Heritage As Janelas Verdes: um hotel com biblioteca em cenário queirosiano

A bibioteca do hotel Heritage As Janelas Verdes é muito procurada por escritores. (Fotografia de Gerardo Santos/GI)
Instalada no antigo palacete que inspirou o Ramalhete de “Os Maias” de Eça de Queirós, em Lisboa, esta biblioteca, com lareira, terraço e bar honesto, é um convite a passar horas a fio a ler ou com jogos de tabuleiro. O descanso faz-se num dos 29 quartos românticos do Heritage.

A fachada original, recuperada aquando da reconversão do edifício do século XVIII no Heritage As Janelas Verdes, consegue transportar qualquer um para a primeira página de “Os Maias”, de Eça de Queirós. Porém, o “sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado”, só se encontra na descrição que Eça desfia da casa do Ramalhete – inspirada, ao que se sabe, neste palacete que pertenceu à família dos Condes de São Lourenço – Sabugosa.

Acredita-se que Eça de Queirós terá passado uma temporada nesta casa. Porém, à falta de um registo inequívoco, é mais seguro destacar o outro ponto que o escritor teve em comum com o Conde de Sabugosa: ambos pertenceram ao grupo de intelectuais “Os Vencidos da Vida”, batizado como forma de mostrarem a sua frustração face à não concretização dos ideais que acalentavam para uma renovação da vida política, social e cultural portuguesa que aproximasse Portugal da Europa dita civilizada. A “presença” do autor é, assim, lembrada através dos livros.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

São cerca de 200 as lombadas que preenchem as prateleiras da biblioteca do hotel. Entre elas, as de “Os Maias” e “O Crime do Padre Amaro”, editados em espanhol, e “O Primo Basílio”, em inglês. A coleção tem, maioritariamente, romances, de autores estrangeiros como Edgar Allan Poe e Håkan Nesser, entre outros, mas também há espaço para títulos nacionais, tais como “As Duas Sombras do Rio”, de João Paulo Borges Coelho, e “Retalhos da Vida de Um Médico” e “Cidade Solitária”, ambos de Fernando Namora. Volumes para todos os gostos e estados de espírito.

Inicialmente angariados em alfarrabistas, os livros vão e vêm à medida que alguns hóspedes os levam por empréstimo, substituindo-os por outros, como se estivessem na própria casa. “É algo que nós incentivamos”, diz Ana Rodrigues, do Marketing do Heritage, explicando que os que estão guardados num móvel foram autografados pelos escritores que pernoitaram no hotel. Decorada por Graça Viterbo com grandes cadeirões, mesas e quadros, a biblioteca convida a deixar o tempo voar e tem janela para o jardim da casa, tomada por uma trepadeira centenária.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)


Um hotel habitado por escritores

Alberto Manguel, escritor, tradutor, ensaísta e editor argentino-canadiano, tem ajudado bastante a promover o Heritage junto da comunidade literária, fazendo dele, com frequência, a sua casa em Lisboa. Um dos motivos é a criação do futuro Centro de Estudos da História da Leitura, que contará com 40 mil livros doados, no Palacete dos Marqueses de Pombal (em recuperação). A biblioteca é usada para gravar os mais diversos programas culturais e entrevistas a escritores.


Heritage As Janelas Verdes
Rua das Janelas Verdes, 47
Tel.: 213 968 143
Web: lisbonheritagehotels.com
Quarto duplo a partir de 140 euros/noite, com pequeno-almoço.




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