Escapadinha no Funchal: tanto de ilha, tanto de oceano, tanto de Ronaldo

Escapadinha no Funchal: tanto de ilha, tanto de oceano, tanto de Ronaldo
Não é à toa que a Madeira volta a ser eleito o Melhor Destino Insular da Europa. Na centro da capital, Funchal, aposta-se como nunca no que vem da terra e nada no mar, ora inovando, ora mantendo legados. Sempre com o imponente Atlântico a banhar-lhe a costa.

Estão há uns bons 10 minutos a olhar para a estátua situada à entrada do Museu CR7. São mais de três metros de altura e cerca de 800 quilos de peso, trabalhados há cinco anos pelo madeirense Ricardo Velosa, em homenagem a outro conterrâneo. «Este é muito alto, não pode ser o tamanho real», diz-se entre uma dupla de amigos, enquanto tiram uma selfie junto a este Cristiano Ronaldo de bronze, na Marina do Funchal, capital do recém-eleito Melhor Destino Insular da Europa, pela sexta vez, nos World Travel Awards.

A dois passos dali, marcam-se golos de outra forma. A decoração é a primeira a despertar a atenção, não só pelas cores garridas em paredes e cadeirões e pelas luzes neón, mas pelo sentido de humor pontual, como se nota nas mãos de manequins a servirem de puxadores de portas ou do rosto de CR7 estampado numa das casas de banho, com as lentes dos óculos de sol a servirem de espelho. Mas no CR7 Corner, o restaurante que funciona no piso térreo do Pestana CR7 Funchal, importa falar sobre o que chega à mesa.

A cozinha de João Pimenta aposta numa linha contemporânea e descomplicada, com variedade na carta para a agradar a toda a família – das leves e finas pizas às saladas e aos pratos de carne e peixe – e foco nos produtos regionais da Madeira. Num dia normal, servem cerva de 100 refeições. «Queremos que provem algo diferente mas com um toque madeirense», explica o chef, com sotaque madeirense. Dos 28 anos, metade já são dedicados à cozinha, tendo passado por Lisboa e Inglaterra.

A vista de muitos dos quartos do Carlton Pestana. (Fotografias: Gerardo Santos/GI)

As típicas lapas provam-se junto à piscina exterior do Carlton.

O CR7 Museu, na Marina do Funchal.

O peixe-espada preto, ícone na ilha, aqui panado com panko e com molho de lima e maracujá; o peito de frango recheado com banana madeirense, o prego em bolo do caco e o bolo de chocolate com shot de vinho da Madeira 10 anos são destaques numa carta assente nos ex-líbris da zona. Uma dica? Ao final da tarde, há sempre happy hour com cocktails a metade do preço. Propostas que podem ser saboreadas no interior, rodeado de camisolas autografadas pela estrela da casa, ou na simpática esplanada à beira-mar.

É também colado ao Atlântico que se encontra um clássico da restauração local, e um dos primeiros a ser inaugurado. «É já um ícone da ilha», frisa Sara Veríssimo, supervisora do Pestana Carlton Madeira. São quase cinco décadas de um cinco estrelas que tem aliado luxo e conforto na costa sul madeirense. Nos quase 300 quartos duplos, os tons neutros e as madeiras claras ajudam a noites tranquilas, e o azul que domina paredes e cortinados rima com o mar que se avista, de forma desafogada, das varandas da maioria dos amplos quartos. Com sorte, mesmo deitado consegue avistar-se o Atlântico.

O mesmo que nos faz companhia na esplanada do Garden Pool, o bar junto à piscina exterior do hotel, rodeada de palmeiras e flores vermelhas, que serve petiscos locais como as lapas grelhadas, regadas com muito limão, o bolo do caco com manteiga e alho ou o filete de peixe-espada com banana frita e legumes salteados. Não faltam, de resto, sítios para comer dentro das instalações do hotel. No Taverna Grill, o foco pende mais para uma cozinha de autor, enquanto no The Pub, aliam-se petiscos a cerveja, vinho e aguardente regionais. O orgulho madeirense prova-se em pratos como o queijo de cabra com orégãos, chouriço e mel de cana, servido num bolo do caco tostado. A esplanada tem vista para o mar, junto a um canteiro com algumas ervas, como a hortelã que se usa na salada grega, fresca e colorida.

Uma das sobremesas que adoça o paladar na varanda do The Pub.

 

Ao embalo das ondas do mar e da música
A matemática é favorável, valendo a pena arriscar numa viagem. «Cerca de 95% das vezes, conseguimos ver golfinhos. As baleias fixam-se nos 60%», explica a jovem Raquel, um dos elementos da equipa do VMT Catamarã, que há meia década proporcionam passeios de barco pela costa sul madeirense, com partida e chegada à Marina do Funchal.

«Os golfinhos comuns chegam a ficar mesmo aqui próximo da zona de bar do catamarã. Os pintados veem-se mais no inverno e os de espécie ruaz, que chegam a pesar 600 quilos e a medir até quatro metros, avistam-se o ano todo», promete a funchalense. Neste passeio de barco, os golfinhos deram as de suas graças, mas há remédio para outros cenários. «Se numa viagem não se derem a ver, oferecemos um segundo percurso ao visitante», remata.

Os percursos diários variam na duração – das três horas a dias inteiros com refeições – e nos destinos. Ruma-se até Câmara de Lobos, às Ilhas Desertas e ao Cabo Girão, um dos cabos mais altos do mundo, com quase 600 metros de altitude, onde existe a possibilidade de parar por alguns instantes para se dar um mergulho.

No Bahia, as noites de quinta-feira juntam música ao vivo e gastronomia local.

A banana da Madeira, presença fixa no Mercado dos Lavradores.

É também a alguns metros de altura que se provam as propostas gastronómicas do chef Celso Freitas, natural de Caniço, a 10 quilómetros do Funchal. Se nos pisos inferiores do Casino da Madeira, no centro do Funchal, a sorte dita o caminho para uma noite feliz ou triste, no quarto piso, onde se encontra o restaurante Bahia, o que chega à mesa é bem mais consistente.

A carta muda ao ritmo das estações. Sopa de tomate regional; o peru recheado com tâmaras em molho de vinho da Madeira, com puré de aipo e grelos frescos; e a mousse de chocolate com maracujá regional são opções do menu, com alternativas vegetarianas, que mostram os produtos da terra como pilares.

A sala é elegante e requintada, com janelas amplas que deixam entrar muita luz natural e que deixam a descoberto a vista panorâmica para sobre a cidade. O espaço só abre para os jantares de quintas-feiras – é assim há já vários anos – e a música tem aqui um papel importante. Um pianista dá as notas para um início de noite descontraído e o serão prossegue com um espetáculo musical onde se cantam os clássicos, assim que a cortina vermelha de veludo se levanta.

Nem só de vermelho se fazem as dezenas de bancas do Mercado dos Lavradores, no centro funchalense. Muito pelo contrário. Todas as manhãs, este histórico edifício que remonta à década de 1940 enche-se de cores garridas e aromas diferentes. Vale a pena perder boa parte da manhã para provar e comprar as frutas exóticas e locais que aqui se juntam: das pitaias às gigantes papaias, anonas e pitangas, passando pela enorme variedade de espécies de maracujás.

Aos vegetais, especiarias e flores diversas junta-se uma zona de peixaria onde se coloca o que de mais fresco se apanhou no mar. O chicharro, as gambas da Madeira, o peixe-espada preto, o atum patudo, a cavala e as lapas são presença fixa neste mercado, revestido de painéis de azulejos, pintados com temas regionais. Com o orgulho que se sente em toda a ilha.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend