O novo fôlego de Oeiras: um passeio pelas novidades

Restaurante Molhanga. (Fotografia de Rita Chantre/GI)
Mesas recentes que enaltecem os petiscos e os molhos, um novo pulmão verde, camas que estendem a oferta hoteleira ou o reforço das compras em granel: estes são alguns dos espaços que têm revitalizado o concelho oeirense, nos últimos tempos.

Durante as suas caminhadas habituais pelo Jardim Municipal de Oeiras, Camila Pizarro olhava para o quiosque rosa que ali estava, abandonado há vários anos, e pensava para si mesma: “Gostava de ficar com ele”. E assim foi. O Guay abriu este ano neste pulmão verde oeirense, focado no universo das tapas e do vinho, “porque não havia nada assim”, explica a empresária de 36 anos, que gere o espaço com a irmã, Mariana. A juntar a este, Camila é proprietária ainda de outro quiosque no centro de Oeiras, o Greenie, que abriu há três anos – desde que decidiu deixar a área dos recursos humanos – e que acaba de ganhar uma nova morada no Tagus Park.

Na esplanada do Guay (expressão que em espanhol é equivalente ao nosso “muito fixe”), servem-se tostas de tamanho generoso (mista, atum, frango), gaspacho, tábuas de queijos e enchidos, guacamole, húmus variados (manjericão, beterraba, caril e açafrão) e pastelaria, além de sumos naturais, bebidas de cafetaria, vinhos e cocktails.

O Guay veio trazer nova vida ao Jardim Municipal de Oeiras. (Fotografias de Paulo Spranger/GI)

O guacamole com chips de tortilha do quiosque, que aposta em petiscos e vinhos.

Às sextas, a música junta-se à receita, com a presença de DJ a animar os finais de tarde, um conceito a que chamaram de Recreio. “É um sunset de música tranquila, um destino para o pós-praia naquele jardim lindo de morrer. As sessões à sexta foram o gatilho que fez o quiosque crescer”, conta Camila, que aqui chegou a receber 200 pessoas de cada vez.

As tábuas de queijos e enchidos são outra das apostas do quiosque de Oeiras.

A poucos metros de distância, uma loja histórica de Oeiras mudou recentemente de morada, ocupando agora um espaço com maior área comercial e mais luz natural. Chamou-se Fan Fan, nasceu em 1979 e, ao longo das últimas quatro décadas, fidelizou público ligado ao mundo do crochet, do tricot e da costura.

Carina Barnabé é o quarto rosto à frente da loja – entretanto rebatizada Lãs da Júlia, o nome de uma antiga funcionária que se tornou depois proprietária. Carina é arquiteta de formação mas desencantou-se pela área. Já tinha tido uma retrosaria em São Domingos de Rana e dá continuidade à paixão por este mundo na loja de Oeiras. “É aqui que me sinto feliz”, conta. O interesse pelo crochet herdou-o da avó Joaquina, e pelo tricot foi passado pela mãe Antónia.

A loja Lãs da Júlia soma mais de 40 anos mas encontrou recentemente uma nova morada em Oeiras. (Fotografias de Paulo Spranger/GI)

Carina Barnabé, a responsável pela loja onde se dá palco ao tricot, ao crochet e ao mundo da retrosaria.

Pelo espaço, vendem-se todos os artigos associados a este saber-fazer manual, desde botões, fitas, tecidos, agulhas ou cordões, mas também a larga e colorida secção de fios – lã, linho, seda, algodão, alguns destes 100% naturais. “Há uma maior procura direcionada com a sustentabilidade e os processos orgânicos. Noto isso nas gerações mais velhas e nas novas também, em raparigas e em rapazes”, explica Carina. Na sua loja, é habitual haver workshops de vários níveis de experiência aos sábados – basta estar atento às redes sociais. Já durante a semana, há sessões de convívio com o Clube das Lãs da Júlia.

No molho é que está o poder

Desde cedo, nas refeições em família, João Carvalho punha a sobremesa de lado. “Em vez disso, punha mais arroz ou massa numa taça e carregava aquilo de molho”, ri-se o jovem, que já leva alguns anos ligado à restauração. Estava criada a semente de uma paixão por molhos que esteve para ganhar a forma de rulote, mas que se concretizou em abril deste ano, com a abertura do Molhanga, gerido com a companheira de quase uma década, Inês Campina, formada em Arquitetura e responsável pelo visual do restaurante.

Molhanga é uma das mais recentes ofertas da restauração de Oeiras. (Fotografias de Rita Chantre/GI)

O camarão panado em gema de ovo e panko, com molho oriental.

Na zona onde cresceram e vivem, nasceu um espaço acolhedor com muita luz natural, cozinha aberta e assente no receituário dos petiscos, na comida de conforto e no desperdício zero. Os sabores portugueses estão visíveis na carta, que recebe algumas influências internacionais, pelas mãos da chef Izabel Amorim. Além dos jantares, passa agora a apostar-se também nos finais de tarde, com bebidas e petiscos mais leves.

Por estes dias, as bruschettas de ricota e tomate seco e de presunto Parma, rúcula e chévre são reforços do menu, tal como o carpaccio de angus com rúcula, alcaparras, parmesão e rabanete, acompanhado de um molho de mostarda e cebola caramelizada; ou o ceviche de camarão, manga e cebola roxa, regado com leite de tigre. Outras novidades são o risoto de cogumelos e tomate confitado, com molho de parmesão; e o ragu de salsicha e bacon com puré de batata doce roxa e molho à matriciana, à base de tomate e queijo. “Sempre que quiserem mais molho, é só pedir”, aconselha João.

As bruschettas do Molhanga.

João Carvalho e Inês Campina são os responsáveis pelo restaurante, que conta com a chef Izabel Amorim (ao centro).

As bolinhas de bacalhau panadas em panko e com molho de pimento assado; o camarão na frigideira com molho bisque; os ovos a murro (twist dos ovos rotos, com batata a murro); os cogumelos à Bulhão Pato; as lulinhas à algarvia; a panacota com molho de caramelo salgado e crumble; e o cheesecake com curd de maracujá são outras propostas que se servem à mesa. Mas há surpresas que vão surgindo de vez em quando, como feijoadas, moquecas e farófias. Para acompanhar, basta espreitar a garrafeira visível ou optar por uma das sangrias de espumante da casa, com gin ou pepino, frutos vermelhos e vodka ou maracujá e rum.

O risoto de cogumelos e molho de parmesão, no Molhanga.

O Brás de alheira e alho francês, com molho hollandaise é outro prato da carta.

Produtos a granel e um novo pulmão verde

O “r” que dá nome à nova mercearia a granel de Algés inicia muitos dos verbos imperativos nos tempos que correm: reciclar, reutilizar, repensar, recusar e reduzir. “Aqui, criámos um ambiente relaxado, para fazer compras com calma. O granel permite isso”, explica Daniel Gil, dono da Despensa R, que gere com a mulher, a ucraniana Anastasia Tkachenko, depois de ter largado a carreira como gestor comercial, por um estilo de vida “com menos stress”.

A nova mercearia é uma continuação dos hábitos sustentáveis do casal em casa, e fora dela, com as visitas frequentes a pequenos mercados de rua e a lojas que vendem a granel. “Faltava um espaço assim no centro de Algés”, adianta o responsável do espaço, vizinho do Mercado de Algés. Pelas prateleiras, mesas e armários, aposta-se nos pequenos produtores, a maioria nacionais, e na criação biológica, que representa 99% da oferta da mercearia.

A nova mercearia a granel de Algés. (Fotografias de Rita Chantre/GI)

Daniel Gil é o responsável pela mercearia.

Granolas variadas, leguminosas, cereais, massas, fruta desidratada, sementes, frutos secos, especiarias, temperos, compotas, ervas, farinhas, chocolates, bolachas, misturas para infusões, mel e artigos de bem-estar (como detergentes, sabões e cremes) são apostas desta casa. Mas um dos ex-líbris da Despensa R são as manteigas de frutos secos feitas na hora, a cada dia da semana com um sabor diferente (caju, amêndoa, avelã, chocolate ou amendoim, por exemplo).

A zona da Despensa R onde se produzem, todos os dias, manteigas de frutos secos.

O respeito pelas questões ambientais leva-nos até à freguesia de Porto Salvo, para aplaudir o novo parque do concelho oeirense, que já reúne 700 hectares de espaços verdes. O Parque Urbano de Vila Fria, situado na vila que lhe dá nome, faz-se de caminhos pedonais e passadiços, entre manchas de arvoredo e vegetação autóctone (pinheiro-manso, sobreiro, carrasco, figueira, carvalho-cerquinho, esteva, aroeira, torga) e exótico (cipestre-da-Califórnia, mélia, tipuana, liquidâmbar).

Há espaços para os mais novos no novo parque. (Fotografias de Reinaldo Rodrigues/GI)

O recém-inaugurado Parque Urbano de Vila Fria, na freguesia de Porto Salvo.

As várias áreas do parque remetem para atividades ecléticas: zona de merendas, área infantil com escorrega e baloiços, espaços para desporto ao ar livre e painéis sobre a fauna e flora local – além dos arbustos, aqui conhecem-se melhor espécies como o chapim-azul, coelho-bravo e lagartixa-verde. Outro destaque é o miradouro e o baloiço panorâmico colocados num dos pontos altos do parque, dos quais se tem uma vista ampla para a costa e o mar, Oeiras e as pequenas povoações em redor, e até a Serra de Sintra.

O novo pulmão verde oeirense conta com zona de passadiços.

O baloiço panorâmico do parque.

Novas camas que o verão trouxe

A sua proximidade dos areais e espaços verdes é uma das mais-valias, estando fixado a dois quilómetros das praias oeirenses e do Parque dos Poetas. O Hotel Flag Oeiras Lisboa é o mais recente reforço na hotelaria do concelho, tendo aberto portas em junho. Ao todo, soma 61 quartos – um dos quais adaptado a pessoas de mobilidade reduzida -, além de um bar e receção que funcionam 24 horas por dia. Trata-se do novo projeto do Grupo Flagworld, que detém 25 hotéis e resorts em Portugal e lá fora, e que se prepara para estender o seu espólio com as aberturas do Golden Tulip Pedras Salgadas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, e um Hotel Flag em Sintra.

Um dos quartos do novo hotel. (Fotografia: DR)

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Morada
Jardim Municipal de Oeiras
Horário
Das 11h às 19h. Sexta, até às 21h. Sábado e domingo, das 10h às 20h. Encerra segunda.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Rua Mestre Aviz, 7A, Oeiras
Telefone
963999114
Horário
Das 10h às 19h. Sábado, até às 13h. Encerra domingo.


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Morada
Rua Ernesto Veiga de Oliveira, 10A, Oeiras
Telefone
928136542
Horário
Das 17h30 às 23h. Domingo, das 12h30 às 15h30. Encerra segunda e terça.


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Morada
Rua Dr. Manuel de Arriaga, 4D, Algés
Telefone
216044528
Horário
Das 10h às 13h30 e das 14h às 19h. Sábado, das 9h às 17h. Encerra domingo.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Rua Carlos Paião, Vila Fria, Porto Salvo
Horário
Sempre aberto


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Autoestrada da Costa do Estoril, Oeiras
Telefone
218021210


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