Nasceu em Paris, viveu em Nova Iorque e fez dinheiro no ramo tecnológico antes de, à semelhança de tantos outros compatriotas, se mudar para Lisboa atraído pela oportunidade de negócio no setor imobiliário. A história poderia ficar por aqui, não fosse o caso de Amaury Meunier ser também DJ nas horas vagas e de estar cada vez mais preocupado com o alerta planetário para a sustentabilidade. Inclusive na alimentação: «Sou francês, não sou vegetariano nem quero abrir mão de prazeres como o queijo, mas já penso duas vezes antes de comer carne e preocupa-me a forma como nos estamos a alimentar», desabafa. Vai daí descobriu não estar sozinho e haver ainda espaço em Lisboa para um restaurante de comida saudável, de filosofia vegana aberta a todos (o mantra: porque não mudar de hábitos?), sem radicalismos, que pudesse também fazer as vezes de bar de cocktails a partir do final da tarde – outra lacuna na cidade, a seu ver.
Descoberto o espaço na Baixa, recorreu ao ateliê de Joana Astolfi para conseguir um ambiente descontraído de inspiração psicotropical, entre Marrocos e México, que tem a particularidade de ir baixando a luz à medida que o dia avança e o volume da música aumenta – batidas groovy, funky e soul a cargo de Amaury e dos seus amigos. Para compor o menu, chamou o franco-americano Christian Mongendre – estabelecido em Hong Kong, onde ganhou a alcunha de Chef Verde pela sua dedicação à causa – que durante três meses esteve em Lisboa para montar o cardápio e treinar a equipa residente liderada por uma ex-cozinheira do The Temple of Food, na Mouraria.
Tudo gira em torno do flat bread (pão plano integral que leva na massa za’atar, mistura de especiarias do Médio Oriente, e é assado em forno de lenha) recheado com receitas da casa ou ingredientes à escolha do freguês. Nada de carne ou peixe, conservantes ou químicos, gordura trans ou açúcar refinado – as únicas exceções permitidas são o queijo e a omeleta, mas tudo é feito com produtos orgânicos locais, preparado na hora de preferência e com o mínimo desperdício possível (o take away vem em embalagens amigas do ambiente, reduzem ao máximo os plásticos, filtram a água e até os tabuleiros são de madeira reciclada).
Todos os dias há uma sopa, uma salada e um combinado novos, mas tudo está pensado para ser pedido durante o horário de funcionamento – ressalva: à noite as porções vão ser menores, para comer a mão e melhor acompanharem os cocktails. O Juicy diz-se um fast vegan food informal e divertido, sem abrir mão da apresentação e da qualidade – porque, reforça Amaury, «as pessoas precisam de equilíbrio nas suas vidas».
Longitude : -9.136033300000008
Leia também:
Neste italiano inspirado na máfia não pizas
Comida tradicional ganha espaço renovado no Porto
Há uma nova pizaria artesanal em Torres Vedras