As camas de sonho e comida de autor a não perder na Madeira

No Cliff Bay, a piscina interior tem uma ligação ao exterior. (Fotografia: DR)
Chá servido com pontualidade britânica, menus Michelin e suítes presidenciais inspiradas em altas figuras são alguns dos traços que distinguem estes hotéis de luxo e restaurantes madeirenses.

Entre os dias 1 e 24 de outubro o Funchal vai encher-se de flores, em mais uma edição da Festa da Flor, excecionalmente neste mês por causa da pandemia. A homenagem à primavera da ilha, que tem um clima subtropical, terá ponto alto no dia 3 de outubro (domingo) com a saída do cortejo alegórico da flor, realizado desde 1979. Em paralelo, durante todo o mês, a placa central da Avenida Arriaga terá um mercado de flores e banquinhas com sabores regionais e bebidas típicas.

Estes podem ser bons pretextos para rumar à Madeira, que desde cedo conseguiu controlar a pandemia e passar a perceção de ser um destino seguro, para continuar a colher os frutos da sua eleição, por sete vezes, como Melhor Destino Insular da Europa. O clima ameno, a boa gastronomia, o saber receber, as paisagens e a vasta oferta hoteleira de qualidade estão sempre lá. Mas de uma forma ou outra, de cada vez que se regressa, a ilha parece renovar-se aos olhos de quem a visita.

Cliff Bay. (Fotografia: DR)

A renovação do THE CLIFF BAY, neste caso, foi literal. Durante a pandemia, o grupo PortoBay levou a cabo uma remodelação profunda no átrio, receção, quartos e no restaurante Il Gallo D’Oro (galardoado com duas estrelas Michelin) e agora quem chega encontra um hotel de cinco estrelas mais luminoso e contemporâneo. O próprio nome
anuncia a posição do hotel, no topo de um promontório natural e com acesso direto ao mar, onde se pode nadar numa piscina de água salgada a 21 graus (aberta entre julho e setembro).

Após um bom duche, é mandatório ir ao IL GALLO D’ ORO, reaberto em maio após uma renovação da sala e dos próprios menus. A grande novidade é a “mesa do chef”, colocada ao centro e onde quatro comensais podem assistir de perto à magia da cozinha do chef Benoît Sinthon. Os menus, de cinco a dez momentos, privilegiam os produtos da Madeira, casando-os com outros prediletos do chef, e são harmonizados com vinhos nacionais.

Sob o signo da renovação, também o grupo Savoy Signature (que opera seis hotéis na ilha) reabriu o cinco estrelas ROYAL SAVOY, no final de setembro, com cara lavada. Foram feitos melhoramentos nos jardins, no solário exterior, no spa e construiu-se um campo de padel. A principal novidade foi a criação do Thatcher’s Bar (situado no átrio, no oitavo andar), em alusão à ex-primeira-ministra Britânica Margaret Thatcher, que em 2001 escolheu celebrar o quinquagésimo aniversário do seu casamento no hotel Savoy.

A decoração do bar remete para as descobertas marítimas, pelo que há tapeçarias africanas refletidas num grande espelho no teto e mobílias com pormenores em pedra azul-safira indiana, entre outros detalhes. A mesma inspiração presidiu ao design dos 174 quartos e suítes, estas equipadas com kitchenettes. Já a oferta gastronómica justifica plenamente sair dos aposentos: no restaurante Armada há alta cozinha com sabores madeirenses e em dois bares servem-se bebidas com sabor a férias e música ao vivo.

Royal Savoy. (Fotografia: DR)

 

Em matéria de visitas internacionais, Margaret Thatcher esteve longe de ser a única a pisar a Madeira. Cliff Richard, Olivia Newton-John e Amália Rodrigues também estiveram na ilha, ficando hospedados no cinco estrelas PESTANA CARLTON, o primeiro hotel do grupo. Neste cinco estrelas com quase 300 quartos destaca-se a suíte presidencial, com vista oceânica desimpedida, no 18.º piso. Um luxo não acessível a todos, é certo. De acesso mais democrático são os restaurantes, bares, piscinas, spa (com uma piscina interior de 25 metros e salas de tratamento), ginásio, campo de minigolfe, parque infantil e salão de jogos.

Reis, políticos, pensadores e artistas também passaram pela Madeira, noutros tempos, conforme é lembrado ainda pelo luxuoso BELMOND REID’S, um dos mais antigos hotéis da ilha. Aberto pelo escocês William Reid sobre uma falésia em 1861, foi recebendo ilustres figuras ao longo de quase 130 anos, como a imperatriz Sissi da Áustria, John Huston, o rei Umberto de Itália, vários membros da família real britânica e Winston Churchill.

Churchill, aliás, deu nome a uma das suítes presidenciais – a outra foi batizada em homenagem ao dramaturgo Bernard Shaw, hóspede do hotel. Ambas têm tetos altos, madeiras escuras, papéis de parede pintados à mão e janelas do chão ao teto. Esta decoração clássica – e atemporal – replica-se em todos os quartos, que aliam o conforto dos tempos atuais a detalhes antigos. Nas varandas, há cadeiras de vime para apreciar a vista atlântica.

Já o terraço principal do hotel é palco do muito concorrido “chá da tarde”, um ritual que remonta aos primeiros tempos do hotel e só acontece às quartas, quintas e domingos, entre as 15h e as 16h. Os hóspedes têm à disposição 24 referências de chás e infusões (mas também cálices de champanhe), acompanhados de scones, sanduíches, macarons e doces. Para fazer face aos humores do tempo (é frequente o sol esconder-se durante a tarde), o hotel também disponibiliza mantas.

Estar hospedado no Reid’s e falhar um jantar no WILLIAM seria quase um sacrilégio. O nome é homenagem ao fundador do hotel e a cozinha, a cargo do chef Luís Pestana, é “um autêntico encontro com a história”, diz o Guia Michelin que em 2017 lhe atribuiu uma estrela. Vieiras com salada de quinoa tricolor, vinagrete de eucalipto e pinheiro e filete de vaca grelhado com ragu de batatas e molho Madeira são alguns dos pratos que compõem o atual menu de degustação (além do vegetariano). O guia também elogia a “elegante sala de jantar” de dois andares, a “atenção exaustiva a todos os detalhes” e “uma das melhores panorâmicas do litoral do Funchal”.

Do Funchal para a Ponta do Sol – assim nomeada por ser o concelho mais quente da ilha e onde o sol brilha mais horas -, encontra-se o boutique hotel 1905 ZINO’S PALACE. Guardião de uma história riquíssima, este palacete – e respetiva capela em honra de Santo António – foi construído no final do século XIX como casa de veraneio da família Zino, apreciadora do clima da zona. Mais tarde, passou a ser utilizado como Escola Prática Elementar de Agricultura da Madeira e como escola primária.

Votado ao abandono desde 1976, em 2002 o governo regional decidiu recuperá-lo para poder receber eventos, até que obras posteriores permitiram adaptá-lo à hotelaria, sob gestão da Amazing Evolution. Neste palacete encantador, considerado um dos poucos imóveis de estilo romântico na Madeira, nasceram assim nove quartos, um restaurante, uma piscina exterior, um bar e um pátio com zonas de esplanada. Ali, ao final da tarde, a garantia é de se assistir a um pôr do sol inesquecível.

É a partir dessa hora que o Jacarandá Lounge & Club, no hotel Savoy Palace, no Funchal, ganha outra vida (até às 19h, é um espaço exclusivo para clientes alojados em suítes). O conceito chama-se NIKKEI e foi desenvolvido pelo chef Miguel Bértolo, reconhecido pela mestria na arte do sushi. Propõe “uma incursão pelo exotismo asiático” com ingredientes e técnicas do Japão e influências de cozinhas do mundo. Os menus vão dos 40 aos 50 euros e também se pode pedir à carta, por exemplo, chawan mushi de camarão e lapas, gyosas de novilho em creme de soja e sopa de lichias e água de rosas, texturas de morango e streusel de miso fermentado. O restaurante funciona apenas de quinta a segunda, a partir das 19h, e está aberto a todos os hóspedes e ao público em geral.

 

Um novo hotel tecnológico

Quiosques para fazer o próprio check-in, tomadas elétricas e USB de fácil acesso, bar aberto 24h por dia com bebidas e refeições grab & go e uma piscina com música debaixo de água. No novo hotel NEXT, aberto em julho no lugar do antigo Madeira Regency Club, no Funchal, tudo se reveste de uma dimensão tecnológica, a pensar no público jovem e nos nómadas digitais que visitam a Madeira.

Estas facilidades tecnológicas que permitem desmaterializar a experiência (a entrada nos quartos é feita com o telemóvel e há QR codes para consultar menus de comida, por exemplo) surgem aliadas a um grande nível de conforto. No átrio da receção, além de um bar com bebidas e snacks disponíveis 24h por dia, há máquinas de arcade (sem moedas) e no 11.º andar há um bar com solário e piscina fotogénicos.

O alojamento é assegurado por 126 quartos com interiores minimalistas e as refeições têm lugar no Recharge Bar & Restaurant (com uma carta de partilha e opções saudáveis) e no Network Lounge, onde é servido o pequeno-almoço. Os hóspedes podem também exercitar o corpo no ginásio, receber uma massagem no spa e mergulhar numa piscina exterior ou no mar, através de um pontão exclusivo do hotel.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

Este artigo integra o tema de capa “Madeira de Luxo” publicado na edição da Evasões de 24 de setembro de 2021.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend