O Antunes, no Porto, tem casa nova com os clássicos de sempre

O Antunes (Fotografia de Leonel de Castro/GI)
O portuense restaurante Antunes, que este ano celebra 60 anos, mudou de instalações. Mais espaçoso, continua, na Rua do Bonjardim, a servir os pratos que o fizeram famoso. Os clientes foram atrás.

Mal bate o meio-dia e a porta se abre, muitos são os clientes que acorrem ao Antunes. À entrada, preso à parede da direita, ergue-se o placard com o nome do restaurante, que, antes da recente mudança de instalações, era o chamariz, umas portas mais acima e do outro lado da Rua do Bonjardim.

Em novembro passado deu-se a mudança inevitável. “Já não tínhamos condições, a outra cozinha estava a ser pequenina para o nosso trabalho”, explica Maria Luísa, a proprietária que desde o início tomou conta da cozinha, a pedido do marido, António Antunes, que abriu o restaurante. Os seus dotes de cozinheira e o gosto pelo ofício fizeram d’O Antunes aquilo que ele é: um porto seguro para quem aprecia pratos regionais, principalmente os nortenhos, como tripas à moda do Porto, arroz de pato à antiga ou o bacalhau de cebolada.

Maria Luísa, d’O Antunes (Fotografia de Leonel de Castro/GI)

O Antunes (Fotografia de Leonel de Castro/GI)

 

“Eu e o meu marido abrimos o restaurante faz 60 anos no dia 13 de agosto”, lembra a proprietária. O marido faleceu há 25 anos, mas a vontade de Maria Luísa fez com que o negócio continuasse com esmero. Tanto ela como ele não eram do Porto. António Antunes mudou-se com a família de Paços de Ferreira quando tinha 13 anos. Ele veio da Póvoa de Lanhoso e cedo começou a trabalhar em hotelaria.

Antes de embarcar nesta aventura, António era empregado de mesa no Abadia, “um dos melhores restaurantes naquela altura”, lembra Maria Luísa. Trabalhou também como cozinheiro na messe dos oficiais ao lado da mulher. “Estive lá quatro meses e ele explicava-me tudo. Cozinhava espetacularmente, era um bom profissional.”

O Antunes (Fotografia de Leonel de Castro/GI)

 

O espaço onde o Antunes funcionou durante seis décadas era antes a Adega Ideal: “Casinha pequena e mal cuidada, de pratos económicos. Fizemos umas obrinhas e abrimos logo como restaurante, mas com a qualidade que ele trouxe do Abadia”. Com a qualidade vieram também os clientes, que tal como agora, e sem cerimónias, enchiam diariamente o restaurante.

Maria Luísa habituou-se rapidamente à cozinha. “Ainda hoje é o que eu prefiro fazer. Sou muito vaidosa na cozinha e tentei sempre aperfeiçoar as receitas.” Aos pratos tradicionais deu-lhes um toque pessoal, seja acrescentando aromáticas à marinada do pernil ou moldando e adicionando ingredientes “secretos” às rabanadas poveiras.

O Antunes (Fotografia de Leonel de Castro/GI)

 

A mudança d’O Antunes para um espaço mais airoso não fez mossa. Os clientes habituais migraram e gostaram, e a estes mais se têm juntado. Dividido em duas salas espaçosas e com muito verde de plantas à mistura, o espaço de paredes brancas está decorado com objetos que vieram do outro lado, como relógios, fotografias, livros de contas ou garrafas de Porto antigas. Na sala da frente, ocupando uma parede, está uma imagem impressa e estilizada do Sr. António; na sala de trás, outra de Maria Luísa, a segurar uma travessa de rabanadas.

 

À uma da tarde, enquanto os primeiros comensais acabam a refeição, já se forma fila cá fora para a próxima rodada de clientes. Maria Luísa vai distribuindo os pratos para a sala: “Tanta gente, está a ver? Quase não conseguimos dar vazão”, desabafa com um sorriso.

O Antunes. Rua do Bonjardim, 614, Porto. Tel.: 222 052 406. Das 12h às 15h30 e das 19h às 22h, de terça a sábado. Preço médio: 15 euros




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