Chef Diogo Noronha: “As pessoas estão cada vez mais atentas ao que comem”

(Fotografia: DR)
Com um percurso de duas décadas ligadas à cozinha, o chef que liderou restaurantes lisboetas como Pesca e Pedro e o Lobo estreia-se a solo com um estúdio criativo que organiza experiências gastronómicas, de jantares privados em casa a eventos corporativos. A aposta numa cozinha consciente e sustentável, que tem sido seu apanágio, mantém-se na base do novo projeto.

Começou por estudar a cozinha de base vegetal em Nova Iorque, quando se formou no Natural Gourmet Institute for Health Culinary Arts e trabalhou em restaurantes da Big Apple alinhados à dieta raw vegan. Nas duas décadas que seguiram, foi dando continuidade a essa filosofia e aprofundando conhecimento em torno de uma cozinha sustentável e mais respeitosa da natureza, do ritmo das estações e dos sistemas alimentares, apoiada em produtos biológicos de pequenos produtores e na agricultura regenerativa. Foi assim pelas casas alfacinhas por onde passou – exemplos transversais foram os restaurantes Pesca, Pedro e o Lobo e até o virtual Ameaça Vegetal, mais recentemente -, e a aposta mantém-se no novo projeto de Diogo Noronha, o chef lisboeta que se estreia a solo em nome próprio com o lançamento de um estúdio criativo, colaborativo e experimental que aproxima a gastronomia do universo artístico e performativo.

Na prática, o novo estúdio concretiza experiências variadas, desde jantares privados em casas de particulares, eventos corporativos (do pequeno-almoço ao almoço, jantar e after dinner), serviços de consultoria, coaching, engenharia de menus ou curadoria de despensas, por exemplo. Nesta fase inicial, é Diogo Noronha e a sua equipa que se deslocam aos espaços e casas privadas para estas ações, mas a curto ou médio prazo o estúdio terá a sua própria morada, em Lisboa ou arredores. Até agora, já trabalhou com marcas de renome como Massimo Dutti, Loewe e QuartoSala, mas a versatilidade do projeto, assente na personalização de cada experiência, também se adapta a outros contextos, menos próximos do segmento de luxo.

O estúdio gastronómico de Diogo Noronha executa jantares privados e eventos corporativos. (Fotografias: DR)

De uma forma não tão consciente, esta já era uma ideia antiga. Mas como estava tão absorvido com os projetos ligados à restauração, era só uma ideia, um sonho, uma direção. Com a chegada da pandemia, deu para repensar no que já tinha feito, no que gostaria de fazer e no que poderia acrescentar de diferente à minha carreira. Tomei a liberdade de fazer uma pausa e repensar a minha carreira e vida pessoal, até porque a pandemia deu-me a maravilhosa oportunidade de ser pai. Este é um estúdio fiel ao meu percurso, à minha identidade e forma de estar na cozinha”, conta o chef de 44 anos.

“A base do projeto é a minha verdade”, frisa Diogo, acrescentando que a consciencialização em torno da importância das dietas à base de vegetais e funcionais nunca esteve numa melhor fase. “Esta minha maneira de estar nunca esteve tão pertinente. As pessoas estão cada vez mais atentas ao que comem, de onde vem o que comem e a todos os valores envolvidos, à agricultura regenerativa, aos pequenos produtores, ao produto biológico. Essa filosofia e maneira de estar é a minha oferta no estúdio. Algumas ainda têm uma ideia de que é uma dieta mais inacessível, mais cara. E no fundo, isso não corresponde totalmente à verdade. Numa dieta de base vegetal, se a cozinha for muito sazonal, usa produtos do momento que são abundantes, e que não têm preços inalcançáveis”, adianta o chef.

O chef de 44 anos soma 20 anos de cozinha.

Apesar de confessar que “ainda há muito caminho para fazer” neste tema, “a grande diferença é que, hoje em dia, há muita conversa sobre o ambiente e o impacto que a alimentação e as nossas escolhas diárias têm no ecossistema e no que nos rodeia. É uma conversa muito atual e mais visível. Já não é uma coisa de nicho, algo alternativo. Mesmo na oferta dos supermercados, isso é notório”, diz Diogo, que foi vegetariano, vegano e macrobiótico durante uma década, desde muito jovem. Atualmente, aposta numa dieta “assente em menos quantidade e mais qualidade”. “Como carne vermelha? Como. Faço-o todos os dias e com qualquer carne vermelha? Não. Como pouca carne vermelha? Sim. Como muito biológico? Em minha casa, 90%. Tenho uma dieta inclusiva mas muito atenta à qualidade dos produtos”, remata.

O estúdio do chef terá um espaço próprio em breve, na capital ou nos seus arredores.




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