Passear pelas histórias da Cava de Viriato em Viseu

A Cava de Viriato é o maior monumento do género na Península, um imenso octógono de 32 hectares sobre o qual já se disse muita coisa - com lusitanos, romanos e muçulmanos à mistura. As certezas, essas são poucas. O que só deixa mais lugar para as histórias que cabem na história, contadas por quem sabe.

«Não é difícil colar a imaginação à História», lê-se na placa informativa, junto à estátua de Viriato, diante de um dos taludes daquele que é apontado como um dos maiores mistérios da arqueologia portuguesa. «Se essa mesma imaginação estiver imbuída de uma intenção clara», continua a inscrição, «então acaba por ser assimilada como verdade histórica».

A Cava de Viriato é um monumento enorme. Tão gigante que é preciso vê-lo do ar para ter noção do seu tamanho. Cada um dos seus oito taludes, dispostos num octógono perfeito, tem 4 metros de altura e 250 de comprimento. «É a maior construção em terra da Península Ibérica», diz Fátima Sobral, arqueóloga e fundadora da empresa de turismo temático Neverending – a companhia ideal para descobrir as histórias da história de Viseu. Incluindo o mistério da Cava de Viriato.

«Não se sabe quem a construiu nem com que propósito», continua a guia, «há poucos documentos escritos que se referem a ela». Em 1640, ganhou o nome de Viriato, herói nacional, expulsor de invasores. Dizia-se que tinha sido acampamento lusitano, mas outras teorias lhe tomaram o lugar: primeiro, que teria sido campo militar romano; depois, muçulmano, para as tropas de Almansor, um exército de 25 mil homens que daqui partiu à conquista de Compostela, «há até uma estrutura semelhante no Iraque, que ajuda a fortalecer essa teoria», diz Fátima. «Mas 25 mil homens deixariam lixo, e é isso que o arqueólogo procura: lixo. Arreios partidos, canecas, pratos. Não se encontrou um único vestígio palpável que permita dizer que foi um acampamento islâmico.»

Perante as dúvidas, nasceu outra possibilidade, que aponta para o primeiro rex portucalensis, o asturo-leonês Ramiro II, que fez de Viseu sua corte em 925. «Há documentos que referem uma Vila Velha e uma Vila Nova», uma tentativa de trasladar a cidade, entretanto destruída por repetidas invasões, para um sítio novo e mais seguro. Uma cidade palaciana, planeada de raiz, cuja construção começou, sustenta a teoria, pelo perímetro fortificado. «Porém, em 931, Ramiro II sai para assumir a corte de Leão, após a morte do irmão Afonso IV, e o projeto terá ficado incompleto.» E aí temos: um projeto inacabado. Ainda assim, monumental. E um mistério com muitas teorias, mas ainda por desvendar.

Percorra a fotogaleria para ver mais imagens e detalhes da Cava de Viriato, em Viseu.

 

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