O que há de novo em Arouca, Património Geológico da Humanidade

A imponente Ponte 516 Arouca foi inaugurada no início de maio. (Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens)
Este território, classificado pela UNESCO como Património Geológico da Humanidade, atrai visitantes de todo o lado, com os Passadiços do Paiva e a nova ponte pedonal suspensa 516 Arouca. Mas, antes de ser destino de natureza, já conquistava forasteiros pelo estômago.

Ergue-se sobre a garganta do Paiva, com os seus 516 metros de comprimento e 175 metros de altura, e é apresentada como uma das maiores pontes pedonais suspensas do Mundo. A PONTE 516 AROUCA, que liga as freguesias de Alvarenga e Canelas/Espiunca, constitui a mais recente atração de uma terra que já estava no roteiro dos amantes da natureza. Foi inaugurada no mês passado, com lotação limitada, para que cada visitante possa apreciar a paisagem ao seu ritmo, sem confusões. O bilhete, a comprar online, com antecedência, também dá acesso aos Passadiços do Paiva.

O acompanhamento é garantido naquela estrutura imponente, que oferece uma visão ímpar sobre o vale do Paiva. Mas quem quiser uma experiência mais completa pode contactar a JUST COME – COUNTRYSIDE & ADVENTURE TOURS, especializada no território do Arouca Geopark, correspondente aos limites administrativos do concelho e classificado pela UNESCO como Património Geológico da Humanidade. Ao todo, são 328 quilómetros quadrados, com 41 geossítios (locais de interesse geológico), entre eles a garganta do Paiva e a Cascata das Aguieiras, bem visíveis sob os nossos pés, durante a travessia.

O programa da Just Come inclui visita guiada à ponte, com partilha de informações e curiosidades – como ter existido ali um castelo roqueiro – e aos passadiços. E ainda reportagem fotográfica, merenda e transfer, explica Pedro Teixeira, sócio-gerente daquele operador turístico, que também desenvolve atividades de aventura no Paiva.
A mais recente é o river tubing, que consiste em descer o rio numa boia, com ajuda de uma pagaia. A viagem, de três horas, é feita com capacete e colete salva-vidas e orientada por monitores, inclusive em caiaque de segurança. Tudo é mais divertido porque a boia gira sobre si mesma, nem sempre se controla a trajetória, e ainda se pára para saltar das rochas.

Produtos locais e banhos salgados

Voltando à ponte: quem entrar por Alvarenga encontra, a um quilómetro, a CASA DO SOUTINHO. Este turismo em espaço rural tem horta, jardim, piscina de água salgada, sala e cozinha comuns e sete quartos com nomes de lugares da terra, como Ponte de Alvarenga ou Senhora do Monte. Desses, um é familiar, tem kitchenette e acolhe quatro pessoas; os restantes são duplos ou twins. Em tempos, a propriedade esteve ligada à residência do outro lado da rua, conta a responsável, Joana Nunes – dorme-se na antiga casa do caseiro, que tinha por baixo lagares e gado.

A Casa do Soutinho, que pertence a um empresário do Grupo Novo Rumo, da restauração, e antes foi do fundador da marca de café Sical, Vicente Peres, tem o selo GEOfood, e isso reflete-se num pequeno-almoço muito assente em produtos locais. Café e chá estão disponíveis durante todo o dia, e para venda existe trigo doce, um bolo feito em forno de lenha, que os afilhados ofereciam às madrinhas, na Páscoa.

Alvarenga já era destino gastronómico antes de ser destino de natureza, muito graças ao bife generoso servido, ali, com batatas fritas às ondas. Isso mesmo atestam Décio Vieira e Maria Manuela Barbosa, que mantêm O DÉCIO de portas abertas e salas cheias há mais de 30 anos. O bife à moda de Alvarenga é a estrela da casa, com carne arouquesa D.O.P. certifica da e travessas de encher o olho.

Manuela na cozinha d’ O Décio.
(Fotografia: Maria João Gala/GI)

O famoso bife de Alvarenga, “capital do Mundo”.
(Fotografia: Maria João Gala/GI)

Morcelas doces e ovos de pêga

Arouca, em geral, é famosa pela boa mesa – e ela engloba a doçaria conventual, tradição que perdura na família de Jorge Bastos. Uma tia-avó do pai foi aia no Mosteiro, aprendeu as receitas, e estas passaram para a avó e o pai de Jorge, que acaba de iniciar mais um capítulo nessa história, com a abertura d’ A FÁBRICA DOS DOCES.

Naquele misto de fábrica, loja e esplanada, há uma variedade de doces conventuais, das castanhas de ovos, assadas na brasa, às morcelas doces, com pão, amêndoa, manteiga, açúcar e canela. E ainda alguma doçaria regional, incluindo criações do pai, Manuel Bastos, como a pedra boroa (doce de ovos e amêndoa com recheio de chila, inspirado nas pedras que lembram côdeas de broa na Serra da Freita) ou os ovos de pêga (com avelã, e que remetem para uma lenda do Mosteiro). Quem quiser provar um pouco de tudo tem o sortido conventual “516 Arouca”, de grandes proporções, como a ponte que lhe dá o nome.

Doces conventuais e regionais.
(Fotografia: Maria João Gala/GI)


O poder da carne

No centro de Arouca, há dois restaurantes, frente a frente, que apostam nas boas carnes da região. Um deles é o PARLAMENTO, com especialidades como vitela arouquesa assada à moda regional e cabrito, este último disponível nos fins de semana e feriados. José Luís Teixeira Júlio abriu a casa em 1996, então com outro sócio, após terem trabalhado num bar vizinho. Era o ASSEMBLEIA, que entretanto virou restaurante. Daquela cozinha, que não encerra, sai a habitual posta arouquesa, mas também algumas alternativas aos pratos regionais. A ligação ao território transparece sobretudo nas sobremesas: a “Passadiços do Paiva”, recheada com barrigas de freira; e a “Minas crocantes”, em alusão às antigas minas de volfrâmio, que combina crumble de maçã e gelado de baunilha.

Vitela arouquesa assada à regional, no Parlamento.
(Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens)

A sobremesa “Passadiços do Paiva”, do Assembleia.
(Fotografia: Maria João Gala/GI)


Regras na ponte

É proibido entrar na Ponte 516 Arouca com mochilas e sacos volumosos, sapatos de salto alto ou chinelos. Também não são admitidos carrinhos de bebé nem animais de estimação.


Capital do Mundo

Alvarenga é conhecida como a “capital do Mundo e do bife”. Muita gente da terra emigrou, nos anos 1950 e depois, para fugir à Guerra Colonial, mas manteve ali o seu centro.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend