Abriu portas em 2019 com o objetivo de fazer brilhar a cozinha de fogo no Bairro Alto, mas a chegada da pandemia encurtou as apresentações e o tempo para se dar a conhecer. Um timing ingrato que se compensa este verão, com a chegada do Queimado ao paredão da Costa de Caparica em formato pop-up, estando disponível até novembro, pelo menos. A aproximação ao mar faz-se junto à Praia do Norte, dentro do restaurante e bar Palms Dr. Bernard, com uma carta própria onde a cozinha a carvão continua a ser a protagonista, ainda que agora com maior presença de mar e do mundo vegetal.
“É uma versão que condiz mais com a Caparica. Quando conheci esta zona, fiquei a adorar a energia da Costa, bem diferente da de Lisboa”, explica Shay Ola, o chef britânico que decidiu mudar-se para Portugal, depois de se apaixonar pelo país e de um percurso que soma desafios em Londres, Paris e Berlim, além de colaborações com Jamie Oliver. A paixão pela cozinha surgiu de forma natural, chegando a ser conhecido no seu grupo de amigos como “o homem do barbecue”. “Cheguei a organizar churrascos ao ar livre, em parques londrinos, onde recebia 300 pessoas. Isso deu-me coragem para fazer mais”, acrescenta o responsável, que já tinha estabelecido a parceria com o Palms Dr. Bernard antes, ainda que em projetos pop-up mais pontuais e curtos.
No espaço interior ou na esplanada – que acumulam capacidade para cerca de 50 comensais -, serve-se uma visão “simples e descomplicada”, com respeito pelo produto. “O fogo é o elemento principal, mas não é avassalador. Está lá para trazer ao de cima o melhor dos ingredientes, com algum nível de refinamento”, conta Ola. À mesa chegam petiscos e pratos pensados para partilhar, como as alcachofras enroladas em panko e fritas, acompanhadas de sardinha curada e pimentão marinado (sete euros); os tomates grelhados com rodelas de ameixa e rabanete branco (oito euros); a curgete com queijo fresco e ervas aromáticas (sete euros); ou a couve-coração grelhada e regada com molho picante à base de frutos do mar (oito euros).
O piscar de olho à costa açoriana faz-se com o lírio, aqui servido num género de carpaccio, acompanhado no prato com morangos fermentados e frescos e pepino (doze euros) e o mar continua a dar cartas com o mexilhão com couve-rábano e um cremoso à base de cogumelos shiitake (oito euros). A sandes de lula frita com alface iceberg e maionese de limão (dez euros), um dos best-sellers da casa, e o cachaço de porco preto maturado na casa, com berbigão e batata (nove euros), ajudam a compor a carta veranil do Queimado.
Na garrafeira vínica, cerca de um terço são referências naturais, mas também se mata a sede com cerveja artesanal, limonada, sumos naturais e os cocktails de assinatura, além de outros cocktails granizados, a pensar nos dias de maior calor. Uma das vantagens do espaço está no facto de a cozinha não encerrar entre almoço e jantar, permitindo comer e beber um copo à hora da refeição ou a meio da tarde, sem pressas. A festa só fica completa aos finais de tarde e noites de sextas, sábados e domingos, com a presença de DJs a animar o por do sol da Caparica.
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