Chutnify: A passagem para a Índia através do Príncipe Real

O bom momento de Lisboa e o apreço nacional pela cozinha indiana foram determinantes para que o Chutnify, um sucesso em Berlim, escolhesse a capital portuguesa para abrir o seu primeiro restaurante fora da Alemanha. Em menos de um mês, já convenceu.

Filha de pais indianos, mas criada em Hong Kong e noutras partes do mundo (inclusive São Paulo), Aparna Aurora chegou a Berlim para trabalhar em moda, mas o seu entusiasmo pela indústria foi esfriando até ao ponto de dizer «basta». Já a sua paixão pela cozinha nunca abrandou, pelo que o marido a incentivou a abrir, em 2014, o primeiro Chutnify, na capital alemã. Hoje, são dois, nos bairros fervilhantes de Prenzlauer Berg e Neukölln.

Aparna, que durante os primeiros tempos assumiu a tarefa de cozinhar, não esconde que muito do sucesso se deveu ao facto de ter trazido para Berlim algo que não havia: uma cozinha indiana típica do Sul com menus mais curtos e bons produtos (do dia e feitos na hora) servida num ambiente moderno, com referências divertidas a Bollywood mas sem cair nos clichés, assinado pelo decorador mexicano Antonio Medina. Outro trunfo, revela, foi passar a mensagem de que, mais do que picante, a comida indiana é condimentada, o que faz toda a diferença – «em casa, nunca comi nada picante; só vim a saber o que isso era no México», revela divertida.

A escolha de Lisboa para abrir o primeiro Chutnify fora da Alemanha deveu-se a um conjunto de fatores: inicialmente estava mais inclinada para Madrid, mas percebeu a tempo que Lisboa era mais indicada, não só pelo bom momento que atravessa como por haver uma maior ligação (e apreço) à cultura indiana. Dividida entre Berlim e Lisboa, que passou, aos seus olhos, de «nada de especial a extraordinária» nos últimos anos, ela correu vários bairros alfacinhas antes de se decidir pelo Príncipe Real. Ainda assim, antes de abrir portas em agosto, estava temerosa de que a localização, numa travessa fora do perímetro da Rua da Escola Politécnica, não fosse a melhor. Provou-se o contrário: desde a primeira hora, mesmo em soft opening, tem tido a casa sempre cheia, sobretudo de portugueses, não sendo raros os que se tornaram assíduos em tão curto espaço de tempo.

A explicação, mais uma vez, está numa cozinha muito fresca (em que mistura pratos do Norte e do Sul da Índia, com destaque para o recurso ao grelhador tandoor), menus curtos com propostas mais rápidas e económicas para os almoços durante a semana (pode ser o tabuleiro thali que combina arroz basmati, pão chapatti, lentilhas, uma tortilha crocante e uma sobremesa com opção vegetariana, frango ou peixe; ou o dosa, um crepe cónico feito de lentilhas e farinha de arroz, que pode levar diferentes tipos de acompanhamento) e à carta ao jantar, com destaque para a opção menu de degustação que, por 28 euros, decorre em seis tempos.

Quem vem à procura dos pratos indianos de sempre rapidamente percebe que aqui a proposta é outra – para melhor, entenda-se. A decoração do Chutnify lisboeta é à mesma de Medina, mas Aparna, que um dia espera mudar-se de vez para cá, fez questão, por exemplo, que a loiça fosse do designer industrial português João Abreu Valente. Nas bebidas, há cocktails de assinatura, como o refrescante-e-um-nada-picante Kachumber Coller (gin, pepino, lima, coentro e malagueta) e uma série de outras opções, mas não vale sair sem provar o masala chai, um chá que leva três horas a fazer com oito especiarias.

 

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