Em Beja, no Carnaval, o chef António Nobre comia sopa de Santa Teresinha

O chef António Nobre. (Fotografia de Cátia Barbosa/DR)
Antigamente, por altura do Carnaval, a canja de galinha que sobrava era aproveitada para fazer uma sopa mais consistente. São as memórias de infância no Alentejo, numa altura em que não havia abundância, recorda o chef António Nobre.

Antigamente, quando era Carnaval, António Nobre sentava-se a uma mesa debaixo de uma nogueira, ao pé do monte da avó, a comer uma sopa de Santa Teresinha. “A canja que sobrava do dia anterior, ou de três dias, era guardada e no dia de Carnaval aproveitavam-na para fazer a sopa de Santa Teresinha. Não sei se era por ser uma sopa mascarada com ovo batido”, começa por contar o chef, de 50 anos, natural de Beja.

António descreve a sopa como uma canja de galinha “mascarada” – ou melhor, guarnecida – com outros ingredientes. “Era uma canja normal, que no dia a seguir era fervida ao lume – o que fazia com os que os grão de arroz ainda ficassem mais pequenos – e a que juntavam cubos de batata e cubos de linguiça. Quando a linguiça e a batata estavam cozidos, juntavam-lhe um ovo batido. Parecia que estavam a mascarar a sopa”.

(Fotografia: DR)

Os tempos eram outros – lembra o chef – e não havia a abundância que existe hoje. Não é por isso de estranhar que as gentes alentejanas, resilientes e inventivas, tenham inventado esta sopa a partir de um aproveitamento. “Se calhar já havia pouca carne e por isso juntavam-lhe linguiça e batata, para lhe dar mais substância”, completa o chef executivo dos hotéis M’AR De AR, sediados em Évora, e que volta e meia está em Picoas, no Degust’AR Lisboa.

António Nobre lembra-se de comer a sopa de Santa Teresinha, pela primeira vez, algures entre os oito e os dez anos, em casa da avó e “das vizinhas”, por altura do Carnaval. Ou então, debaixo daquela nogueira, com água e vinho à mesa. “E eu longe de saber que um dia ia ser cozinheiro. Mais tarde percebi que era a sopa de Santa Teresinha, com base em enciclopédias que tenho de gastronomia alentejana”.

 

Canja de galinha à alentejana
Esta canja do Alentejo, que terá originado a sopa de Santa Teresinha, leva galinha, linguiça, toucinho e hortelã. Pode-se comer no restaurante de António Nobre (está na carta com o preço de 8 euros)

 

Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Rua Latino Coelho, 63A (Picoas), Lisboa
Telefone
962673777
Horário
Das 12h30 às 15h e das 19h30 às 23h. Encerra domingo.
Custo
(€€) Preço médio: 35 euros.


GPS
Latitude : 38.7328696
Longitude : -9.149793000000045




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend