É uma espécie de restaurante-museu, sossegado e cheio de tesouros – no caso, os pratos, em que o bacalhau divide protagonismo com o azeite, a história do espaço e a sua localização. O Lagar de Valinhas abriu portas, em julho do ano passado, no sítio onde funcionou um lagar do século XIX, um canto tranquilo, junto ao rio Nevoinho, a pouco mais de dez quilómetros de Ponte de Lima.
A casa sofreu obras que lhe deram paredes cor de tijolo e um ar moderno, elegante; mas não apagaram as marcas do passado, presente através de velhas fotografias e não só. À vista continuam mós e capachos, “onde ia a azeitona moída que era prensada para fazer o azeite”, e o carrinho que levava os capachos para a prensa foi convertido em expositor de vinhos. As explicações são dadas por José Manuel Barros, chefe de cozinha responsável pelo restaurante e um filho da terra: este projeto trouxe-o de volta a Vitorino dos Piães, após ter trabalhado noutros locais.
Pão e azeite produzido ali, num lagar mais recente, antecedem a especialidade da casa: o bacalhau, servido de várias formas. Um dos pratos mais pedidos é o bacalhau à outono, assado no forno com batata a murro, grão-de-bico e castanhas – e muito azeite. Outra opção é “o belo do lombelo”, uma peça de carte que é grelhada e depois levada ao forno com queijo e bacon. Há ainda pratos vegetarianos, feitos na hora.
José Manuel, além de dirigir a cozinha, serve quase de guia: explica como se processava a transformação das azeitonas em azeite e recorda que ali também funcionou um moinho. Ao som da água a correr junta-se agora uma música suave. O ambiente quer-se calmo, por isso, não há televisão nem wifi. Nada que distraia daquele que é, afinal, o motivo principal para uma visita: comer com gosto – e tempo.
Caminho de Santiago
O Lagar de Valinhas fica no Caminho Português Central para Santiago de Compostela, sendo frequentado por muitos peregrinos. Há uma esplanada pensada especialmente para eles, nas traseiras do restaurante, junto ao rio.
Longitude : -8.617054800000005
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