Abriu discretamente na Travessa dos Fiéis de Deus e só quem conhece o símbolo das tabernas (izakayas), a lanterna vermelha pendurada à porta, é que entra com a certeza que no interior está uma tasca autêntica japonesa. A televisão, sempre sintonizada num canal daquele país, dá a confirmação, tal como as três salas privadas com mesas baixas e almofadas no chão e ainda o balcão de madeira com 21 lugares, de onde se observa o trabalho do chef Eder Haruno Santos.
Nas paredes em frente, também elas em madeira, estão três quadros de ardósia. Dois deles mostram o que se pode petiscar diariamente, até as 02h00 da manhã, mas ali não está toda a oferta da casa. «Temos mais de 60 petiscos, que vamos mudando, e num futuro próximo a robata (grelhados) vai estar também a funcionar», revela. «São assim as izakayas: comida rápida para quem procura uma tapa ao final do dia».
Eder fala com conhecimento de casa. Aos 18 anos mudou-se de São Paulo, Brasil, para o Japão e nos últimos 13 por lá ficou. O primeiro destino foi Tóquio, mas percorreu quase todas as províncias da ilha principal. Apaixonou-se por uma japonesa, com quem tem um filho pequeno, e que foi o motivo para regressarem ao Brasil há um ano. Abriram, claro, um restaurante japonês, mas a proposta do grupo da Garrafeira Imperial para vir para Portugal falou mais alto. «Acabámos de vender o restaurante no Brasil e a minha família está a caminho de Lisboa», diz, com um sorriso, enquanto regressa à cozinha para atender mais um pedido.
Tanto saem petiscos mais conhecidos como gyosas a vapor, sopa miso, ramen e diferentes tipos de tempura, como opções mais alternativas, caso do agedashi (tofu frito com lâminas de atum bonito), beringela com miso e sementes de sésamo e até fígado com alho. Para acompanhar há, claro, vinhos selecionados da Garrafeira Imperial, mas o protagonista é o sake. É essa a função do terceiro quadro de ardósia: explicar as diferenças entre as 22 variedades disponíveis desta bebida(que resulta da fermentação de arroz). Qualquer que seja a escolha, é sempre uma boa desculpa para brindar kampai (saúde!)
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