Crítica de Fernando Melo: Tasca do Joel, em Peniche

Crítica de Fernando Melo: Tasca do Joel, em Peniche
Nos altos do Lapadusso, prossegue o bom trabalho de Jael Martins e a grande equipa que com o tempo souberam assumir discretamente a liderança da restauração de Peniche. A Tasca do Joel é promontório de peregrinação obrigatória.

Jael é nome de anjo e de certa forma o lugar onde nos encontramos é sagrado pelos muitos que encontraram saciedade e alimento. Outrora, em 1982, nascia instituindo-se como forno comunitário das famílias dos pescadores, preparando ali as suas refeições, terminada a faina ao fim do dia. O bairro altaneiro do Lapadusso, de resto como toda a cidade de Peniche, entrou na modernidade mas permanecem a bondade e o sentido de partilha, sustentadas no caráter único de Jael Martins e no legado espiritual herdado dos seus pais.

Após a fase inicial de forno aberto, em 1995 começou a cozinhar-se e servir à mesa frango, entrecosto e bacalhau, processados no forno a lenha, encantando tanto os locais como os passantes e foi assim que a casa começou a ganhar boa fama. Cinco anos depois, o restaurante alarga-se a três grandes salas, seguindo a mesma lógica, a que juntou o pescado do dia e alguns pratos de tacho. Outros cinco volvidos e abria a que é uma das melhores lojas gourmet do país que além da copiosa oferta vínica tem as principais marcas de produtos e alfaias de cozinha.

São muitos os que continuam a ir com o fito de encontrar um vinho raro ou um produto novo, complementando com a experiência à mesa, sempre que possível em família. Faz agora um ano, a Tasca do Joel terminava a sua última intervenção, reabrindo com cozinha à vista, os fornos a lenha de sempre e espaços de refeição de grande conforto. Jael chefia ele próprio a cozinha, secundado por uma brigada de gabarito, coreografia de sala impecável.

Entre as delícias que saem com a desculpa de entradas, maravilhosa a salada de polvo (9,5 euros), regionalíssima e exemplar a salada de queijo de cabra e pera-rocha (9,50 euros), novidade de aclamar os ovos rotos de bacalhau (8,5 euros) e inescapável o tachinho de buziozinhos da tasca no forno (12 euros).

A proximidade atlântica é evidente mas as raízes das brasas com boas carnes são veneráveis, começando na morcela de arroz (6 euros) e terminando no chuletón de vaca (70 euros/kg). Carne maturada e grelhada a preceito, assim como o histórico bacalhau à lagareiro com batatas a murro (14,50 euros), o fiel aqui configura perdição em várias declinações, importantes duas delas, à Zé da tasca (12,50 euros) – inspiração clara no Zé do pipo – e frito à tasca – este com batatas fritas e cebola, a evocar Braga.

Os chocos estufados com arroz de alho (12,50 euros) criam habituação no primeiro ato de consumo e a bochecha de vitela estufada (10 euros) é um dos muitos exemplos do aprumo e classe da brigada ali oficiante. Mas as carnes na lenha! Coelho (10 euros), costeletas de borrego (12,50 euros), codornizes (10,50 euros), franguinho (9 euros) e até os vezeiros secretos de porco ibérico (15 euros) têm na grande tasca onde nos encontramos expressão sublime. E claro que os peixes e mariscos frescos estão sempre ali prontos a entrar, é só chamar pela onda, que aqui é boa e farta.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

A refeição ideal

Presunto Maldonado (18 euros, 50g)
Salada de polvo (9,50 euros)
Salada de ovas (8,50 euros)
Ovos rotos com presunto (6,50 euros)
Arroz de peixe (14 euros)
Chuletón de vitela (50 euros/kg)

 

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