Cinco sítios onde fazer escalada em Portugal

Buracas de Casmilo, Serra do Sicó. (Fotografia de Fábio Silva/DR)
Há muitos e bons lugares para conquistar parede de rocha em Portugal. No meio da serra ou à beira-mar, há setores com vias de baixa dificuldade, fácil acessibilidade e paisagens de encantar.

Valongo
A pouco mais de 20 minutos do Porto, é um dos lugares mais procurados por quem vive a norte e se está a iniciar na escalada desportiva, graças à abundância de vias de níveis baixos e intermédios. Recentemente, no início de 2021, a Câmara Municipal de Valongo, em parceria com o Alto Relevo – Clube de Montanhismo, inaugurou o Centro de Escalada de Valongo, composto por três maciços rochosos. A Fraga do Teto, a Fraga do Castelo e a Fraga Lisa reúnem um conjunto de 40 vias, com diferentes graus de dificuldade, de IV a 7b+. Embora não contemplada no centro, a Fraga do Diabo também é local de escalada. O setor Varanda do Diabo surgiu durante a pandemia e apresenta dez vias. Em cada um dos três setores do Centro de Escalada de Valongo há placas com informação referente aos nomes das vias, autores, ano de abertura, dificuldade, tipo, pontos de fixação e desnível. Ao observar de perto o ano de abertura de algumas das vias, percebe-se que já se escala em Valongo há mais de 40 anos. Na verdade, a atividade recua ainda mais no tempo. Em 2001, o escalador Sérgio Martins escrevia na extinta revista “Montanha” que o “início da aventura remonta a anos anteriores a 1945, mas é neste ano, com início oficial da atividade dos Guia Montanheiros de Portugal e o nascimento do Clube Nacional de Montanhismo que a atividade é organizada, permitindo assim o acesso de mais gente à montanha e, por arrasto, às Fragas de Valongo”. Fragas essas que continuam a atrair iniciantes e recebem cursos de escalada com regularidade.

(Fotografia DR)

Farol da Guia
Sempre vigilante, o Farol da Guia indica que chegamos à concorrida Escola de Escalada da Guia (Cascais), “uma das mais importantes escolas de escalada”, desde o princípio da escalada desportiva em Portugal, escreve Francisco Ataíde na revista “Montanha”. A popularidade é o preço a pagar por um sítio perto do centro de Cascais, com boas acessibilidades, estacionamento, beleza e variedade, já que naquelas falésias, que desde a Boca do Inferno se prolongam para ocidente ao longo da costa, se encontram 95 vias de escalada, de dez a 20 metros, com graus de dificuldade entre III e 8b. Segundo Carlos Simes, no “Guia de escalada em rocha – Portugal”, ali encontra-se “rocha sólida, vias de boa qualidade apesar de algo polidas, face sul abrigada do vento dominante, mar para mergulhos, acesso instantâneo e nomes das vias escritos na base”. Atualmente, a Associação de Desportos de Aventura Desnível, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, tem realizado o equipamento e reequipamento de vias de escalada em titânio, no âmbito do projeto Titã.

(Fotografia de Pistols/DR)

Rocha da Pena
Longe da urbanidade do litoral, é um outro Algarve aquele que se apresenta a quem chega à Rocha da Pena, próxima da freguesia de Salir, a maior do concelho de Loulé. O afloramento rochoso atrai escaladores “desde o início da década de 1990”, faz saber Carlos Simes, no “Guia de escalada em rocha – Portugal”, acrescentando que a “frente escarpada da Rocha da Pena […] é uma cornija com aproximadamente dois quilómetros de comprimento, atinge 479 metros de altitude, é constituída de calcários muito duros e variados”. No que toca a vias, há 84, bem equipadas e distribuídas por 15 setores, fazendo daquele lugar o maior para escalar no Algarve. Os graus vão desde IV a 8a, havendo uma boa quantidade de vias com nível baixo. A escalada é sobretudo prazerosa no outono e no inverno, já que no verão as temperaturas podem ser demasiado quentes. No entanto, há que ter atenção aos avisos que possam existir durante a época de nidificação naquela zona, entre janeiro e julho. Pede-se também especial cuidado quando se escala ou passeia na Rocha da Pena, dado tratar-se de uma área protegida.

(Fotografia de Global Imagens)

Via Ferrata de Santa Luzia
Fazer uma via ferrata, percursos de montanha dotados de cabos de aço e degraus, concebidos para facilitar a progressão, pode ser “a primeira experiência no mundo vertical”, explica Nuno Santos, um dos sócios do rocódromo The North Wall. A de Santa Luzia, junto à barragem homónima, em Pampilhosa da Serra, soma 200 metros de extensão, 150 de altura e pode-se percorrer em duas horas. É considerada “difícil” e são necessários conhecimentos técnicos de escalada, a não ser que se escale com um profissional. Obriga a equipamento como arnês, capacete, cinta de absorção, dez expresses, três mosquetões com seguro, reverso, corda, calçado de desporto e luvas.

Serra do Sicó
A beleza natural da paisagem cársica da serra do Sicó, na Beira Litoral (Leiria e Coimbra), é, por si só, um bom motivo de visita. Mas para quem escala, juntam-se-lhe outros, caso das quatro zonas de escalada – Buracas do Casmilo, Vale de Poios, Poio Velho e Senhora da Estrela – que somam cerca de 400 vias, em rocha de calcário de boa qualidade. Também ali, à semelhança de Valongo, a escalada não é atividade recente. Ainda segundo Sérgio Martins, na revista “Montanha”, é na Senhora da Estrela, cujo nome remete para a Capela da Senhora da Estrela, incrustada na falésia, que se “vê nascer as primeiras vias de escalada da serra do Sicó. O arranque da escalada situa-se nos anos 1988/89 e deve-se à ação do grupo de montanha do Clube de Campismo e Caravanismo de Coimbra e de escaladores de Lisboa como os irmãos João e Tomás Oom Martins e Nuno Pardal”. Atualmente, a serra é procurada tanto por iniciantes, que ali encontram várias vias de grau III, IV e V, como vigorosos escaladores, que se aventuram em vias mais exigentes, sendo a Ação Reação (8C), nas Buracas do Casmilo, a mais dura em Sicó. O estacionamento é razoável e chega-se com facilidade e rapidez a cada um dos setores.

(Fotografia de Fábio Silva/DR)




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend