Olalla e Pablo Ruibal: os irmãos que vivem entre o Minho e a Galiza, a fazer vinho

Pablo Ruibal e a sua irmã e enóloga Ollala Ruibal na Quinta Edmun do Val, onde produzem vinho. (Fotografia de Pedro Correia/GI)
Os irmãos Olalla e Pablo Ruibal dividem o ano pelos dois lados da fronteira. Galegos de Tui, sempre viram o Minho e Galiza como um território de continuidade.

Galiza/Espanha

Olalla e Pablo Ruibal
“Assim é a vida” nos dois lados da fronteira

Desde que começaram a produzir vinho na sua Quinta Edmun do Val, em São Julião (Valença do Minho), que aqui passam a maior parte do verão, trabalhando, recebendo turistas, mostrando com entusiasmo os seus produtos.

“O nosso pai comprou esta quinta em 1999. Plantou as videiras e reconstruiu a casa que estava praticamente em ruínas”, conta Pablo. Rafael Edmundo Ruibal, o pai, passou algum tempo da sua infância nesta quinta, devido a uma tragédia familiar. “A mãe dele, nossa avó Madalena, portuguesa de Paredes de Coura, morreu muito nova, com 30 e tal anos. Estava a nadar no rio Âncora e teve um problema cardíaco”, recorda Pablo.

Foi para esta quinta, de um familiar afastado, que o jovem Rafael veio com a sua tia e os seus seis irmãos para passar o luto e recuperar um pouco da tragédia. A verdade é que gostou tanto daquele espaço que prometeu a si próprio que se um dia tivesse dinheiro, comprava a quinta. Quando conseguiu, começou a plantar videiras de alvarinho e a reconstruir a casa. “Foi mais uma ideia romântica do que comercial”, considera Olalla, a enóloga da casa. A quinta estava abandonada e através de fotografias tentou-se reconstruir a casa de campo, respeitando o mais possível a sua traça original. No início, não havia um plano concreto para fazer vinho. Mas em 2007 começaram a preparar o primeiro rótulo, que só saiu em 2009, mesmo ano em que se inaugurou a adega.

Olalla ficou aqui como enóloga exclusiva em 2011. “Estudei Química em Santiago de Compostela, depois tirei um curso de Enologia em Madrid e vim logo para cá. Foi um pouco arriscado, mas quando cheguei havia outra enóloga e eu fui aprendendo”, conta. Para se fazer bom vinho, o “mais importante é a vinha”, defende Olalla. Aqui, pratica-se uma produção integrada de “pouco impacto ambiental. “Não utilizamos herbicidas nem inseticidas. Os insetos são os melhores inseticidas, assim como os morcegos. A madeira da poda incorpora-se na combustagem. Só utilizamos compostos orgânicos”, diz. As vindimas são feitas em caixas de 10 ou 12 quilos e depois de uma primeira seleção na vinha, faz-se outra na adega.

O processo de produção é bastante natural, deixando que a fermentação seja espontânea. “Quisemos fazer algo diferente, vinhos em estágio tanto em depósito como em garrafa. O Reserva passa 10 meses sobre borras finas e um ano em garrafa antes de sair para o mercado”, explica. O Grande Reserva que está agora no mercado, é de 2008, passou 11 anos em estágio. Os dois irmãos produzem ainda espumante natural e gin com infusão de alvarinho. Tudo produtos que se podem provar numa visita à quinta, com a certeza de que se será sempre recebido com muita alegria e sem estranheza. “Estamos na raia. Temos mais parecenças com um português do que com um andaluz ou um madrileno, tanto na forma de estar, como na língua e até num certo pessimismo. Dizemos muito como os portugueses “assim é a vida…”, remata Pablo, com um sorriso.


3 locais preferidos em Portugal


Camarão, Vila Praia de Âncora
Restaurante mesmo em cima da praia, onde se come muito peixe grelhado e outros pratos do mar, como amêijoas à Bulhão Pato.

Casa das Velhas, Vila Nova de Cerveira
Passear por Vila Nova de Cerveira e almoçar na Casa das Velhas, com vista para o rio Minho.

Moinhos de Cerdal, Valença do Minho
Percorrer o trilho dos Moinhos de Cerdal e almoçar no restaurante Braseiro, na mesma freguesia.




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