CAV 86: novos petiscos, vinho e exposições de arte na casa recente do Cais do Sodré

Os chefs Bruno Contreras, Marcelo Oliveira e Bruno Caseiro. (Fotografia: Joana Freitas)
A nova carta de inverno do CAV 86, que junta influências de várias cozinhas numa abordagem descomplicada, veio aquecer as tardes e noites do Cais do Sodré. Além dos petiscos, aposta-se em pequenos produtores de vinhos e exposições de arte pelas paredes.

Mais descomplicado, informal e jovial, mais próximo de um gastro e wine bar e menos da noção clássica de restaurante, menos regrado pelas duas refeições principais e com horário ampliado. A porta 86 da Rua da Boavista, no Cais do Sodré, renovou-se – no nome de batismo, na abordagem e na decoração – e está nos últimos meses mais refletivo de um bairro lisboeta urbano, irreverente e ativo, onde passam visitantes de todo o mundo, a qualquer hora do dia.

A mudança do Cavalariça Lisboa para o atual CAV 86 deu-se com a entrada no projeto do grupo Harvest Cotton Tale. Com este veio o chef Bruno Contreras, que se junta a Bruno Caseiro, um dos responsáveis pelo grupo Cavalariça (que mantém a morada clássica na Comporta e uma mais recente em Évora). À dupla junta-se Marcelo Oliveira, o paulista que é chef residente neste espaço renovado de Lisboa.

O restaurante abriu no verão do ano passado, no lugar do Cavalariça Lisboa. (Fotografias: Joana Freitas e DR)

O gastro e wine bar fica situado na Rua da Boavista.

À mesa, servem-se petiscos doseados para partilhar, com influências variadas – a portuguesa e a brasileira são as mais óbvias, com piscares de olho a outras, como a coreana, a francesa, a japonesa e a italiana, por exemplo. “As bases mantêm-se as mesas: o foco no produto orgânico, sazonal e fresco, ao qual continuamos a dar prioridade. Antes, o restaurante estava mais ligado ao fine dining. Mas agora temos uma cozinha mais relaxada, mais descontraída, mais tranquila. Agrupamos várias cozinhas e não nos restringimos a nada. Se é bom e faz sentido, está na carta. Não há barreiras na criação. Numa rua como esta, não podemos ter uma cozinha estagnada”, explica Marcelo, alinhando a carta do CAV 86 a uma zona da capital “eclética”.

A partir das 17h e pela noite fora, petisca-se ou janta-se sem pressas, com uma nova carta de inverno onde cabem arancini, as bolinhas fritas recheadas com abóbora e parmesão (6€), inspiradas numa viagem do chef ao sul de Itália. Na finger food, destaque para os croquetes de batata com creme de queijo trufado (7€), e a sandes de frango frito com coleslaw, mel, mostarda e picle de pepino (14€), que transita da carta de outono por ser um dos best-sellers da casa.

 

A sandes de frango frito é sinónimo de finger food de conforto.

A bochecha de vaca protagoniza um dos petiscos da casa.

A espetada de choco e papada de porco com alioli picante e furikake (15€), o cachaço de porco preto com bimi na brasa, chips na brasa e um tempero coreano (14€) e a salada que junta beterraba, pastinaca, granola de especiarias e amendoim e molho de maracujá a regar (9€) são outros petiscos que se provam por estes dias. “A salada é super fresca, um dos meus pratos favoritos na carta”, confessa o chef Marcelo Oliveira, com 13 anos dedicados à cozinha, tendo já passado por restaurantes como o Mocotó e o Balaio IMS (do chef Rodrigo Oliveira, em São Paulo, um destes listado nos Bib Gourmand da Michelin) e espaços lisboetas como Taberna Sal Grosso, The Royal Rawness e Tasca Pete.

Mas não só. A nova carta tem kebab de cogumelos com salsa de amendoim, pão pita e coalhada fumada (8€), batata assada com esparregado cremoso, broa e queijo (8€) e o bolo de chocolate com marshmellows e chocolate quente, este último com um toque de whisky e laranja. De resto, o único petisco que se mantém desde a carta inicial, do verão passado, são as pataniscas de cogumelos com aioli de sésamo (6€). Para acompanhar, aposta-se numa carta com mais de duas dezenas de vinhos de pequenos produtores, a maioria biológicos e de baixa-intervenção, mas também há mixologia clássica para emparelhar com os sabores que saem da cozinha.

Os croquetes de batata com creme de queijo trufado.

A partir de março, o horário fica ainda mais alargado, com a abertura também aos almoços. Antes disso, e todos os dias ao final da tarde, há happy hour com duas ostras e um copo de vinho por dez euros.

Por fim, além da cozinha e dos vinhos, a arte é outros dos pilares do CAV 86 e isso nota-se pelas paredes do espaço, que acolhem a obra de jovens talentos ligados à arte urbana, sejam na fotografia, na pintura ou na escultura, por exemplo. As residências artísticas vão mudando regularmente. Por estes dias, está patente a exposição “Heart Shapes”, do artista Um Pinhão, um olhar em torno do símbolo universal do nosso lado emocional, o coração.

As ostras do Sado estão na carta e também têm direito ao seu próprio happy hour.

CAV 86. Rua da Boavista, 86, Lisboa. Tel.: 213460629. Web: cav86.com. Das 17h às 00h, todos os dias. Preço médio: 25 euros.




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