O lado autêntico de Vilamoura além da marina

Porto de iates de luxo e de festas, o complexo turístico revela uma surpreendente autenticidade nos detalhes do seu mais recente resort e em alguns novos pratos feitos com os produtos mais frescos de água doce e salgada. Enquanto as gentes da terra recuperam ofícios ancestrais, resgatam-se os valores que tornam Vilamoura mais que um destino de sol e praia.

A generosidade do mar dita a frescura de qualquer carta de peixe e o chef executivo Bruno Viegas, algarvio de gema, sabe-o melhor que ninguém na cozinha do Restaurante Ria. O mar costuma dar-lhe pargo, corvina, garoupa, pregado, linguado, salmonetes, carapaus e sardinhas, robalo e dourada. Mas no dia em que a Evasões lá esteve, fora o souschef Luís Cristina a escolher os dois últimos da banca de um pescador local, no mercado de Loulé, de estilo neo-árabe, inaugurado em 1908 e renovado em 2007.

Os hóspedes costumam lá ir, também com o souschef David Luísa, para escolher o melhor peixe. De volta ao resort, têm a oportunidade de aprender a escamar e grelhar o peixe no carvão, enquanto o “guru” do vinho António Lopes prepara uma seleção de brancos, numa pequena amostra do serviço de aconselhamento especializado e visitas a adegas que os hóspedes podem solicitar.

A proximidade do mar «com excelente peixe, e da Ria Formosa, com excelentes mariscos, ostras e amêijoas» levou o Ria a prestar-lhe tributo, com uma sala inspirada nas marisqueiras e uma esplanada aromatizada pelo ar algarvio. As amêijoas à Bulhão Pato, a cataplana e o peixe grelhado – que os hóspedes podem escolher de uma cesta de vime que um elemento da equipa apresenta de manhã na piscina – são fortes pretextos para sair da espreguiçadeira por umas horas e sentar à mesa, onde as ostras da Ria Formosa, as gambas cozidas e a sapateira recheada também reclamam protagonismo.

O restaurante serve em loiças moldadas por artesãos, reflexo de como o resort está de mãos dadas com a comunidade local. À chegada, os hóspedes são recebidos com um sumo de laranja, água com infusão de alfarroba, amêndoas secas e figos. E depois seguem para o seu recolhimento, no Anantara Vilamoura Algarve Resort. Herdando os 280 quartos do antigo Tivoli Victoria, o Anantara reabriu no primeiro dia de abril como a primeira unidade da cadeia tailandesa na Europa.

O Projecto Tasa trabalha o barro, a cana, a cortiça, a madeira, o linho, a palma, o vime e, mais recentemente, a latoaria.

Modernizou os quartos com materiais em madeira e fibras naturais da região, em tons neutros, e fundiu a atmosfera balnear do sul com o exotismo asiático, que ali é facilmente recriado pelo verde das altas e finas palmeiras que marcam a vista de muitos dos quartos. Uns reservados especialmente para as famílias e crianças, outros guardados para o sossego dos casais, todos com grandes camas na varanda. Nas 17 suítes do Anantara, encontram-se sacos de praia tecidos à mão, bases de copos em cortiça e cerâmica locais, tudo fabricado num projeto algarvio que recupera o artesanato tradicional com um toque contemporâneo.

O Projecto Tasa, gerido pela Proactivetur – Turismo Responsável com o apoio Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve, juntou um elenco de artesãos locais e cerca de uma dezena de designers portugueses e internacionais na criação de peças. Desde 2010, que trabalham o barro, a cana, a cortiça, a madeira, o linho, a palma, o vime e, mais recentemente, a latoaria. As cestas, talheres, ânforas, malas e demais utensílios levaram Vânia Gonçalves, que sempre gostou de design, a apaixonar-se também pelo Algarve – onde já vive há dois anos, sem esquecer as origens nortenhas – e hoje é ela que, como responsável de marketing do projeto, guia os visitantes pela loja no hotel (a loja-mãe é em Loulé) e pelas histórias dos artesãos. E não perde tempo a assegurar que «as pessoas da serra», como a de Alte, «têm algo especial».

Uma das formas mais rápidas de chegar desde o resort até àquela que Vânia descreve como a «vila mais típica do Algarve» é sentado numa das motas de três rodas da Trike Experience. Esta empresa de experiências nasceu em 2013 depois de José Faísca, amante de motas desde criança, ter feito um passeio do género em Palma de Maiorca. Comprou três motas da marca alemã Rewaco, cujo design é capaz de atrair todos os olhares, e juntou-lhes recentemente uma quarta, branca, de mudanças automáticas, ora conduzida pela filha, Jéssica, ora por Bruno Reis, cunhado de José. Pode alugar-se a frota durante uma manhã, com um guia à frente para controlar a velocidade, mas a maioria dos passeantes gosta de ser conduzido pela estrada que serpenteia a serra de casarios dispersos e a vegetação do barrocal algarvio.

No Salmora – Live Kitchen & Bar são valores seguros o cone de tártaro de atum com maionese de wasabi, a açorda de amêijoas da Ria Formosa com ovos BT e migas crocantes ou o ceviche.

«A filosofia é sempre o turista escolher o tipo de percurso que quer, entre costa e montanha», diz Bruno ao guiador. Entre os cerca de trinta quilómetros que distam de Vilamoura a Alte, para-se no mercado de Loulé, em Querença, e pode-se parar no recanto da serra em que a ribeira de Alte oferece uma piscina natural.

Nesta viagem por Vilamoura, encontram-se outros forasteiros que não voltaram depois de chegar ao Algarve. Daniel Azenha fixou-se ali quando foi convidado para integrar a nova equipa do Salmora – Live Kitchen & Bar nas imediações da marina, aberto no verão de 2015. Desde março do ano passado, é ele que dá ordens na cozinha totalmente aberta – e filmada numa transmissão em direto para vários pontos do restaurante –, revelando a carta de sabores portugueses, sul-americanos e asiáticos desenhada pelo chef Manuel Perestrelo, colecionador de experiências Michelin.

São valores seguros o cone de tártaro de atum com maionese de wasabi, a açorda verde de amêijoas da Ria Formosa com ovos BT e migas crocantes ou o ceviche de peixes brancos, vindos diretamente de um dos melhores vendedores do mercado municipal de Faro. No bar, há uma carta de 40 cocktails e 20 gins assinada por Stacie, uma russa tímida que dá nas vistas quando a bebida harmoniza perfeitamente com os pratos. Comer e beber no Salmora é sentir mais uma vez a autenticidade da terra e mar algarvios, que ali não significam apenas praia e mergulhos. Este é o lado autêntico de Vilamoura.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

Leia também:

AL.MAR: novos petiscos à beira-mar em Vilamoura
Hotel clássico do Algarve reabre agora com 5 estrelas
Grupo Dom Pedro adquire 5 campos de golfe de Vilamoura




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend