Da cidade à praia: 5 escolas para aprender a montar a cavalo na Grande Lisboa

A Escola de Equitação Rui Barroso é um projeto de família. (Fotografia de Orlando Almeida/GI)
De Lisboa a Alverca, Quinta da Marinha e Azeitão, passando pela Comporta, são vários os centros de equitação próximos da Grande Lisboa onde se pode montar a cavalo por puro lazer ou em contexto de aprendizagem. Conheça estas escolas.

Escola de Equitação Rui Barroso
Ambiente familiar num parque natural

 

A primeira vez que montou a cavalo já foi tarde, no início da idade adulta. Mas desde os seus 20 anos nunca mais parou. Até porque “a paixão pelos animais sempre a tive”, explica Rui Barroso, dono da escola equestre de Cascais que batizou com o seu nome e que gere em ambiente familiar, com a ajuda da mulher, Rosário, e dos dois filhos, Luís e Rui.

“Foi uma progressão natural, os meus filhos aprenderam a montar aqui, cresceram aqui. Este é um projeto de vida, passamos mais tempo na escola do que em casa”, conta. Situada no sossego da Quinta da Marinha, em pleno Parque Natural Sintra-Cascais e com amplos picadeiros com vista para a serra, a Escola de Equitação funciona há década e meia.

(Fotografia de Orlando Almeida/GI)

Foi na escola que funcionou nestas instalações que Rui trabalhou, antes de a comprar. Ainda chegou a trabalhar um ano no ramo imobiliário, mas o mundo equestre falou mais alto. “Tenho a vantagem de fazer o que gosto, num sítio bonito como este. As paixões não se explicam, já nascemos com elas”, diz. Num dia intenso de trabalho, chega a entrar às 8h30 e a sair às 21h. “E é porque eu lhe peço para vir para casa”, ri-se a companheira, Rosário.

Aqui, fazem-se aulas para todas as idades, a partir dos seis anos, que vão dos 30 aos 50 minutos. No nível de iniciação, trabalha-se equilíbrio e posições, até que o aluno se torne autónomo em cima do cavalo, mas também há aulas de saltos de obstáculos e outras para experientes, que procuram a competição, como é o caso de alunos que aqui estão há 15 anos.

Rui e Rosário têm a seu cargo cerca de 20 cavalos, lusitanos, cruzados e de raças europeias – “cada um com o seu próprio caráter, como nós”, conta o dono. O V Glamour é o mais velho, com 20 anos, e o pequeno Quimba, com apenas dois meses, o mais novo. Mas também ali estão o Garibaldi, a Luísa, o Boneco e o Jazz, por exemplo. Em comum, têm a atenção e os cuidados diários de Rui e Rosário. “Começa-se pela alimentação, com feno, granulado e água, depois limpamos as camas, limpamos o cavalo, dos cascos ao pelo, crina, rabada e depois vêm os exercícios. O cavalo também é um atleta”, diz Rui.

O facto de ser um desporto ao ar livre e individual resultou numa maior procura no pós-confinamento, o que fez com que a escola nunca tenha fechado. Mas também pelas vantagens que traz. “A equitação trabalha a auto-confiança dos mais novos, a concentração, o sentido de responsabilidade. Nas aulas, em especial com as crianças, cria-se um ambiente mágico”, explica Rosário, que tem alunos com autismo e paralisia cerebral nesta que é a única escola do Centro Hípico da Quinta da Marinha com o selo de certificação da Federação Equestre Portuguesa.

 

Passeios na serra e dunas

Além das aulas, a escola organiza passeios a cavalo nesta zona, pelas dunas do Guincho e pelos trilhos da Peninha, ponto alto da serra de Sintra.


A Ninfa – Academia Equestre
Uma paixão transformada em escola

 

O nome da academia lembra a égua Ninfa que Cláudia Lopes comprou com as suas poupanças, numa altura em que os pais não encaravam a área equestre como um futuro profissional. Tinha 13 anos. “Eu sempre disse que queria cavalos. Lembro-me de ler um livro que era a “Anita a Cavalo” e tenho fotografias de mim, com dois anos, montada num pónei numa feira. Mas na família ninguém tinha cavalos”, conta na academia equestre que gere na Quinta do Picão.

Cláudia deu muitas voltas até chegar à gestão desta escola, há cinco anos. Mas a jovem sempre foi determinada face às decisões dos pais, que preferiram que seguisse Humanidades, no 10º ano, em vez do curso profissional de gestão equina que ambicionava. “Disseram para esquecer o assunto e manter os cavalos como hobby”, recorda. Ainda assim, começou a treinar numa escola na Sobreda, perto do local onde morava. A certa altura conheceu o seu primeiro professor, Manuel Veiga, num festival hípico, o que a levou a pedir à mãe para ir experimentar depois uma aula em Palmela, “como prenda de aniversário”. “Não foi muito fácil”, admite. E em pouco tempo, Cláudia Lopes saltou das aulas para as provas.

Com interrupções – chegou a trabalhar num centro comercial – a interação com os cavalos manteve-se, especialmente na academia militar do Exército, onde esteve seis anos e foi chefe da cavalaria. Porém, na GNR montada, em que havia sido admitida, nunca chegou a entrar por já dar aulas na altura em que a chamaram. Cláudia tirou o curso de treinadora de equitação e começou a trabalhar no Convento de São Domingos, investindo depois na procura de um espaço em que pudesse trabalhar à sua maneira. Assim nasceu a Ninfa, na então “meio abandonada” Quinta do Picão, em homenagem à égua da qual perdeu o rasto, e que terá hoje a idade avançada de “24 ou 25 anos”. No quotidiano da academia, Cláudia tem a ajuda de Catarina, de 20 anos, natural de Azeitão e cuja história tem pontos em comum.

Um deles é a paixão pelos cavalos, que a faz estar ali todo o ano, a dar aulas para alunos dos “3 aos 60 anos” (a média de idades situa-se nos 15). As inscrições para este ano letivo estão abertas para aulas das modalidades de dressage (ensino) e obstáculos. Quem não tem experiência, frequenta as aulas de iniciação (volteio) para aprender a andar em cima do cavalo e a controlá-lo a passo, trote e galope, o que é feito com uma guia controlada pelo treinador, num dos picadeiros. Só numa fase posterior o cavaleiro passa a controlar o animal sozinho e pode avançar para as modalidades.

(Fotografia de Paulo Spranger/GI)

A Ninfa tem sete cavalos vocacionados para aulas, de um total de 27 bonitos animais, o mais novo com um ano. “Quando os alunos já são autónomos, eles é que tiram o cavalo da box, fazem o maneio, tratam dos cascos, lavam e escovam os cavalos”, explica Cláudia Lopes. Outro serviço são os cavalos a penso, ou seja, deixar um cavalo particular ao cuidado da escola, com despesas de veterinário e ferrações pagas à parte.

Os quatro picadeiros (um coberto), a pista de obstáculos e de dressage e as boxes encontram-se protegidos por uma mancha de árvores frondosas, numa propriedade próxima de Vila Nogueira de Azeitão. À chegada, é comum a cadela Diana (um dogue alemão) dar uma lambidela de boas-vindas a quem não conhece, ou dar-se de caras com a porca Piggy, outros cães e gatos. Tudo em paz e harmonia.

 

Sessões de hipoterapia
A escola dá aulas de hipoterapia a crianças com trissomia 21 e défice de atenção, entre outros, estando comprovados os benefícios da interação com os animais nestes casos.


Cavalos na Areia
Passear e aprender nas dunas

 

Perdem-se de vista os limites dos campos de arroz à medida que os cavalos avançam, numa fila vagarosa, em direção às dunas que separam a aldeia da Comporta das ondas do Atlântico. Passados os canais de irrigação, há que manter o equilíbrio em cima dos animais – que inspiram absoluta segurança -, no momento em que sobem pela areia branca e espessa. Aí estende-se uma duna imensa de vegetação rasteira. Poucos minutos depois, surge um contraste de brancura e profundo azul, numa praia deserta.

Foi este cenário na Reserva Natural do Estuário do Sado que atraiu José Ribeira para a Comporta e o levou a instalar a empresa Cavalos na Areia, primeiro num antigo armazém de arroz, depois nas atuais instalações na localidade vizinha de Torre, onde guarda 30 animais. “Fomos pioneiros”, diz José, ele que largara então uma carreira no setor imobiliário para fundar este projeto, numa altura em que o país estava em crise económica e a oferta de turismo equestre era quase inexistente.

“Sempre tive o sonho de regressar ao campo”, conta a olhar para Vento, o seu cavalo branco “já reformado”. “O meu pai era agricultor numa quinta em Santarém e por isso sempre lidei com cavalos. Nasci praticamente em cima de um cavalo”, graceja. Atualmente já não monta com regularidade, mas seleciona os animais, treinando-os para que possam proporcionar uma experiência confortável e segura a qualquer pessoa – a maioria, quando ali chega, nunca teve qualquer contacto.

Muito entusiasmantes são os momentos em que cavalos seguem perto da zona de rebentação, com a espuma das ondas a refrescar-lhes as pernas, e em que vão a galope, conduzidos pelas pessoas mais experientes. À frente e atrás, conforme o número de participantes, seguem os guias Damas Teixeira, Luís Almada ou Miguel Guerreiro, atentos e comunicativos, para que o passeio se desenrole a um ritmo constante e sem percalços. São também eles, e Maria, que dão as aulas de equitação, sobretudo procuradas por crianças e jovens (a partir dos 11 anos).

(Fotografia de Annette Monheim/GI)

Celebrizada por figuras como Shakira, Ronaldo e Madonna, a Cavalos na Areia não parou, entretanto, de crescer. Em 2017 expandiu-se para o Hotel Casa Palmela, na Quinta do Esteval, na Arrábida (Setúbal), e agora está também na Quinta da Lagoalva de Cima, em Alpiarça, casando o turismo equestre com o enoturismo.

Outros serviços
A empresa também tem o serviço de cavalos a penso e aluga canoas para passeios no principal canal de irrigação dos arrozais.

 

+ escolas em Lisboa

Todos a Galope (Lisboa)
Foi apoiada numa missão de inclusão social que a associação abriu a escola de equitação há quatro anos, no Centro Hípico de Monsanto, Benfica, que já soma 120 alunos. Para além de ter realizado um estudo científico sobre o impacto das atividades equestres nas crianças em risco de exclusão, em cada quatro inscrições, a Todos a Galope oferece uma vaga a uma instituição. Há aulas para iniciados e experientes, dirigidas a qualquer maior de seis anos, aulas de equitação etológica, focada no comportamento do cavalo, passeios pelo Parque de Monsanto e coaching com cavalos.

Morgado Lusitano (Alverca)
Está situada em plena região vitivinícola de Bucelas, perto de Alverca, e estende-se ao longo de 34 hectares em ambiente rural, com vista Tejo. Os dois picadeiros servem as aulas de iniciação e com experiência a galope dos lusitanos, para qualquer idade, após os seis anos. Além do ensino com instrutores, na Quinta da Portela fazem-se experiências de team building e batismos equestres, mas também passeios pela herdade, datada do século XVIII e pacotes de férias equestres, com aulas e alojamento nesta quinta com piscina, biblioteca e jardins.

 

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