Sagrado Coração de Jesus, Lisboa: cinco décadas de uma igreja premiada e aberta à cidade

Igreja do Sagrado Coração de Jesus. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)
Integra-se de tal forma na malha urbana que faz a ligação entre duas artérias alfacinhas, através do seu pátio cheio de plantas. É assim há mais de 50 anos na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a dois passos da Avenida da Liberdade, vencedora do Prémio Valmor 1975 e classificada como Monumento Nacional.

Ao atravessar a Rua Camilo Castelo Branco, os intervalos no corredor de tílias de grande porte vão deixando a descoberto o modernismo da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, situada a dois passos da Avenida da Liberdade e do Marquês de Pombal, e que se tornou disruptiva no então cenário das igrejas alfacinhas, tanto pelo uso de materiais como o betão e o mármore de Vila Viçosa como pelas linhas retas e minimalistas e o conjunto de sinos a descoberto, sem estarem envoltos numa torre sineira.

Mas não só. A igreja de Lisboa construída durante a segunda metade da década de 1960 e inaugurada no verão de 1970, autoria dos arquitetos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, também marca pela diferença ao integrar-se na malha urbana, já que o seu pátio e escadaria serve de ligação pedonal a duas artérias desniveladas – a Rua Camilo Castelo Branco e a Rua de Santa Marta – junto a limoeiros, crassulas ou begónias. Essa relação integrada com o edificado urbano foi uma das maiores preocupações dos próprios arquitetos – e a única das 60 candidaturas no concurso para a construção da igreja a sugerirem-no. Citados no site da autarquia lisboeta, os autores explicam que “os corpos do conjunto, igreja propriamente dita e outros serviços, tinham de realizar a amarração à cidade que tínhamos à volta”.

A ampla nave do salão paroquial onde se sentam mais de 1200 pessoas. (Fotografias de Reinaldo Rodrigues/GI)

A igreja, da autoria dos arquitetos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, venceu o Prémio Valmor, em 1975.

Na ampla nave da igreja, onde cabem mais de 1200 pessoas sentadas, destacam-se a claraboia que ilumina o altar-mor de luz natural, o batistério, candeeiros retangulares em mármore, estátuas (pastorinhos Francisco e Jacinta, Nossa Senhora de Fátima e Sagrado Coração de Jesus), um leque de quinze pinturas alusivas à Via Sacra, algumas dracenas a trazer o verde para dentro do salão e o órgão de 908 tubos junto à tribuna onde se fixa o coro.

No piso inferior da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, é possível visitar a cripta, onde se observam mais estátuas (Santo António, Nossa Senhora das Dores, arcanjo São Miguel e Nossa Senhora da Conceição, entre outros) e exemplares de confessionários em madeira do século XVIII. Nos pisos mais baixo, há ainda espaço para zonas como a sala de conferências, auditório e as capelas mortuárias (visitáveis sob pedido). É nestas últimas que estão os painéis de azulejaria original da primeira Igreja do Coração Sagrado de Jesus (situada noutro local da Rua de Santa Marta), que somam três séculos e espelham desenhos como cordeiro, espigas, pelicano e uvas.

A Igreja do Sagrado Coração de Jesus é considerada Monumento Nacional há 13 anos.

Na cripta, há esculturas e exemplares de confessionários do século XVIII.

Em 1975, esta igreja venceu o Prémio Valor e em 2010 foi classificada como Monumento Nacional. “Ainda hoje é estudada por muitos arquitetos de várias partes do mundo”, conta Paulo Lopes, assistente litúrgico da paróquia. O interesse, esse, existe desde o primeiro momento, como o mesmo responsável recorda: “No dia da inauguração, a cidade estava cá toda”.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend