Porto: dop apresenta-se de cara lavada, com nova carta, cocktails e DJ

A zona de bar do recém renovado dop. (Fotografia de André Rolo/GI)
O chef Rui Paula deu uma grande volta ao dop, mas sem o tirar do mesmo sítio. Esteticamente mais trendy, o espaço mantém o mantra: cozinha cheia de alma e carregada de sabor. Melhor dito: ainda com mais sabores e saberes.

Sabe quem o conhece: Rui Paula buscava há algum tempo o “ponto de rebuçado” do dop, restaurante que abriu no Porto vai para década e meia. Mantendo embora o requinte e a qualidade, o espaço pairava entre as outras duas obras-primas do chef: o DOC (Folgosa, Armamar) e a Casa de Chá da Boa Nova (duas estrelas Michelin, em Leça da Palmeira). Deixou de pairar, graças à (grande) volta na estética e no conceito do projeto.

O dop mudou de cara, mas a localização é a mesma. A morada continua a ser o Palácio das Artes, no Largo de São Domingos. (Fotografia de André Rolo/GI)

O dop transformou-se num lugar mais moderno, repleto de cores e espelhos. (Fotografia de André Rolo/GI)

As mãos do arquiteto portuense Sérgio Rebelo transformaram o dop (agora escrito com minúsculas) num lugar trendy. Há um bar e há petiscos. Há cocktails e há DJ (às sextas e sábados, das 23 à 1 hora). Há cores várias e há espelhos. Há um sítio instagramável, para usar um neologismo caro aos fãs das redes sociais. E há um paradoxo: a modernidade enxertada no espaço casa com a ancestralidade dos sabores. Vale o mesmo dizer: no dop, a comida é memória, o que significa que passou a existir um novo dop no mesmo dop.

Arroz merendeiro com frango assado. (Fotografia de André Rolo/GI)

O arroz merendeiro com frango assado, feito com as mesmas milimétricas regras seguidas pela avó de Rui Paula entregue na mesa dentro de um elegante cesto de piquenique, é superlativo. A ementa, integralmente renovada, concretiza na perfeição o novo conceito do dop: camadas de sabor a seguir a camadas de sabor. Vindas de todo o lado, mas preservando as raízes a que o chef se agarra desde sempre. Por aí andam também a pá de cabrito (para duas pessoas), o leitão e, claro, o cozido à portuguesa.

Hambúrguer de lavagante. (Fotografia de André Rolo/GI)

O ceviche de robalo e o frango satay com um portentoso molho de amendoim e uma cativante pasta de caril vermelho, por exemplo, atiraram-nos para outros pontos do planeta. E nisso não há mal nenhum: acicatado como está, o palato aceita desafios mais aguerridos. Que, de resto, é possível acompanhar com igualmente aguerridos cocktails, como o Lunático, que, fazendo jus ao nome, mistura, entre outras coisas, gin e jalapenho.

Cocktail Lunático, com gin e jalapenho. (Fotografia de André Rolo/GI)

Nas sobremesas como no resto: sentidos em riste. A partir do soro do leite, nasce uma tão delicada quanto extraordinária tarte. Coisa de truz. A leveza da maçã, acompanhada de coco e miso, é outra pequena obra de arte gastronómica.

O chef Rui Paula abriu o restaurante há década e meia. (Fotografia de Leonel de Castro/GI)

Memória. Sabores. Saberes. Eis a trilogia que permitiu a Rui Paula encontrar, na hora certa, o lugar certo para dop. Que o tenha feito sem abdicar do eixo da roda (isto é: dos valores de que recusa abdicar) é mais uma prova de maturidade. Do chef e das equipas que o acompanham.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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