Melgaço por terra, água e ar: 8 atividades na natureza para conhecer o território

No Alto Minho, a vila mais a norte de Portugal é agraciada por rio, serra, e um pedaço do único parque nacional do país. E as empresas de animação turística do concelho sabem bem como aproveitar essas atributos naturais para promover a região e desafiar os visitantes a descobrir o território de pés bem assentes na terra, dentro de água ou até suspenso no ar. Há propostas para mais ou menos aventureiros, e todas elas mostram que a natureza pode ser o maior pretexto para rumar a Melgaço.

# TRILHOS NA SERRA

Por caminhos castrejos

É a palmilhar o terreno que se conhece a fundo um território. E na Serra da Peneda, no Planalto de Castro Laboreiro e nas montanhas ao redor, o que não falta é caminhos para trilhar.

Caminhar na serra é uma das melhores formas de lhe conhecer a íntimo a fauna e a flora, e de chegar às mais belas vistas panorâmicas. Na Rede Municipal de Percursos Pedestres existem trilhos assinalados com vários níveis de dificuldade e extensão, por isso, mesmo quem não é fã de caminhadas pode escolher um pequeno passeio. Para os mais aventureiros, o Trilho Castrejo leva a conhecer a fundo o território. Rodeia Castro Laboreiro ao longo de 17 quilómetros, seguindo por caminhos que remontam à Idade Média e ligam as Brandas às Inverneiras (núcleos habitacionais temporários), passando por bosques de carvalho alvarinho, ribeiras e pontes antigas. Outros percursos não assinalados devem ser feitos na companhia de quem conhece o terreno, como os monitores da Montes de Laboreiro. A empresa de animação turística tem passeios pedestres pelo Planalto de Castro Laboreiro, a Serra da Peneda, e outros percursos temáticos pela região. Um deles leva à descoberta da cabra-montês, que se refugia nas escarpas junto da capela de N.S. do Numão. O percurso tem 12 quilómetros e a duração média de seis horas, e requer boa preparação física, já que se vai subir encostas íngremes. O esforço compensa com a paisagem, e a eventualidade de ver um desses animais selvagens sobre as rochas.

Rede Municipal de Percursos Pedestres
Web: cm-melgaco.pt/trilhos

Trilho da cabra-montês: desde 25 euros por pessoa
Web: montesdelaboreiro.pt/atividades

Trilho da cabra montês (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

# ARVORISMO

Na copa das árvores

Força, agilidade e equilíbrio são as aptidões postas à prova nesta atividade, que termina com uma divertida descida em slide.

A 10 metros do solo, no Parque de Campismo de Lamas de Mouro, está montado um circuito de arvorismo indicado para os mais intrépidos. São oito pontes que obrigam a saltar de árvore em árvore, caminhando sobre cordas e troncos de madeira baloiçantes, e mais uma série de desafios que testam a força, a agilidade e o equilíbrio. Apesar da exigência física é uma atividade bem divertida para se fazer em família ou com amigos, e promove até um certo espírito competitivo. O único requisito é ter altura mínima de 1,50 metros. De resto, os participantes vão sempre acompanhados por um monitor da Montes de Laboreiro, que fornece capacete e arnês, e garante todas as condições de segurança. A empresa, criada por Paulo Azevedo em 2008 e que promove atividades de natureza em todo o território de Castro laboreiro, tem sede ali mesmo, no parque. O percurso termina com uma descida em rappel ou slide. A quem ainda sobrar alguma força de braços e pernas é dada a oportunidade de fazer as duas. Tem é de voltar a subir à plataforma através da parede de escalada, e só depois deslizar por entre as árvores.

Circuito de arvorismo: a partir de 14 euros por pessoa
Web: montesdelaboreiro.pt/atividades

 

# CAMINHADA AQUÁTICA

Um passeio com mergulhos

É uma espécie de iniciação ao canyoning, que mistura caminhada e diversão na água, com escorregas, saltos para lagoas e mergulhos refrescantes.

É nas águas límpidas do rio Varziela, ladeado por vegetação densa, que a Montes Laboreiro nos leva numa caminhada aquática. Ou, pondo de outra forma, um passeio com os pés na água e ocasionalmente alguns saltos, mergulhos e escorregas naturais. É diversão garantida para quem não dispensa um verão em estado líquido, mas com um pouco mais de aventura. Esta atividade é uma espécie de iniciação ao canyoning – que já exige algumas técnicas de cordas para progredir no rio -, ideal para quem não tem experiência em desportos do género e recomendado para crianças a partir dos seis anos. Permite conhecer o percurso natural da água, transpondo penedos, por vezes escorregadios, e seguir os contornos do rio, como se fizéssemos parte dele, o que dá uma perspetiva única da paisagem envolvente. A Montes de Laboreiro disponibiliza um fato térmico e todo o equipamento necessário para fazer o percurso, que tem duração média de duas horas, mas tudo depende da vontade de desfrutar daquelas águas refrescantes.

Caminhada aquática: a partir de 30 euros por pessoa
Web: montesdelaboreiro.pt/atividades

 

# CANYONING

Conhecer a palmo o rio Laboreiro

Quedas de água, margens escarpadas e lagoas entre penhascos fazem do rio Laboreiro um local de eleição para a prática de canyoning, uma atividade que garante adrenalina de início ao fim.

Descer uma cascata em rappel, dentro de uma gruta com sete metros de altura é uma experiência emocionante. Sente-se na pele a água a cair impiedosa, como uma autêntica força da natureza. E tudo acontece depois de uma série de acessos de adrenalina descendo o rio Laboreiro ao longo do seu percurso atribulado por entre rochedos e fossos escavados na rocha. São estes obstáculos naturais que fazem daquele rio um excelente lugar para a prática de canyoning, e desde logo a Montes de Laboreiro reconheceu o potencial. Esta é uma das atividades mais procuradas por quem visita a região, mas só é praticada entre 15 de maio e 15 de outubro, “por causa do frio e da subida do caudal do rio” durante os meses de inverno, alerta Hélder Rodrigues, um dos monitores que acompanha a descida. Existem cinco percursos possíveis, com diferentes níveis de dificuldade. “Neste primeiro nível todos os obstáculos são contornáveis, ou seja, as pessoas não são obrigadas a fazer os os saltos, o rappel e etc”, explica Hélder. Os restantes exigem um pouco mais de técnica e destreza física. Mas o que atrai em qualquer um dos troços, além da adrenalina, é a proximidade com a natureza, de paisagem agreste, penedos nus, mas bela de qualquer forma. A atividade também permite chegar a lagoas muito atrativas para banhos refrescantes, que de outra forma não seria possível. E mesmo quem não sabe nadar ou não se sente à vontade em águas profundas, pode lançar-se na aventura: “temos sempre coletes e o próprio fato ajuda a flutuar, e os monitores também estão sempre por perto para ajudar a atravessar algum obstáculo”, sossega Hélder.

Canyoning no rio Laboreiro: a partir de 50 euros por pessoa
Web: montesdelaboreiro.pt/atividades

 

# PERCURSOS MARGINAIS DO RIO MINHO

Seguir os contorno do Minho

Este trilho pedestre liga a vila de Melgaço às Termas do Peso, e no entremeio acompanha de perto os contornos do rio Minho, em passadiços de madeira embrenhados na vegetação.

Começa à porta da vila, junto à Alameda Inês Negra, mas na verdade, quem quiser fazer batota, pode iniciar o percurso em qualquer um dos outros pontos de interesse – ou até de trás para a frente – como o Centro de Estágios, para onde o caminho segue em seguida. A partir dali, um trilho em terra batida atravessa o pinhal e dá acesso aos passadiços em madeira que acompanham os contornos do Rio Minho – um dos troços mais agradáveis do percurso -, ao início ao longo de uma antiga levada de água, atualmente desativada. Estão construídos na encosta do rio, embrenhados na vegetação, que amiúde abre vistas soberbas sobre o rio e a Galiza, na outra margem. Pelo caminho encontram-se banquinhos em madeira para descansar ou demorar a apreciar a paisagem, que também inclui as famosas pesqueiras do rio Minho – muros rochosos que partem das margens e entram pelo rio no sentido da corrente, utilizadas desde há séculos para pesca. Mais à frente, já de volta ao trilho de terra batida, encontra-se o Observatório de Avifauna de Monte Prado, paragem obrigatória para entusiastas de aves. Depois vem o centro hípico, as zonas agrícolas e as vinhas de alvarinho, e, finalmente, depois de quase seis quilómetros, as termas.

 

# RAFTING

Todo o ano, para toda a família

“Dos 8 aos 80”, é o intervalo de idades recomendada para fazer uma descida de rafting no Rio Minho. As águas abundantes permitem praticar a modalidade durante todo o ano.

É um trabalho de equipa. Para descer as águas bravas do rio Minho, é necessário coordenação entre todos os participantes a bordo do bote pneumático, para ultrapassar os obstáculos sem dar um mergulho involuntário no rio. São as pesqueiras – esses muros seculares que afunilam as águas – as responsáveis pelos fortes desníveis que dão origem aos rápidos ao longo do rio, e que fazem do Minho lugar de eleição para a prática de rafting, e Melgaço uma das capitais ibéricas desse desporto radical. Principalmente porque a abundância de água o permite fazer durante todo o ano, ao contrário do que acontece no resto do país.

 

Nos intervalos entre rápidos, o passeio faz-se calmamente, ao sabor da corrente e com tempo para apreciar a paisagem ou até saltar para a água. Vai-se conhecendo o rio por dentro, acompanhado de perto por garças, patos, lontras, e o comboio, que de vez em vez passa do lado galego, ladeiro à margem. A Melgaço Radical, uma das empresas especializadas na modalidade acaba de lançar uma proposta focada nesse contacto mais próximo com o ecossistema do rio, o eco rafting. É um percurso com cerca de 20 quilómetros, ao longo do qual, os guias fornecem informações sobre a fauna e a flora, e a importância da preservação dos habitats. Outra empresa no concelho que também se dedica à atividade é a Melgaço Whitewater, e ambas organizam descidas noturnas, normalmente em noites de lua cheia. Naquelas águas também é possível fazer outras atividades, como a canoagem e o hidrospeed. Por isso, não faltam pretextos para conhecer o rio Minho.

Rafting no Rio Minho: a partir de 30 euros por pessoa
Melgaço Radical: mr.melgacoradical.com
Melgaço WhiteWater: melgacoww.pt

Rafting no Rio Minho (Fotografia: Artur Machado/GI)

 

# SALTO PENDULAR

Um pulo para o vazio

A 30 metros de altura, sobre o rio Minho, esta atividade desafia a dar um passo no vazio e deixar a gravidade fazer o seu trabalho.

É preciso coragem, e o segredo está em “não pensar muito”, dizem os entendidos. Antes de mais: o salto pendular consiste num lançamento vertical para o vazio, com recurso a um sistema de cordas, em que num primeiro momento o participante está em queda livre e depois balanceia em movimento pendular. A Melgaço Radical e a Melgaço Whitewater realizam os saltos na ponte internacional que liga Peso a Arbo, a 30 metros de altura.

Antes da atividade, todos os aspetos técnicos são explicados e são garantidas todas as normas de segurança, à medida que o intrépido participante se coloca do lado de fora da ponte. É neste momento que os níveis de adrenalina começam a subir, e depois do “ok” do monitor, basta um impulso de coragem para se deixar cair no vazio – o salto é efetuado de cabeça, como um mergulho. A 10 metros do chão as cordas tensionam e ressaltam, fazendo baloiçar por baixo da ponte.

Salto pendular: a partir de 17,5 euros
Melgaço Radical: mr.melgacoradical.com
Melgaço WhiteWater: melgacoww.pt

 

# BUGGY TRIP / QUAD TRIP

Passeios todo o terreno

Os passeios de buggys e karts da Melgaço Whitewater levam a conhecer a paisagem envolvente de Melgaço, como as vistas panorâmicas sobre o rio Minho.

Diversão sobre quatro rodas, seja num buggy – pequeno veículo sem portas nem tejadilho – ou numa moto-quatro, é que propõe a Melgaço Whitewater com os seus programas de Buggy Trip e Quad Trip. Os percursos passam por caminhos em asfalto e em terra batida e levam até miradouros naturais, que abrem deslumbrantes vistas sobre o território de Melgaço, em alguns casos mesmo sobranceiro ao rio Minho. Cada buggy transporta duas pessoas, mas é necessário que o condutor tenha carta de condução de automóveis ligeiros. É também aconselhável levar roupa para trocar, já que é provável que as roupas se sujem com lama e pó ao longo do passeio. E é importante respeitar as orientações do guia, para que tudo corra da melhor forma.

Buggy trip: a partir de 80 euros por kart
Web: melgacoww.pt

Buggy Trip (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

RECARREGAR ENERGIAS

# Casa dos Cabreiros | Dormir no sossego do campo

É sob uma ramada de videiras, num pátio aberto para o vale – de onde se vê a vila ao fundo, depois de alguns campos agrícolas -, que apetece estar no final de um dia à descoberta das riquezas naturais de Melgaço. E com um copo de alvarinho tanto melhor. É isso mesmo que se encontra na Casa dos Cabreiros, a de cima e a de baixo, que na verdade são duas, recuperadas por Abílio Pires, de forma a manter o traço rústico original daquelas casa de campo, mas com todas as comodidades e conforto. Ambas as casas, uma com dois quartos e outra com quatro, têm cozinha equipada, lareira, pátio com jardim e churrasqueira.

Estão inseridas na Quinta da Cabana, onde o antigo professor de ensino secundário, passou a dedicar-se à viticultura depois de se aposentar, já lá vão 15 anos. “Das duas uma, ou vendia as uvas a uma adega ou se quisesse criar uma marca teria de ser algo diferenciador”, refletiu Abílio na altura. E por isso optou por fazer um vinho biológico, “mais macio”, nota, “nem melhor, nem pior, mas certamente diferente”. Sob o rótulo Encostas da Cabana, produz o vinho alvarinho biológico, e ainda um rosé, um vinhão e dois espumantes. Qualquer um deles um boa opção para esse fim do dia de descanso.

Casa dos Cabreiros
Lugar de Cabreiros, Roussas
Tel.: 251402299/962851205
Facebook: Casa Dos Cabreiros
Casa T2 a partir de 150 euros por noite (mínimo duas noites)

 

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