Um jardim centenário no Chiado
Com quase cem anos de vida, é uma das poucas e resistentes “lojas de vão de escada”. No Pequeno Jardim de Elisabete Monteiro, mais de 400 plantas e flores dão cheiro, cor e vida à agitada Rua Garrett e prendem a atenção de quem ali passa.
De pequeno, apenas tem o nome de batismo e o total de metros quadrados, porque a longevidade, essa, é extensa. Numa das ruas mais movimentadas do centro de Lisboa, na Rua Garrett, este Pequeno Jardim já soma quase 100 anos de portas abertas. Reza a lenda que um francês que passeava por Lisboa, apaixonado pela delicadeza da capital, decidiu fundar na porta 61 o seu Petit Jardin, num tradicional vão de escada.
Com dezenas de plantas e flores a embelezar a sua fachada e a calçada, e uma montra em ferro com resquícios de Arte Nova, é impossível não dar pela loja quando se sobe ou desce esta artéria. “O Pequeno Jardim veio embelezar e trazer cheiro e cor à rua e ao próprio Chiado”, explica Elisabete Monteiro, responsável pelo espaço há quase duas décadas. Sempre foi apaixonada pela botânica e os arranjos de flores secas que fazia para o anterior proprietário abriram-lhe a janela para assumir depois as rédeas, quando o ex-dono se quis reformar.
Todos os dias, passam por aqui muitas pessoas, desde jovens a famílias que já frequentam a loja há muito tempo, e que já vão na terceira geração de clientes. E se por parte dos turistas sempre notou um interesse especial na compra das suas plantas, Elisabete explica que sentiu uma mudança na atitude dos portugueses há cerca de cinco anos.
“Desde aí que noto uma maior ligação para a botânica, o biológico, a natureza, o verde. As pessoas estão a comprar mais plantas e flores do que antes”, conta, rodeada das cerca de 400 variedades de plantas de interior, como lírio da paz, costela-de-adão, orquídeas, calateias espadas-de-São-Jorge e catos, alguns dos mais procurados e vendidos nesta morada centenária, onde também residem flores como girassóis, hortenses, rosas, cravos dos poetas e tulipas, entre outras.
As encomendas também se podem fazer através do site oficial, uma vez que a Pequeno Jardim, que integra o leque de Lojas com História da capital, faz entregas ao domicílio na Grande Lisboa. Foi isso que acabou por acontecer nos meses em que a loja esteve de porta fechada, com encomendas via online e telefone. “Muitas pessoas quiseram oferecer plantas a quem não conseguiram abraçar estes meses”, remata.
Longitude : -8.2245
Plantas e design pelas mãos de pai e filho
Surgiu de uma paixão familiar e é um dos novos reforços botânicos da cidade. Na nova Plantome, nas Laranjeiras, vendem-se dezenas de plantas de interior mas também serviços de arquitetura paisagística e peças de design, áreas de formação deste pai e filho.
Quando a vida dá limões, há que regar oportunidades. Foi o que fizeram Nuno e André Mota, pai e filho, que partilham não só o apelido como esta antiga paixão verde. A ideia de abrir uma loja de plantas era já “um sonho antigo”, acelerado este ano pelas circunstâncias em que vivemos e com projetos profissionais que ficaram suspensos.
A Plantome abriu nas Laranjeiras há dois meses e é um dos reforços botânicos da cidade, por onde já passaram mais de 100 variedades de plantas de interiores e exteriores. Aqui, juntam as áreas onde se formaram, com serviços de arquitetura paisagística, da parte do pai, e com várias peças de design e decoração de Bordallo Pinheiro e outros artesãos nacionais, como vasos, bandejas para queijos e enchidos, velas aromáticas feitas com produtos naturais, puffs e almofadas em lã e berçários para plantas em madeira, ou não tivesse o filho o curso de Design de Comunicação.
“Sempre gostámos muito de plantas, sempre estiveram presentes na nossa vida e em casa. A família tem uma tradição muito ligada à terra, à agricultura”, explica Nuno Mota. “Aqui, ajudamos a trazer a natureza para dentro de casa”, acrescenta André, com aconselhamento na hora da escolha consoante o tipo de luz e tempo que cada pessoa tem em casa. “Há sempre uma planta certa para cada pessoa”, diz o pai, que renova a oferta verde todas as semanas.
Por aqui, vivem monsteras folhas-de-macaco, figueiras-lira, zamioculcas, ardísias, begónias e suculentas fora do comum, como a espécie orelha-de-elefante, pela cor das suas folhas. A ajudar, há sempre uma Planta da Semana, a um preço especial. Qualquer que seja a escolha, cada cliente recebe sempre um pequeno guia em papel ou por e-mail para ajudar a tratar da planta em sua casa. O resto, o tempo trata. “É um bichinho que não vai desaparecer. Vão querer cuidar delas e usá-las como parte integrante da sua casa”, afirma Nuno.
Para a época natalícia, a Plantome vai lançar cabazes com vasos, saquinhos de terra e bolbos, uma boa prenda para oferecer a outros ou a nós próprios. Se os plantarem no Natal, vão florescer a tempo da primavera.
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A loja que também é oficina e maternidade
A ampla Plantae acaba de abrir em Campo de Ourique com mais de mil plantas e várias vertentes: zona de loja, uma oficina onde se salvam estas amigas vegetais e uma maternidade, onde se floresce a partir de uma folha caída.
A semente da ideia foi plantada durante uma viagem de comboio de dois meses e meio pelo mundo, recém-casados e de mochilas às costas. “Foram muitos quilómetros. Tivemos muito tempo para planear este projeto”, ri-se Bernardo Ferreira da Costa, arquiteto paisagístico que abriu com a mulher, Rita Rodrigues, e uma terceira sócia, Lisa Santos, a Plantae, a nova loja de plantas do bairro onde vivem, Campo de Ourique.
Um desejo que surgiu naturalmente, não só pelo interesse na área. “Muitos amigos já me pediam a mim e à Rita conselhos, dicas e ajuda para cuidar as suas plantas. Já era quase um pequeno consultório, que nos levou a abrir este espaço”, explica Bernardo sobre a ampla loja com 140 metros quadrados, onde vende mais de mil plantas, de 200 espécies diferentes, todas de fornecedores nacionais. Pelas fachadas envidraçadas, com permitem a entrada de bastante luz natural, e ilhas em madeira estão chifres-de-veado, suculentas, catos, estrelícias, orquídeas, planta-do-dinheiro chinesa, begónias, peperomias e espadas-de-São-Jorge, por exemplo.
A venda de plantas é apenas uma das vertentes da Plantae, que inclui uma zona de oficina, onde Bernardo tenta salvar plantas em mau estado e ensinar técnicas de rega e manutenção , e uma outra de maternidade, onde tenta fazer florescer plantas a partir de uma folha caída ou pequenas raízes. Juntam-se ainda vasos em barro e cerâmica, sabonetes naturais feitos no bairro, sementes, sacos de terra e livros técnicos sobre botânica. Para breve surgirá ainda uma mini biblioteca, onde se podem consultar os vários livros de Bernardo e Rita sobre o complexo mundo das plantas.
No final de novembro chega o site oficial da Plantae, através do qual se fazem encomendas e entregas de plantas, numa primeira fase na Grande Lisboa e depois para todo o país.
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