No work, no pressure, no traffic, no boss. Os nomes dos quartos são reveladores do que pesava na vida de Marta Guevara, 38 anos, como diretora técnica de uma farmacêutica na Avenida de Roma, em Lisboa. Quando o filho Francisco começou a crescer-lhe no ventre, fruto do casamento com Tiago, que trabalhava na consultora PwC, veio-lhes à mente o desejo de mudar para um estilo de “vida mais saudável” e pausado e “um ambiente favorável” para o ver crescer. Foi nessa altura que descobriram a propriedade do Conversas de Alpendre, em Vila Nova de Cacela, à venda na Internet.
Quando rumaram a sul de malas e bagagens, em 2016, Francisco ainda mal gatinhava. Encaixaram-se os três num quarto, estavam então os apartamentos “entregues às empregadas”, que os mantinham depois de o dono abandonar o projeto (o sonho era da mulher, de quem se divorciara). Estava aberto “há uns seis anos”, mas “não havia piscina nem alpendre”, recorda Marta com boa disposição, sentada à beira da atual piscina de água salgada e aquecida que faz as delícias dos hóspedes de todas as idades.
Pouco a pouco, foram fazendo jus ao nome Conversas de Alpendre, recuperando a fonte e o altar que ali existiam e o edifício, todo em branco, com materiais como o microcimento, madeiras naturais e azulejos de Santa Catarina. Nasceu assim o espaço aberto que acolhe hoje espreguiçadeiras, sofás e a zona de refeições para o pequeno-almoço “sem hora de acabar” e o jantar. “Aqui conseguimos fazer aquilo de que gostamos”, justifica a empresária.
A gastronomia, deixou-a entregue às mãos do chef Gonçalo Esteves, também ele vindo de outras vidas até chegar à cozinha, ligadas a setores como a banca e os produtos hospitalares. De manhã, cada hóspede diz apenas se vai querer carne ou peixe (também há opções vegetarianas). Ao jantar, ninguém sai insatisfeito, sendo a refeição composta por amuse bouche, entrada fria, entrada quente, prato principal e sobremesa. Tudo depende do que há nos mercados de Tavira e Vila Real de Santo António, onde Gonçalo vai abastecer-se.
A faceta familiar do Conversas de Alpendre (os pais e o irmão de Marta – piloto em terra por causa da pandemia – ajudam em tudo o que é preciso) é outro dos trunfos e explica porque alguns antigos clientes continuam a procurar o hotel paratemporadas de sol e bem-estar. De todo o alojamento, distribuído por 10 quartos e suítes, com e sem terraço e decoradas com simplicidade e elegância, destacam-se o logde e a casa da árvore. Se o primeiro é um quarto de luxo camuflado atrás de uma pilha de todos de madeira, com piscina e cama no exterior; o outro é um sonho
de criança para qualquer adulto.
Erguida numa alfarrobeira a 6,5 metros de altura, suficientes para dali se ver o mar, só lhe falta ter cozinha para ser uma verdadeira casa. Mas tem um terraço privativo com baloiço, num piso inferior, e um chuveiro king size entre as comodidades. É o quarto mais cobiçado do Conversas de Alpendre, e na verdade nasceu de uma empreitada de José Carlos, que quis oferecer uma casa na árvore verdadeira ao neto. Segundo conta Marta, foi ele próprio que a construiu. Claro que o pequeno Francisco também não ficou a perder: no terreno onde vivem, mesmo ao lado, tem
uma casa só para ele, e pode brincar à vontade.
+ O que fazer à volta
Comer na Manta Rota
O restaurante Chá com Água Salgada, a oito minutos do hotel, reabriu em abril e tem novo serviço de takeaway. O espaço, de arquitetura moderna, fica em cima da praia.
Estender a toalha em Cacela
A Praia da Fábrica, eleita pela Condé Nast entre as “15 melhores do mundo”, fica a uns quilómetros do hotel e encontra-se dentro da Ria Formosa. Quem quiser pode levar cestos de piquenique para passar lá o dia.
Longitude : -8.2245