café a torrar envolveu o centro histórico de Ponte de Lima. Saía do torrador que Rodrigo Fernandes Melo instalava à entrada da sua mercearia Pérola da Matriz, hoje transformada em casa de Turismo de Habitação – Mercearia da Vila. Atraía clientes com o cheiro do café vindo de São Tomé e Príncipe e do amendoim que também torrava à porta do estabelecimento. Esta memória faz parte de muitos limianos e quem a conserva com um carinho especial é Rodrigo Melo, filho do merceeiro, que, em 2011, transformou o edifício da mercearia em casa de turismo de habitação, sem lhe estragar os traços e valorizando a sua história. Chamou-lhe, acertadamente, Mercearia da Vila.

Rodrigo conta que foi o seu avô Manuel Ramos Melo que em 1906 adquiriu a loja, onde na altura se vendia tecidos. Desse tempo, existem ainda os armários envidraçados que cobrem as paredes. Existe também o cofre comprado pelo avô e os vários livros de contabilidade que o pai foi acumulando ao longo dos anos. A mercearia, agora adaptada a cafetaria onde os hóspedes tomam o pequeno-almoço, é uma espécie de museu. Nas velhas e cuidadas prateleiras estão expostos objetos antigos como moinho de café manual, garrafas antigas, um cortador de sabão outro de bacalhau.

A mercearia foi também espaço de encontro, onde os limianos discutiam tudo, inclusive política. «O meu pai era de direita, ligado à Igreja, mas tinha amigos de esquerda. Juntavam-se todos na mercearia a discutir política», conta Rodrigo. Mas quanto ao negócio, não era conservador. «Sempre foi adepto das novidades. Foi dos primeiros a vender produtos de plástico e pastas de escola. Tinha rações para pombos correio, cestos de verga e serviços de louça», diz. Além disso, em tempos de crise e guerra, quando tinha de racionar certos produtos, como o arroz, «escondia-os numa parede falsa, isso e a aguardente que não podia vender legalmente, bem como produtos de contrabando», lembra.

Rodrigo faz questão de explicar a história do sítio a quem se interessar. E quando se reformar – é professor de Matemática – quer fazer algo mais com o espaço, abrir as suas portas ao público geral, como acontecia até ao ano passado, que funcionava como café aberto ao público. Por falta de disponibilidade, teve de fechar.

É nos andares superiores do edifício, a casa onde viveu a família, que se encontram os seis quartos, todos eles com nomes que remetem para o que se vendia na mercearia – açúcar, sabão amarelo, pimentão vermelho, chocolate, chá verde e canela. Sem luxos, decorados com cores alusivas aos produtos e alguns objetos da antiga casa, os quartos são simples, apelando ao descanso.

 

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